PROGRAMA DO PCP
Portugal - Uma Democracia Avançada no Limiar do Século XXI


 

5º. Uma pátria independente e soberana com uma política de paz, amizade e cooperação com todos os povos

 

1. A independência, a soberania e a integridade territorial de Portugal constituem valores fundamentais e inalienáveis do Povo, da Nação e do Estado.

Desde há séculos que laços de dependência em relação ao estrangeiro e neste século em relação ao imperialismo representaram poderosos obstáculos a um desenvolvimento conforme com os interesses nacionais e constituem factores de envolvimento em questões externas contrárias aos interesses nacionais.

A integração política, económica, militar e em questões de segurança, que retire a Portugal alavancas fundamentais da sua soberania e independência e o deixe subordinado às transnacionais dos países dominantes é inaceitável e deve ser combatida.

Do mesmo modo e com o mesmo empenhamento com que rejeita soluções autárcicas e isolacionistas bem como o chauvinismo, o nacionalismo e o racismo, o PCP recusa eurocracias federalistas redutoras da soberania nacional e empobrecedoras da democracia.

O PCP rejeita uma Política Externa e de Segurança Comum que, numa via supranacional, visa a consagração da política externa da União Europeia como sujeito de direito internacional, substituindo-se crescentemente aos Estados-membros no âmbito da definição e execução da política externa, de defesa e de segurança.

Com os projectos da Cimeira de Maastricht o que se visou não foi o aprofundamento da cooperação entre os Estados Europeus no quadro das Comunidades Europeias de que Portugal é membro, mas sim o afastamento de uma construção europeia assente em nações livres e Estados soberanos e independentes e a opção por uma «União Europeia» alicerçada em bases federalistas, com as consequentes perdas de autonomia política, de independência e de soberania nacionais.

O PCP lutará por uma Comunidade de efectiva cooperação entre nações livres e Estados soberanos e é favorável à construção de uma Europa inteira de paz, de cooperação entre os trabalhadores, os povos e as nações, à construção de um continente que seja um factor de desenvolvimento e um factor de segurança e de progresso social em todo o mundo. Ao contrário de uma CE, moldada pelos interesses dos grandes monopólios que se fecha num bloco político-militar.

Uma das mais fortes exigências que emerge do mundo em mudança em que vivemos, não é de gravosas abdicações de soberania, de empobrecedoras uniformizações e de ampliação da distância entre os centros de decisão e os cidadãos, mas da pujante afirmação da riqueza das diferenças, das identidades nacionais, do reconhecimento do direito das nações a um poder político soberano, da aspiração à igualdade de direitos e a novas formas de cooperação mutuamente vantajosas e reciprocamente enriquecedoras.


2. O PCP continuará a pautar a sua intervenção quer nas instituições quer fora delas, pela defesa dos interesses nacionais, pela limitação dos aspectos negativos e pela potenciação das perspectivas positivas que permitam:


3. No plano político-militar, face à evolução da situação internacional, deve ser reconsiderada a participação de Portugal na NATO e na UEO, bem como os acordos militares com os EUA, a Alemanha e a França, relativos às bases estrangeiras em Portugal, que têm conduzido ao agravamento dos laços de dependência e constituem graves condicionalismos à independência e soberania nacionais. Portugal está vitalmente interessado no processo de desarmamento e no reforço dos mecanismos internacionais de segurança colectiva.

Portugal nas suas relações com a NATO deve pautar-se pelo objectivo do desmantelamento total das alianças político-militares. Neste sentido, deve defender a desactivação da estrutura militar da NATO da qual se deve progressivamente desvincular.

No quadro europeu, Portugal deve contrariar a construção de qualquer bloco político-militar, incluindo por via da UEO e da «militarização da CEE», que conduza à transformação da Europa numa potência militar.

Não é necessário ao país, nem é do seu interesse, uma integração militar estrategicamente dirigida para intervenções de natureza agressiva na Europa ou noutras regiões do Globo.

Portugal deve empenhar-se activamente na institucionalização da Conferência de Segurança e Cooperação Europeia (CSCE), como verdadeiro sistema de segurança colectiva e de cooperação na Europa, contrariando a sua hegemonização e instrumentalização.

Num quadro internacional complexo e instável torna-se ainda mais necessário que Portugal adopte uma perspectiva política que assegure a integridade do território nacional, a autonomia de decisão político-militar, a soberania nacional e a segurança do povo português e de Portugal, dando uma contribuição própria para a evolução positiva no relacionamento internacional, a eliminação da ameaça nuclear e a salvaguarda da paz mundial.


4. São elementos fundamentais da independência e soberania portuguesas:


5. No quadro destas orientações gerais, Portugal desenvolverá, na democracia avançada que o PCP propõe ao povo português no limiar do século XXI, uma política externa diversificada, de paz, amizade e cooperação com todos os povos, que terá como vectores principais:


6. Na democracia avançada que o PCP propõe para o limiar do século XXI Portugal contribuirá positivamente para a resolução dos grandes problemas do mundo contemporâneo, no caminho da paz e do progresso social. Portugal assumirá o seu pleno direito de decidir do seu próprio regime económico, social e político, da sua própria política interna e externa, do seu futuro e do seu destino.



A democracia avançada que o PCP propõe, incorporando uma concepção de regime e a definição de uma política democrática, caracteriza-se fundamentalmente por constituir um projecto de sociedade cuja construção se apresenta como inteiramente correspondente aos interesses populares e às necessidades nacionais no limiar do século XXI.

A construção da democracia avançada constitui assim um processo de transformação da vida e da sociedade para cujo êxito serão determinantes, não apenas as soluções institucionais, políticas e governamentais, mas também o esforço criador e o empenho colectivo dos trabalhadores e do povo português.

A luta permanente e quotidiana em defesa dos interesses do povo e do País, o combate firme e persistente à política de direita, o reforço da unidade da classe operária, o empenho na formação de uma vasta frente social de luta, os progressos na convergência e unidade dos democratas e patriotas, a conjugação da luta eleitoral e institucional com as lutas de massas - factor determinante na evolução da vida nacional - e a concretização de soluções políticas progressistas fazem parte e inserem-se na luta por uma democracia avançada no limiar do século XXI.

O reforço da influência social, política e eleitoral do PCP e a sua participação no governo do País são uma condição decisiva para a construção de uma democracia avançada no limiar do século XXI.