Editorial
Vitor Dias

Há alternativa

Por detrás da moeda única está a continuidade e agravamento de toda uma política económica e social e de toda uma política de integração Europeia decorrentes do Tratado de Maastricht que têm tido profundas consequências sobre a economia do país, sobre as condições de vida e de trabalho dos portugueses e sobre a soberania de Portugal.

Não há bonitas palavras nem tiradas patrioteiras que possam disfarçar a realidade.

A moeda única não é nenhum grande «desígnio nacional». É sim um novo e grave passo para levar mais longe e tornar mais duradoura uma política que, por toda a Europa, só tem provocado mais desemprego, mais dificuldades ao crescimento económico, maior sujeição aos interesses do grande capital e da especulação financeira, menor margem de manobra nacional para realizar uma política que corresponda à vontade dos povos.

Uma decisão que terá tão graves repercussões no nosso futuro como povo e como país não pode ser tomada nas costas dos portugueses.

Por isso, é preciso um referendo sobre a moeda única. Para que os portugueses tomem a palavra e sejam eles a decidir.

Este número da Revista «Portugal e CE» é um contributo para o esclarecimento desta importante questão do nosso futuro colectivo.

Há alternativa!

Não há que ter medo de o dizer: a alternativa para a entrada de Portugal na moeda única é a sua não entrada!

A alternativa está em lutar politicamente nos órgãos comunitários por outro rumo para a integração Europeia. Por uma Europa de países soberanos cooperando entre si pelo emprego e pelo bem estar dos povos e pelo seu mútuo desenvolvimento, e afastando e contrariando a lógica da dominação do capital multinacional e os instrumentos de que se serve, como a moeda única, a liberalização e privatização total das economias.

Por uma Europa que até possa ter uma moeda comum, mas não única, que, sem anular as moedas nacionais, seja um instrumento para a cooperação entre os países da União Europeia.

A alternativa está numa nova política de firme defesa dos interesses nacionais, de aposta na protecção e desenvolvimento da produção nacional, de prioridade à criação de emprego e à satisfação das necessidades sociais, de valorização e respeito por quem trabalha.