&quot;&laquo;Are you entertained?!&raquo;&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

Segundo parece, o filme de Oliver Stone sobre Alexandre o Grande promete transformar-se num fiasco. Possivelmente, assim se fecha um ciclo. Há escassos anos, a crítica dava conta do retorno da temática com O Gladiador. Recordaram-se então as glórias de Cecil B. De Mille, os argumentos bíblicos e da Roma imperial na década de 50, as grandes produções, as massas de figurantes. Coisas ultrapassadas: admita-se, o êxito de O Gladiador surpreendeu muita gente que considerara esgotadas as imagens de centuriões blindados e figuras femininas alternando entre a seda e o burel.Mas a verdade é que um primitivo universo guerreiro (porque é em torno de guerras que todos estes argumentos gravitam) situado entre uma Antiguidade Clássica e uma Idade Média mais ou menos ficcionadas ocupou os ecrãs nos últimos cinco anos. De Tróia ao Senhor dos Anéis, dos vikings a Joana d'Arc, de William Wallace a Jesus Cristo, o cinema partiu à reconquista de imagens de aventura e violência francamente mais apresentáveis do que as quotidianamente trazidas pela televisão.Alexandre da Macedónia parece não ter construído Abu Ghraib, e Menelau, contrariamente a Bush em Bagdad, parece não ter tido acesso a mísseis inteligentes em Tróia. Apetece perguntar, como, numa feroz e soberba sequência, Russel Crowe em O Gladiador: «Are you entertained?!»Isto é: «Estão a divertir-se?!»