&quot;A indignação alastra &quot;<br />Honório Novo no &quot;Jornal de Notícias&quot;

A paralisação de ontem na Administração Pública atingiu proporções que o Governo não esperaria, mas que traduz bem a repulsa generalizada que as políticas do PSD e do CDS estão a gerar. Os números confirmam-no, o encerramento de escolas, câmaras e muitos outros serviços públicos em zonas do país onde é mais difícil a mobilização das pessoas comprovam-no de forma clara. Até mesmo o facto de alguns responsáveis terem afirmado ser necessário esperar pelas "justificações de faltas a entregar nos próximos dias", mostra bem quanto o Governo estremeceu sob a força da indignação de tantos milhares de trabalhadores unidos na sua oposição a estas políticas e na sua luta pelo direito ao emprego e por melhores condições de vida. Também ontem ocorreu mais um dia na dramática luta dos 450 trabalhadores da Brax Portuguesa. Lutam pelo direito ao trabalho e pelo direito a verem-se ao menos compensados por anos e anos de uma relação laboral interrompida pela fria decisão de uma multinacional que se quer deslocalizar para um qualquer lugar onde se ganhe ainda menos que em Portugal.São mais algumas centenas de desempregados que mostram bem o que significa a retoma de que fala o primeiro-ministro. São mais algumas centenas sem trabalho, num país onde é já de quase meio milhão o rasto de desemprego deixado pela política de um Governo que afronta quem trabalha. E no caso da Brax esta afronta até passou pelo facto do encerramento da empresa ter sido anunciado quando o primeiro-ministro e a sua comitiva estavam em fim-de-semana no Porto, propagandeando investimentos a concretizar lá para 2010! Não haveria, ao menos, um chefe de gabinete para tomar "conta da ocorrência" da Brax e ter uma palavra que fosse para com o drama daqueles trabalhadores?

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