Melhorar a organização
e a actividade eleitoral



Já em Junho próximo, no dia 13, vão realizar-se as eleições para o Parlamento Europeu (PE). O resultado dessas eleições vai, decerto, influenciar as eleições que se realizam em Outubro e que são as Legislativas.
Temos, desde já, de mobilizar as mais diversas organizações para as próximas tarefas eleitorais. Para além da preparação do programa de candidatura da CDU e da escolha dos candidatos, a tarefa principal que as organizações do Partido e os seus membros em geral devem levar à prática é a de desenvolverem uma intensa e muito ampla campanha de esclarecimento e de obtenção de votos para a CDU.


É preciso lutar contra a abstenção

Há que ter presente que, em 1994, a abstenção nas eleições para o PE (também em Abril desse ano) atingiu um nível muito elevado (64,5%) e a CDU sofreu também muito com isso.
Repare-se que nas eleições para as autarquias, realizadas quatro meses antes (Dezembro de 1993), a abstenção foi de 36,6% e a CDU obteve quase 701 mil votos (13%). Em Abril seguinte, a CDU obteve somente menos de 340 mil votos (11,2%) (ou um pouco mais de 340 mil se juntarmos os votos obtidos entre os emigrantes nos países da União Europeia inscritos no recenseamento nacional).
É uma diferença colossal que se explica, antes de mais, pela diferença de interesse que os eleitores portugueses têm por umas e outras eleições. Quer dizer que, se o interesse pelas eleições para o PE é muito reduzido entre nós (nos outros países da UE a abstenção é também, em geral, muito grande), vai ser necessário um particular esforço dos membros do Partido para convencermos os eleitores que votam CDU para não se absterem.


Aproveitar o objectivo eleitoral para fortalecer a organização

Ao mesmo tempo que se preparam as organizações para a campanha eleitoral é necessário, por um lado, explicar a importância das eleições, o interesse em o Partido ter um bom resultado de modo a eleger mais deputados do que os que tem actualmente (são três) e a possibilidade de, com a militância dos comunistas, poder combater melhor do que os outros partidos o desinteressse de muitos eleitores. Por outro lado, aproveitando o estímulo das eleições, é preciso debater mais os problemas orgânicos, as deficiências existentes na formação dos quadros e na estrutura da organização, ganhar mais membros do Partido para o contacto com outros camaradas, criar novos organismos ou alargá-los, envolver organizadamente muitos mais membros do Partido e outros democratas apoiantes da CDU e incentivá-los para que, junto dos seus companheiros de trabalho, vizinhos e conhecidos, dialoguem, consciencializem e influenciem.
Dito de outra forma: há dois factores particularmente importantes para se obter um bom resultado eleitoral. Por um lado, dedicar muitos esforços para melhorar a organização, na base da militância de um maior número de camaradas e de uma estrutura mais ampla capaz de enquadrar mais membros do Partido. Por outro lado, dedicar muita atenção para conseguir voltar as organizações, cada um dos seus membros, para fora, isto é, para os que não são comunistas, de modo a convencê-los da importância, da necessidade, do voto na CDU.
A preocupação com as eleições não tem nada contra o fortalecimento da organização. Se se souber dirigir bem, aquela preocupação e este fortalecimento podem ajudar-se mutuamente.


Outro factor que incentiva a abstenção

Há cinco anos, as eleições para o PE foram no dia 12 de Junho. Como se sabe, o dia 10 de Junho é feriado, o dia 11 foi sábado, o 12 domingo e o 13, que foi segunda feira, é também feriado em Lisboa e alguns outros concelhos. Por isso a abstenção foi ainda mais sentida em Lisboa e em concelhos da Margem Sul, porque muitos eleitores trabalham em Lisboa.
Este ano, é certo que o dia 13 é domingo e que, a seguir ao feriado, que é a 10, ainda há um dia de trabalho. Mas muitos conseguem a ponte e têm tendência em deslocar-se para fora dos grandes centros para aproveitarem os quatro dias livres.
É mais um factor que pode tender a aumentar a abstenção. É mais uma questão que tem de ser encarada no esforço que há que realizar para que os eleitores votem no dia 13 de Junho.

Havia quem pensasse e dissesse, e provavelmente praticasse, que para fazer uma campanha eleitoral punha-se a organização de lado. Como se a organização, em vez de ser a arma mais importante do Partido, fosse um obstáculo à sua actividade.
É certo que a discussão sobre as questões orgânicas ocupam tempo e ocupam os membros do Partido. Mas a organização não é um fim, é um meio. É o meio que temos para levar por diante a nossa actividade. E é a actividade que nos mostra como está a organização.
Isto quer dizer que temos sempre de acompanhar as condições orgânicas que existem e a forma de as melhorar. Assim como temos sempre de acompanhar a actividade da organização e apreciar essa actividade, de modo a entender o que é necessário melhorar no que respeita à organização.


«O Militante» Nº 239 - Março / Abril - 1999