Declaração de voto de Sandra Pereira no Parlamento Europeu

Relatório anual de 2018 sobre os direitos humanos e a democracia no mundo e a política da União Europeia nesta matéria

A defesa dos direitos humanos e a promoção da democracia têm sido o pretexto para a UE aumentar a sua capacidade de interferência noutros países e regiões, buscando o alargamento da sua influência geoestratégica e a abertura a novos mercados, submetidos a novas formas de colonialismo. Este relatório reflete maioritariamente demandas universalistas, como o respeito ao multilateralismo, à defesa das minorias étnicas, dos LGBTQI+, dos direitos das mulheres e das crianças, da liberdade de imprensa e expressão, do fim das práticas de tortura e da promoção da paz e da cooperação. Preocupa-nos, no entanto, o que omite. A defesa dos direitos humanos e da democracia pela UE é seletiva. Só se revela e releva o que interessa às aspirações dos mercados, sobretudo em países que escapam ao seu domínio. Isso é objetivo na lista dos anexos, onde são expressos os casos individuais e os países sobre os quais houve algum tipo de intervenção. De fora ficam os países onde a UE já está instalada, os que servem os seus intentos. De fora fica também a ação da UE enquanto agente de violação dos direitos humanos, como nos casos da gestão da crise dos refugiados ou na promoção de conflitos políticos e militares. Apoiar este relatório seria um ato de hipocrisia.

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