Aproveitamentos, aproveitadores
O exemplo de Agustina Bessa Luís, que,
durante quatro anos, esteve a receber um vencimento de
sub-director-geral, com carro e motorista, por ocupar um cargo
que praticamente não existia, sem funções distribuídas e
fazendo parte de um organismo que não tinha instalações, foi
referido por Miguel Sousa Tavares no Público
(6/3/98). Segundo aí é dito, só no ano passado, o
motorista do Estado a seu serviço facturou 750 contos em horas
extraordinárias e ela apresentou cerca de mil contos de despesas
de viagem.
Parece que este caso ainda ultrapassa aquilo que se tornou
conhecido da parte de deputados de alguns partidos, que
apresentavam grandes despesas de viagens que não faziam ou que
nenhuma relação tinham com a sua qualidade de representantes
do povo. E, agora de novo, o mesmo fenómeno
surge na Assembleia da República.
Mas há muitos outros casos de personalidades que recebem
ordenados de cargos que não cumprem ou de consultadorias que na
prática não existem.
Vivemos numa sociedade em que o nepotismo e a corrupção
campeiam e atingem as mais altas esferas.
O desmascaramento destas situações é importante, embora haja,
decerto, muitos e muitos casos que estão perfeitamente
escondidos.