Aproveitar a acção eleitoral
para elevar a força do Partido




É natural que, neste período, muitas das preocupações das organizações do Partido e dos seus membros estejam voltadas para as eleições autárquicas, que vão ter lugar, como se previa já no número anterior de O Militante, no dia 14 de Dezembro próximo.

Mas é possível, mas é necessário acompanhar a imensidade de tarefas voltadas para as eleições com tarefas concretas que têm por objectivo elevar a força do Partido. Isso terá repercussão na própria activadade eleitoral e depois dela.

A base da força do Partido

É oportuno lembrar o que diz o Artigo 4º dos Estatutos do nosso Partido.

"A força do Partido assenta essencialmente numa correcta orientação política, na coesão ideológica, política e orgânica, na actividade organizada dos seus membros, na democracia interna e no trabalho colectivo, na sua profunda ligação aos trabalhadores e às massas populares e no activo apoio que de uns e de outras recebe."

É muito importante que tenhamos continuamente no nosso pensamento todos estes aspectos que definem o que tem relevo fundamental para a força do Partido.

Se o tivermos não podemos deixar de aproveitar a realização das próximas eleições autárquicas que, naturalmente, ajudam a mobilizar os nossos camaradas e interessam a muitos outros eleitores, para, em cada organização, melhorarmos a actividade organizada dos membros do Partido, bem como a democracia interna e o trabalho colectivo, e aprofundarmos a sua ligação aos trabalhadores e às massas populares.

É isso o que se está a fazer por muito lado, embora com expressões muito diversas porque as condições concretas também são muito diferentes.

O problema das listas de candidatos

Logo em relação a esta questão fundamental para concorrer às eleições, as diferenças são muito grandes entre umas organizações e outras.

De qualquer forma, por todo o lado se teve de contactar camaradas e não camaradas para chegar à composição de cada lista, numas freguesias com mais dificuldades e noutras com menos ou com muito menos. Todos esses contactos levaram, decerto, ao reatamento de algumas ligações e ao conhecimento de novos camaradas ou activistas ou simpatizantes da CDU.

A formação das listas obriga, normalmente, a reuniões e importa muito que se estabeleça, não só um bom ambiente entre os membros de uma lista, mas também que se veja, sempre, a possibilidade de, depois das eleições, se manter uma ligação colectiva com o máximo de elementos que participaram na lista. É uma experiência colhida em muitos lados que mostra que as eleições autárquicas podem ajudar muito à constituição de organismos do Partido, mais ou menos amplos, ou de organismos da CDU com membros do Partido, do PEV, da ID e independentes, consoante as condições concretas.

É indispensável ter isto presente e criar condições para que, após as eleições, não se dispersem aqueles que participaram mas, antes, se eleve a força do Partido por todo o lado, mesmo nas regiões ou zonas em que a nossa influência é reduzida.

Reactivar células de empresa ou organizações de sector profissional e outras

Em muitas organizações, aproveitou-se (ou pode ainda aproveitar-se) esta altura para convocar uma reunião dos membros desta ou daquela célula de empresa que tem estado desligada ou desorganizada. Embora cada um dos seus elementos possa votar em sítios diferentes, o tema das eleições é suficientemente importante para interessar os diversos camaradas. Será mau que não se tente reorganizar ou criar a ligação com uma célula de empresa (ou com os camaradas que existem numa dada empresa) numa altura em que há uma motivação especial e forte.

Aliás, se os membros de uma dada célula de empresa vivem em freguesias diversas isso permite, no fim de contas, que possam ajudar a actividade dos camaradas organizados (se os houver) por locais de residência diferentes, e, pela sua ligação com os vizinhos, contribuir para um melhor resultado eleitoral em diversas sítios.

Coisa semelhante se pode dizer em relação a um organismo ou organização de sector profissional ou que tenha quaisquer outros objectivos específicos.

Criar ou reforçar organizações por local de residência

Neste período são vários os exemplos de criação de organizações de freguesia. Pode dizer-se que é pena que onde existem camaradas dispersos numa dada freguesia não se aproveite a actual motivação para congregar os seus esforços voltados para o debate e o esclarecimento dos problemas da freguesia e das eleições e, depois, prosseguirem na actividade normal de um organismo de freguesia.

Mas não é só necessário criar organizações de freguesia; é também necessário reforçá-las. Há muitas organizações de freguesia, algumas até com um grande número de camaradas, que não têm estrutura. É um amontoado de membros do Partido que não estão voltados para o aprofundamento da sua ligação com os outros habitantes da sua freguesia, que não têm presente o que, na verdade, eleva a força do Partido.

Ora o período que vivemos pode ajudar a melhorar tais situações. O que é necessário é fazer um esforço maior para que os nossos camaradas participem em reuniões do Partido e compreendam e aceitem que há uma militância básica que é o contacto natural com os outros habitantes da freguesia, ou do bairro, contacto em que se dialoga, se esclarecem questões, se unem vontades para reivindicações locais, se ganham simpatizantes e até se recrutam novos camaradas.

Será mau se não se aproveitam tais períodos para vencer certas dificuldades existentes em muitas organizações do Partido.

É nestes períodos que, mais facilmente, se podem constituir também Comissões CDU, com membros do Partido e outros democratas, comissões que até podem ser um incentivo à participação de membros do Partido e habituá-los a uma actividade organizada.

Actividade organizada que deve ser, que tem de ser uma característica fundamental do nosso Partido, porque só com a actividade organizada se cria e reforça a unidade de acção prática dos membros do Partido, se eleva a militância, se cumpre um dever fundamental dos membros do Partido.


«O Militante» Nº 231 de Novembro/Dezembro de 1997