&quot;Reflectir o futuro&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;<span class="titulo2"><span class="titulo2"><span class="titulo2">

Tratando-se de uma companhia de teatro, seria de esperar que O Bando comemorasse os seus 30 anos de vida, que ontem se completaram, com um programa de pública visibilidade e impacto. O que, de resto, nem lhe seria difícil, bastaria recorrer à arca do património... O grupo de João Brites optou porém por um diferente tipo de iniciativa: na «quinta» onde se instalou a escassos quilómetros de Palmela, reuniu actuais e antigos elementos, convidados de diversas nacionalidades para o que designou por uma Retrospectiva e Jornada de Reflexão.O facto de O Bando ser uma companhia particularmente interventora do ponto de vista cultural e político não significa que o seu trabalho ao longo de três décadas tenha privilegiado a componente de maior espectacularidade e impacto em detrimento de uma mais convencional elaboração estética e teórica. De certa forma, pelo contrário: o seu pioneirismo em muitas áreas (do até então quase inexistente teatro de rua ao radicalismo ideológico das suas propostas) só terá sido possível mediante um constante enlace de uma prática muito própria com uma reflexão que a sustentasse.Trinta anos decorridos, quando se modificaram muitos dos paradigmas políticos, culturais e sociais do Portugal que viu nascer O Bando, é particularmente saudável que o acto festivo de uma comemoração se traduza num balanço e numa reflexão. É uma exemplar garantia de futuro.