No reino do Parlamento Europeu...
O Avante! de 26/2/98 relata alguns casos de votos
expressos pelos eurodeputados portugueses sobre questões
relacionadas com os "Direitos humanos na União
Europeia", entre os quais os dois seguintes:
- Proposta de "organizar em 1998 uma jornada europeia de
comemoração do 150º aniversário de abolição da
escravatura" (emenda 39).
PCP a favor; PS, PSD (à excepção de Helena Vaz da Silva)
e PP contra (com toda a extrema-direita). A emenda foi rejeitada.
- Proposta de que o PE faça "uma alteração ao
Regimento, que permita sancionar os deputados europeus que façam
declarações racistas no exercício das suas funções"
(emenda 37).
PCP e PS a favor; PSD e PP contra (com toda a extrema-direita). A
emenda foi rejeitada por quatro votos.
É sobre estes dois casos que o Público (23/2/98)
também faz uma notícia intitulada "Votos cruzados".
Informa de modo igual, naturalmente, os votos dos diversos grupos
(diz ainda que o voto de Helena Vaz da Silva foi de
abstenção) mas acrescenta as respostas dadas à pergunta
sobre as razões dos seus votos.
A deputada do PP Celeste Cardona, em relação à emenda
39, "não conseguiu explicar ao Público porque é
que a sua bancada tinha votado assim" (!) e em relação à
outra emenda explicou que o processo de eleição para o PE
"exclui, naturalmente (!), aqueles que produzem
declarações racistas".
Além disso, o Público explica que "quase todas as
votações no PE são decididas pelos núcleos de dirigentes dos
partidos europeus em que os representantes dos partidos nacionais
se integram".
Cada deputado tem uma espécie de cábula com o seu sentido de
voto e precisa estar muito atento para votar fora da indicação
do seu grupo. António Campos, do PS, "justifica
assim o seu não às comemorações europeias do fim da
escravatura".
Também Barros Moura, outro eurodeputado do PS, não
explicou esse mesmo voto, dizendo: "é um pormenor que me
escapa".
O responsável pelo sentido de voto do PSD é Lucas Pires,
que "justifica o não à evocação da data do fim da
escravutura com o facto de o PPE (grupo europeu onde se encontram
os sociais-democratas) «dar clara prioridade» este ano às
comemorações da Carta das Nações Unidas" (!).
Assim se vai andando e votando no reino do Parlamento Europeu..