Vitorino foi "ilibado"?
Como geralmente se sabe o ex-ministro
da Defesa e também ex-ministro da Presidência, António
Vitorino, pediu a demissão quando um jornalista do
Público lhe mandou uma pergunta sobre uma compra que tinha
feito de uma propriedade no Alentejo.
Foi muito elogiado por se ter demitido por uma questão
considerada tão pequena. Talvez melhor que os outros, António
Vitorino conhecia a questão. E a questão era a de ter dito nas
Finanças que a compra tinha tido o valor de 3 mil contos quando
a verdade é que fora de 7.500 contos.
No Diário de Notícias (16/4/98) diz-se, em título,
que Vitorino foi "ilibado". Não é verdade. É o que
também refere uma carta na secção "Meu caro DN", de
Norberto Augusto Seixas que discorda "da mensagem que, pelo
menos subliminarmente, o Director do DN deixa
transparecer (no seu editorial O caso Vitorino e os media),
ou seja que o cidadão António Vitorino não cometeu qualquer
falta. Bem pelo contrário, praticou um negócio simulado e
cometeu um crime de falsas declarações".
Levanta ainda uma outra questão: "Não é crível que umas
pequenas paredes completamente em ruínas - um prédio urbano -
valessem 4.500 contos e 22 hectares de terras - um prédio
rústico - valessem apenas 3 mil. Portanto, seguramente, também
o fisco foi lesado pela arbitrária distribuição do preço pela
parte urbana e rústica".
Aliás o Expresso de 18/4/98 diz, mais correctamente,
que a Procuradoria Geral da República "(...) não vê
motivo para abrir um inquérito ao facto de o ex-ministro ter
declarado às Finanças menos 4.500 contos que o real preço do
terreno."