"Um desvio social-democratizante"


Numa entrevista dada ao Expresso (19/12/98) o actual ministro da Economia, Pina Moura, afirmou: "Há dez anos, nós rompemos com o ideário comunista e o processo que procurámos desenvolver e que foi derrotado foi uma evolução de sentido social-democrata no PCP. Para usar o léxico comunista, assumimos um desvio social-democratizante".
Foi uma "ousadia". Durante o período em que um grupo Foi uma "ousadia". Durante o período em que um grupo de membros do Partido, alguns deles membros do seu Comité Central, procuraram que o PCP perdesse a sua identidade e o seu projecto, nunca afirmaram, claro, que o que pretendiam era torná-lo um partido social-democrático. Em Portugal já havia o PS e o PSD, que dizem defender a social-democracia. Seria mais outro...
É natural que, no PCP, a sua atitude tenha sido classificada como, agora, bem instalado num partido social-democrático, o próprio a classifica.
É claro e natural, que outros que faziam parte do mesmo grupo não tenham gostado daquela "ousadia".
Num artigo da revista do Expresso (9/5/98) sobre a vida de Pina Moura, é interessante o que o jornalista Miguel Portas refere sobre a geração dos 40 anos, Miguel Portas que foi também membro do Partido e é dessa geração.
"A geração então próxima dos 40 anos, a geração da UEC, está a preparar-se para mais 30 anos de espera. Está cansada e, sobretudo, está a perder. Não vê que os lugares que vão ficando vagos acima sobrem para ela. Ou as pessoas saem ainda a tempo de se reconverterem política ou profissionalmente ou tentam mudar por dentro".
A utopia e a realidade....


«O Militante» Nº 239- Março / Abril - 1999