Intervenção de

República Popular Democrática da Coreia - Intervenção de Bernardino Soares na AR

Voto n.º 73/X, de condenação da República Popular Democrática da Coreia, na sequência da realização de um teste nuclear

 

Sr. Presidente,

Queria, sobre o voto em apreciação, dizer que o PCP reafirma a sua posição de defesa do desmantelamento geral das armas nucleares, pondo fim ao caminho iniciado na Segunda Guerra Mundial pelos Estados Unidos da América. Este caminho, recordo, já teve - pelo menos, que saibamos - 2420 ensaios nucleares, tendo sido 1127 realizados pelos Estados Unidos da América, 969 pela URSS, 210 pela França, 57 pelo Reino Unido, 44 pela China, 6 pela Índia, 6 pelo Paquistão e agora 1 pela Coreia do Norte.

O que não aceitamos é a utilização por muitos, designadamente pela administração norte-americana - o único país, lembre-se, que usou a bomba nuclear -, de dois pesos e duas medidas em relação ao princípio da desnuclearização, que serve quando é útil para os seus interesses de imposição de domínio intervencionista e imperialista nos mais diversos cantos do mundo, mas que já não serve quando põe em causa os seus interesses ou os dos seus aliados. Não aceitamos, pois, as concepções que usam a condenação dos ensaios nucleares (e deste, em particular) apenas como um instrumento, aliás cinicamente usado, para fazer avançar o domínio estratégico dos Estados Unidos e dos seus aliados na região.

Sendo certo que este voto, apesar de reformulado, enferma ainda desta visão parcial e instrumental da condenação, que ficou, aliás, amplamente esclarecida pelas intervenções do PSD e especialmente do CDS,  não podemos estar de acordo com ele.

Continuaremos a defender o regresso às conversações multilaterais, invertendo o indesejável isolamento internacional da Coreia do Norte - de resto, referido no voto -, com vista à desmilitarização e reunificação da península da Coreia, reconhecendo ao seu povo o direito à paz e ao progresso como factor essencial para a paz na região.

Termino, Sr. Presidente, dizendo ao Sr. Deputado Nuno Melo que a intervenção que proferiu fez-me lembrar um velho lema do Partido Socialista, que dizia mais ou menos isto: «Quanto mais a luta aquece, mais força tem o PS»!

Dizia-o o Partido Socialista, dizia-o Mário Soares e José Sócrates.

Ora, ao ouvir o CDS sempre tão entusiasmado com esta temática da Coreia do Norte, penso que podemos adoptar aquela mesma máxima e dizer, olhando para a situação actual e para o ênfase que o CDS põe nesta questão: «Quanto mais a Coreia aparece, mais aflito está o CDS»!

 

 

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