Com o recrutamento
resolvem-se os problemas

Por Roque Filipe
Membro do Conselho Regional da Organização Regional do Porto




Sendo tarefa essencial de todo o militante comunista recrutar novos membros para o Partido e sendo esse um facto determinante para o reforço e rejuvenescimento da nossa organização, existem no entanto ainda alguns camaradas que não valorizam suficientemente essa tarefa e, por vezes, até argumentam alguns motivos para que o recrutamento não se faça:

- ou porque a célula de empresa não funciona;

- ou porque não existe comissão de freguesia;

- ou porque não há núcleo de jovens da JCP e, portanto, concluem que não é o momento certo para recrutar novos membros para o Partido.

Este pensamento é errado.

- Se não há célula de empresa a funcionar, é recrutando novos membros para o Partido que ela pode ser recriada.

- Se não existe comissão de freguesia, é recrutando novos membros para o Partido que a comissão de freguesia se põe a funcionar.

- Se não existe núcleo de jovens, é recrutando jovens que se criam esses núcleos.



Boas condições para o reforço do Partido


A política de direita do PS está a desiludir muitos democratas que lhe deram o seu voto, na esperança de que praticasse outra política, mais de acordo com os interesses dos trabalhadores.

Existem actualmente muitos trabalhadores e democratas em geral que foram enganados e que hoje reconhecem que, na verdade, a única força política consequente e que dá garantias de viabilizar uma alternativa de esquerda é o PCP.

Esta situação cria condições objectivas para que o Partido tenha um vasto espaço, não só para um previsível aumento eleitoral, mas também para o crescimento do Partido em termos orgânicos e de recrutamento.

As eleições autárquicas, pelas suas características e pela sua natureza, vão forçosamente criar boas condições para que o Partido cresça e para que a organização se reanime e reforce.

São milhares de camaradas que vão ser contactados para a formação das listas e a discussão vai fazer-se forçosamente de freguesia a freguesia, na procura e na identificação das pessoas que são conhecidas como democratas e prestigiadas junto das populações.



Um exemplo com interesse


Uma recente experiência fornece lições com muito interesse.

No Marco de Canaveses, um concelho do interior do distrito do Porto, na primeira reunião para preparar as eleições autárquicas concluiu-se ser necessário orientar o trabalho em duas direcções.

Em primeiro lugar, era preciso recrutar jovens para o Partido e para a JCP, como factor decisivo para o rejuvenescimento da organização do Partido e criar uma dinâmica eleitoral de disponibilidade e de alegria de que só os jovens são capazes. Apesar de se considerar que era muito difícil fazer recrutamentos, a verdade é que se conseguiu que um jovem viesse ao Partido e à JCP. Passados poucos dias já tínhamos mais de 30 jovens inscritos. Desencadeou-se um processo de motivação e dinamização do trabalho do Partido o que alterou radicalmente a nossa intervenção no concelho: formaram uma lista para a Associação de Estudantes da Escola Secundária e ganharam as eleições; criaram um jornal CDU onde é feito o levantamento das questões mais sentidas em todo o concelho, o que está a ter como resultado uma grande sensibilização das populações; têm programada uma série de iniciativas e debates sobre variados temas que, a concretizarem-se, irão mobilizar e atrair muita gente.

Em simultâneo, têm vindo a ser contactados os camaradas há muito “desligados” e que se têm disponibilizado para trabalhar, participando nas listas e contactando outros democratas.



Na verdade, a organização concelhia do Partido alterou completamente o seu estado de espírito, pois constatou-se que gente há muito desligada do Partido tinha uma grande disponibilidade para participar nas listas e trabalhar na sua formação indicando gente nova que o organismo dirigente do Partido no concelho desconhecia totalmente.

Hoje já todos os camaradas defendem e dizem que há condições e que se deve concorrer a todas as freguesias do concelho do Marco de Canaveses, o que, a acontecer, será a primeira vez.

Já foram entretanto apresentados os cabeças de lista à Câmara e Assembleia Municipal no dia 5 de Abril e já estamos a trabalhar na formação das listas das 31 freguesias do concelho.

 


«O Militante» Nº 229 de Julho/Agosto de 1997