&quot;Cabalas&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

Ninguém negará a José Pacheco Pereira méritos e argúcia nas análises sobre a Comunicação Social a que diligentemente se dedica. Contudo, a sua última exegese (conspicuamente titulada de «autópsia»...) sobre a questão das cartas anónimas no processo Casa Pia corre o risco de ser um estrondoso arrombar de portas abertas - ou pior.Que as violações do segredo de justiça, uma constante de toda esta novela (e doutras), servem objectivos é, como descreve com felicidade Miguel Sousa Tavares, uma evidência do tamanho do mundo.Umas inconfidências servem uns objectivos, outras e simétricas servirão outros e simétricos objectivos - e por aí fora.Mas o mais recente exercício de Pacheco Pereira visa demonstrar que a revelação do Jornal de Notícias, podendo ser atribuída a fontes da defesa, igualmente visaria descredibilizar toda a acusação para também aliviar a pressão decorrente de serem da área socialista a maioria dos nomes envolvidos. Ou seja, haveria aqui mãozinha da defesa,mas também mãozinha socialista.Isto é, a teoria da cabala - só que ao contrário!Admitindo-se que haja seriedade, seria de esperar mais clarividência.