Algumas reflexões
sobre o movimento associativo
António Torrinha
Membro da Direcção Nacional da JCP
Presidente da Associação Juvenil Mundo Comum
De uma forma sucinta e prática vou tentar
reflectir sobre a minha participação no movimento associativo
enquanto membro de uma associação juvenil, de nível local, em
Coimbra.
Os jovens e a sua vontade de participar
A vontade dos jovens de se associarem e lutarem pela melhoria das
condições do seu bairro e da sua população é um dos
fundamentos primordiais da criação e do crescimento de uma
associação deste tipo. Esta participação no desenvolvimento
social e cultural surge na liberdade de a sociedade se organizar,
num sentido pluralista e democrático, para o fortalecimento
estrutural da sua comunidade. O desenvolvimento de actividades e
acções numa determinada comunidade é fruto da boa vontade e
persistência de um colectivo que se une e define objectivos
concretos de cooperação e participação integrada em projectos
de desenvolvimento social, criando redes de comunicação
lineares e integradas num todo organizacional.
Esta filosofia organizacional vai permitir às organizações de
juventude actuarem num determinado espaço e tempo, suportando o
desempenho prático a seguir pelas associações juvenis. Este
desenvolvimento prático é inicialmente vivido com uma postura
imediata e voluntária de proporcionar aos jovens o acesso à
educação, aos acontecimentos culturais, desportivos, etc..
Mas uma associação, ao longo da sua existência, vai conhecer
várias fases de desenvolvimento, quer seja para o seu
florescimento ou para a sua estagnação.
Um diálogo com "parceiros" surdos
Pode dizer-se que, desde o início, os jovens deparam com a
dificuldade de manterem uma comunicação aberta e contínua com
os organismos interessados e "responsáveis" para o
desenvolvimento da sociedade num todo, apercebem-se da demagogia
que impera nas reuniões com esses mesmos organismos, denotam a
intenção deliberada da manutenção de expectativas para o
jovem dirigente associativo, expectativas criadas por um discurso
retórico e em forma de puzzle.
Assim, a maior parte das vezes, as associações reportam-se a um
relacionamento autista devido à não verdadeira afirmação do
associativismo pelas entidades "parceiras".
Serão estas as melhores soluções?
O movimento crescente de afirmação do movimento associativo,
via organismos federados, leva-nos para uma única reflexão - os
objectivos propostos serão conformes com a análise dos
problemas e dificuldades sentidas pelas associações?
Por outro lado, o fomento e "dinamização" dos
conselhos consultivos conduzem-nos também para uma análise
crítica e desmistificadora da situação do associativismo, que
se rege por uma voz de falsa democracia, ligando apenas à
encenação de diálogo proferido pelos órgãos de poder.
Mas, afinal, qual é a solução para o movimento associativo se
auto-afirmar? Será o crescimento de mais federações, de
conselhos consultivos ou a prática local e voluntária de o
jovem se organizar?