"O
fascínio da direita"
O director-adjunto do Diário de Notícias, António
Ribeiro Ferreira, assina, com este título, um editorial de
29/1/99, esclarecedor sobre o PS. Vale a pena lê-lo. Publicamos
quase todo o seu conteúdo.
"(...) A história das políticas de direita do PS não é
nova. É, pelo contrário, tão velha como a democracia. Quem
não se recorda dos tempos épicos de 75, quando o partido do
Largo do Rato se orgulhava de ter nas suas fileiras homens e
mulheres de direita que encontraram nos socialistas o porto de
abrigo contra as ameaças revolucionárias e comunistas? Quem
não se lembra da célebre "lei Barreto", que liquidou
a reforma agrária tão querida do PCP? Quem não se lembra dos
contratos a prazo e das alterações à legislação laboral,
matérias tão queridas do patronato e que o PS se encarregou de
pôr em prática com zelo e fervor? Quem não se lembra dos
"disponíveis" da função pública, criados pelo bloco
central? Quem não se lembra, afinal, das medidas tomadas nesses
tempos negros do Governo PS/PSD, dos salários em atraso, da fome
e do desemprego?
A verdade é que o PS, em nome de muitas coisa, até do interesse
nacional, tem sido o partido querido dos grupos económicos e
financeiros. Com os socialistas no Poder, os velhos direitos dos
trabalhadores são alterados e os negócios correm, normalmente,
sobre rodas. A "vampirização" da direita começou com
Soares, continua com Guterres e não será esquecida pelo seu
sucessor. Mal ou bem, o PS foi, é e será sempre uma empregada
fiel e dedicada da direita. Arruma os quartos, limpa as casas de
banho, passa a roupa a ferro, vai às compras, leva os meninos à
escola e ainda tem tempo para cozinhar pratos requintados,
servidos com desvelo a todos os que têm o privilégio de se
sentar à mesa do orçamento"..
«O Militante» Nº 239 - Março / Abril - 1999