Intervenção de

Relatório Fraisse - As mulheres e o desporto<br />Intervenção de Ilda Figueiredo

Foi a pressão e luta de algumas mulheres que levou a que, em 1928, o Comité Olímpico Internacional finalmente admitisse a participação de mulheres nos Jogos Olímpicos, através do atletismo, e apenas em poucas provas. Por exemplo, apenas em 1964 foram introduzidos os 800 metros. Foi a pressão de muitas mulheres, atletas e treinadoras, as suas irreverências e a sua luta, que ocasionaram, aqui e ali, algumas cedências da parte das organizações desportivas altamente misóginas. Abriram um caminho que aqui saudamos, no debate deste relatório, que apoio, de iniciativa da relatora Genevieve Fraisse, a quem cumprimento pelo excelente trabalho realizado, e a quem agradeço a inclusão de propostas que apresentei. Sabemos que há uma enorme diversidade de situações das mulheres no desporto dentro do espaço da União Europeia, designadamente entre os países do Norte e do Sul, embora seja muita baixa a média das mulheres e das raparigas que declaram praticar regularmente uma actividade física e desportiva, respectivamente apenas 16 % e 37%. Daí que sublinhe como particularmente importante a defesa do reconhecimento do desporto feminino como expressão do direito à igualdade e à liberdade de todas as mulheres disporem do seu corpo e de se inserirem no espaço público, independentemente da nacionalidade, idade, orientação sexual, religião e deficiências. O que implica que os Estados-membros e a União Europeia tomem as medidas necessárias para assegurar a igualdade de acesso de homens e mulheres à prática desportiva a todos os níveis e em todas as etapas da vida, independentemente do meio social, e se dê particular importância às pessoas com deficiências mentais ou físicas, junto das quais é importante promover o desporto e a actividade física, como se afirma no relatório. Congratulo-me com o que a Senhora Comissária aqui reafirmou sobre isto e espero que não se fiquem apenas pelo Ano Europeu das pessoas com deficiência. Daí também a importância de aproveitar os vários instrumentos jurídicos e financeiros para promover e apoiar o desporto feminino. Mas impõe-se, que se dê maior destaque à educação física e desportiva, se criem melhores condições para as mulheres atletas e se garanta a igualdade de direitos no desporto de alta competição, em todos os planos, incluindo na tomada de decisão e na criação de condições para a reinserção social activa no final das carreiras desportivas das mulheres atletas.

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