Declaração de António Abreu, membro da Comissão Política do Comité Central, Conferência de Imprensa

A propósito dos 58 anos das bombas sobre Hiroshima e Nagasaki - Para que as jovens gerações não esqueçam! Pelo Desarmamento Nuclear!

Durante muitos anos, a Humanidade evocará os dias em que, pela primeira vez, a bomba atómica foi usada pelo governo de um país contra o povo de um outro país, em que o governo dos EUA tomou a decisão de assim proceder bombardeando as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.

Tal decisão foi tomada com o pretexto de acelerar a rendição do imperialismo japonês quando este já estava derrotado.

Esta decisão deu início a uma corrida aos armamentos, que já passou por várias fases e motivações desde então, e com a qual a potência norte-americana abria caminho para um domínio e hegemonia mundiais.

Que isso tenha custado, de imediato, centenas de milhares de mortos, muitos mais milhares desde então pelo prolongamento de horríveis sofrimentos de muitas vítimas, pouco importou à administração norte-americana. E autistas têm continuado, escamoteando os apelos à paz dinamizados por fortes movimentos pela paz em todo o mundo, com particular destaque para os países que maiores sofrimentos enfrentaram.

Ao longo destes 58 anos, sucederam-se cerca de 2 mil ensaios nucleares atmosféricos e subterrâneos, por várias potências, mas sempre com um papel destacado dos EUA. Vários foram os tratados violados, sistemas ditos de “defesa” ou “dissuasores” foram montados como elementos decisivos de estratégias de ataque, novos tipos de mísseis e outro tipo de armas foram e estão a ser criados.

Nesta corrida, e com o fim do campo socialista, o imperialismo norte-americano argumentou contra a posse, ou suposta posse, de armamento nuclear por outros países, para “justificar” os seus propósitos expansionistas, quer no domínio dos mercados e do funcionamento destes, quer no das matérias primas e do petróleo em particular, quer no da pura e simples ocupação militar que pretende alargar a toda a região do Golfo, a somar às dezenas de outros países onde já existem bases norte-americanas especializadas em diferentes meios militares e de inteligência, de comunicações e subversão interna.

Como o PCP sublinhou ainda recentemente, os EUA e seus aliados não recuaram em mentir sistematicamente aos respectivos povos e à opinião pública internacional, com a colaboração activa dos responsáveis de poderosos meios de comunicação social sobre as ameaças de arsenais iraquianos. As declarações de Hans Blix, as mentiras sobre o urânio que o Iraque teria obtido em África, as circunstâncias da morte de David Kelly, confirmam que a posição do Primeiro-Ministro português associando-se, desde a primeira hora, à iniciativa anglo-americana de bombardear e invadir o Iraque, à revelia da ONU e da legalidade internacional, foi condenável e em contraposição com um dos mais significativos movimentos populares de oposição à guerra em Portugal e no Mundo.

Os valores envolvidos na produção, tráfico e investimento público na procura de novos armamentos depois do desgaste de arsenais anteriores, atingem valores que ultrapassariam largamente o que é necessário para atingir níveis satisfatórios de resposta à subnutrição, à falta de cuidados médicos, a certas doenças em particular, ao analfabetismo e às necessidades de crescentes formações na Educação, à falta de bem-estar em vastas regiões do mundo.

Tais factos constituem atentados à vida, à inteligência, à sensibilidade, ao progresso das civilizações, ao incontornável papel central que sempre o bem-estar do ser humano terá, no nosso ponto de vista, como referência de toda a actividade humana.

Estas são fortes razões para recolocar, na ordem do dia, a questão do desarmamento nuclear e para o PCP apelar a todas as portuguesas e portugueses para que não esqueçam os enormes sofrimentos causados pelas bombas largadas em Hiroshima e Nagasaki nos dias 6 e 9 de Agosto de 1945.

Para o PCP, esta data triste para toda a Humanidade, é também ocasião para renovar a rejeição firme de que governos como o de Durão Barroso/Paulo Portas, se tenham tão aberta e irresponsavel mente comprometido com a administração Bush, ofendendo de novo a nossa soberania; renovar a exigência de explicações aos portugueses, por parte do Governo, quanto ao apoio que deu à guerra de ocupação do Iraque, atitude essa que envergonhou o país; renovar a rejeição pelo PCP do envio de membros da GNR para o Iraque; e relembrar que todo este comportamento caminha a par com uma insustentável política de Defesa Nacional e com a intolerável manutenção no Governo do Ministro Paulo Portas.

O PCP continuará a luta contra o militarismo e o imperialismo, pelo desarmamento, a paz, a cooperação entre os povos e a contribuir para o reforço do movimento da paz.

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