Ainda o referendo sobre a despenalização do aborto
Católicos criticam membros da Igreja



No primeiro referendo sobre a despenalização do aborto, a direita reaccionária e muitos dirigentes da Igreja em Portugal foram os principais causadores do resultado negativo obtido.
Hoje sabe-se que tal resultado (de um atraso de mais anos sobre um problema social tão sentido no nosso País) - para além das várias razões que já foram colocadas em muitos lados e aqui, no próprio O Militante -, foi também influenciado por graves fraudes no referendo. Numa intervenção da camarada Ana Serrano publicada no Avante! (24.9.98) referem-se alguns casos:
1) Em freguesias próximas, sempre com a mesma intenção de voto e iguais níveis de abstenção, no referendo uma apresentou 10% de participação e a outra 96%.
2) Eleitores que no dia do referendo se encontravam fora do País, também votaram.
3) Há cadernos de recenseamento que têm, sobre o mesmo eleitor, várias descargas eleitorais no acto referendário.

Mas o que se pretendia aqui referir era uma notícia publicada no DN (8.9.98): "Uma moção apresentada pela Equipa Nacional do Movimento Católico de Estudantes (MCE) durante o XIX Congresso Nacional" critica a actuação de alguns membros da Igreja na campanha para o referendo.
"Nomeadamente dentro da Igreja, contribuiram para a manipulação das intenções de voto", o que é uma demonstração de "fragilidade da democracia".
Criticando os que se envolveram no debate e que, agora "remetem este problema novamente para a clandestinidade", os jovens católicos exigem que "assumam, imediatamente, as suas responsabilidades".


«O Militante» Nº 237 - Novembro / Dezembro - 1998