No quadro da revisão dos anexos da directiva do conselho sobre a protecção das plantas, a Comissão Europeia está a propor alterações que facilitam a entrada, sem controlos fitossanitários rigorosos, de citrinos destinados à transformação. De acordo com a proposta, a entrada de citrinos apenas estaria condicionada a uma mera inspecção visual do produto e de uma declaração atestando o bom estado sanitário da fruta, e declarando que a mesma provem de campos sujeitos ao tratamento e controlo da Phyllosticta citricarpa (mancha preta).
Este laxismo fitossanitário promovido pela Comissão só pode estar relacionado com as enormes pressões da indústria de transformação e processamento, designadamente para refrigerantes, que pretende adquirir matéria-prima a baixo custo, aumentando assim os seus lucros. A avançar, esta medida irá penalizar os produtores de citrinos de duas formas: em primeiro lugar através de um mais do que certo aumento das importações, com a consequente pressão em baixa dos preços; em segundo lugar pondo em causa o estado fitossanitários dos pomares de citrinos, que ficam muito mais vulneráveis a um conjunto de pragas, ente as quais avulta a Phyllosticta citricarpa, de que a UE ainda está indemne.
O PCP exige que seja modificada esta proposta, impondo controlos rigorosos de todos os citrinos importados, incluindo análises por amostragem e certificados de rastreabilidade, à semelhança do que é exigido aos produtores da UE. Neste sentido, o PCP votou favoravelmente uma iniciativa legislativa que procura dar corpo a esta preocupação, iniciativa que foi aprovada hoje na Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural.
A produção de citrinos, apesar da quebra verificada ao longo dos últimos anos, representa cerca de 17 mil hectares e 25 mil explorações. Portugal, pelo seu clima, tem condições ímpares para a produção de citrinos, pelo que só as políticas agrícolas erradas explicam que não seja autossuficiente nesta matéria. O PCP, através dos seus deputados no Parlamento Europeu, continuará a acompanhar esta matéria.