Melhorar-reforçar a organização



Quando se afirma que a organização é a principal arma do Partido está-se a ter em conta que é através dos membros do Partido organizados que, principalmente, podemos (e devemos) influenciar os companheiros de trabalho, aqueles com que convivemos e tantas outras pessoas que conhecemos.
É a elevação da nossa influência que permite ganhar para as nossas ideias e os nossos objectivos aqueles que trabalham connosco no mesmo local, que habitam na zona onde vivemos, que pertencem à área em que actua a organização de que fazemos parte.
É através da acção organizada dos membros do Partido que se criam condições para a realização de lutas reivindicativas, nos mais diversos sectores, para a conquista de objectivos que lhes interessam, lutas reivindicativas que têm um importante papel na unidade, na consciencialização e na mobilização de massas.

A força de uma organização mede-se pelo número de membros organizados e a sua inserção no meio onde actuam

No número anterior de O Militante foi salientada a importância do conhecimento das características da “nossa” organização, isto é, da organização em que estamos (ou devíamos estar) organizados. E foi referido antes de mais o papel da direcção e da estrutura como aspectos particularmente importantes a acompanhar.
Na verdade, qualquer organização do Partido tem de ser actuante. A sua direcção tem de estar sempre atenta a duas questões fundamentais: uma atenção particular com a estrutura orgânica, que deve procurar organizar o maior número possível de membros da organização, e a ligação destes ao meio onde a organização tem a sua actividade, onde podem exercer a sua influência.
A força de qualquer organização não é medida simplesmente pelo número dos seus membros. É medida pelo número dos seus membros que estão, na verdade, organizados e pela sua actividade para fora do Partido, pela sua influência na esfera de acção da respectiva organização.

É necessário organizar muitos camaradas desligados

Crescem, sem dúvida, as razões para o protesto dos operários e dos trabalhadores em geral, dos agricultores e pescadores, dos reformados, das mulheres, dos estudantes, dos sectores intelectuais, dos pequenos e médios empresários, de todas as camadas antimonopolistas. Não admira, por isso, que a movimentação reivindicativa se tenha claramente ampliado e desenvolvido.
Mas há outras possibilidades de acção reivindicativa que, em muitos casos, só não se têm tornado realidades por dificuldades e deficiências da organização do Partido.
Continua a haver muitos camaradas que não têm qualquer ligação orgânica. Muitos outros resumem a ligação ao pagamento da sua quotização, que é um dos dois deveres fundamentais dos membros do Partido. Mas fica “esquecido” o outro dever fundamental que, no texto dos Estatutos, aparece até antes do pagamento da quotização - é a militância numa das suas organizações.
Actualmente, é necessário, nas organizações do Partido, por vezes até numerosas, que mantêm uma grande parte dos seus membros sem uma verdadeira ligação política, é necessário, repete-se, redobrar os esforços para organizar um maior número dos seus membros.

Exemplos positivos e muito positivos

São numerosos os exemplos de camaradas, que estão desorganizados e não têm iniciativa para procurar a ligação que lhes falta, que recebem com clara satisfação o contacto de um camarada que os procura para estabelecer ou restabelecer essa ligação.
Tem mesmo sucedido, em alguns casos, que não só respondem bem ao contacto feito, como se animam a procurar outros que conhecem e a constituir, desde logo, um colectivo que está disposto a reunir com regularidade e a alargar o número dos seus membros. É assim que se têm restabelecido organizações de sectores que se mantinham desligados, desorganizados, há mais de uma dezena de anos.

Necessária muita persistência

Pode dizer-se que são muito poucos os exemplos daqueles que, sendo procurados, se mostram desinteressados e praticamente deixam de poder ser contados como membros do Partido.
Entretanto, em relação a todos aqueles a quem agrada o contacto realizado para restabelecer a sua ligação - e o facto de ser a grande maioria deve animar a que se continue persistentemente esse esforço orgânico - há muitos que não se mostram dispostos a fazer algum “sacrifício” para fortalecer a ligação conseguida. Aceitarão, tudo leva a crer, a que se volte a bater à porta e a conversar outras vezes, mas não se dispõem a deslocar-se, a “perder tempo” para, por exemplo, comparecerem numa reunião partidária. Nem aparecem mesmo nas reuniões plenárias, que se realizam, muitas vezes, com o objectivo de atrair aqueles que estão mal organizados, que não contam na estrutura organizada do Partido.
Mas há exemplos que vão mostrando que a insistência tem demovido alguns, tem-nos levado a compreender que a participação numa reunião regular (a frequência pode ser decidida pelo colectivo) do Partido ajuda qualquer comunista pela oportunidade que dá para apresentar os seus pontos de vista, para ouvir os dos outros, para debater questões importantes, para elevar a consciência política, para melhor poder cumprir o dever fundamental da militância, definidor de um comunista.

O reforço da organização é indispensável para ampliar a nossa influência, para alargar e intensificar a acção reivindicativa, para criar condições que apontem para uma alternativa de esquerda.
«O Militante» Nº 237 - Novembro / Dezembro - 1998