Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, 9.ª Assembleia da Organização Regional de Setúbal

O País precisa de uma verdadeira e profunda mudança

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As mais fraternas e cordiais saudações a todos os delegados e convidados presentes. Saudações extensivas aos trabalhadores e ao povo da Península de Setúbal.

Estão a terminar os trabalhos da nossa IX Assembleia da Organização Regional. Aqui esteve em análise a evolução da realidade política, económica, social e cultural deste distrito nos últimos quatro anos, mas igualmente a perspectiva do trabalho que temos pela frente, as tarefas e os combates que temos que travar, nomeadamente neste árduo ano de 2015, onde às exigentes tarefas de dinamização da luta de massas e da intervenção política em defesa dos interesses dos trabalhadores e da população - nas instituições e fora delas - e do reforço e fortalecimento da organização do nosso próprio Partido, se acrescenta uma importante batalha eleitoral, cujo desfecho vai determinar, em grande medida, a evolução no imediato da situação política no País.

Aqui se expressou um Partido coeso e unido nas suas deliberações e votações! Aqui esteve presente uma clara visão de futuro com propostas e soluções de política alternativa para a solução dos problemas regionais e para relançar o desenvolvimento deste distrito, nomeadamente através do Plano de Desenvolvimento Integrado da Península de Setúbal apresentado pelo PCP na Assembleia da República.

Propostas e soluções que se enquadram nos grandes eixos da política alternativa, patriótica e de esquerda, que o PCP tem apresentado ao País. Propostas para o desenvolvimento dos mais diversos sectores da actividade económica, a começar pelos sectores produtivos, para elevar as condições de vida das populações, para combater a injusta distribuição da riqueza, garantir o direito à saúde, mas propostas também para o desenvolvimento da educação e da ciência, da salvaguarda da cultura e do ambiente e de valorização do património natural desta região.

As intervenções que aqui foram proferidas e a Resolução Política aprovada dão-nos a dimensão do trágico agravamento da situação económica e social verificada nestes quatro anos no distrito, também ela o espelho da situação do País e que aqui só não é ainda mais grave, graças à valorosa luta de resistência dos trabalhadores e do povo deste distrito e à acção do Poder Local maioritariamente orientado para a defesa e resolução dos problemas das populações e para a valorização da sua qualidade de vida.

Quatro anos marcados por um salto qualitativo na política de direita e na sua na ofensiva contra os interesses populares e o País, com a utilização de novos instrumentos de agravamento da exploração, iniciados com os PEC’s do Governo PS e prosseguidos com o Pacto de Agressão firmado com a troika estrangeira pelos mesmos partidos responsáveis por décadas de governação desastrosa.

Quatros anos marcados por um acelerado processo de empobrecimento dos trabalhadores e das populações, pelo crescimento desmesurado do desemprego, pela precariedade, pelo ataque aos serviços públicos e às funções sociais do Estado, por novas destruições dos sectores produtivos, pela limitação da democracia e pelo comprometimento da soberania nacional.

Uma política que conduziu a uma rápida degradação de todas esferas da nossa vida colectiva, bem patente no surgimento inesperado de situações de funcionamento caótico em serviços essenciais às populações, como na saúde, com a crise nos serviços de urgência, na educação com a prolongada crise de abertura do ano lectivo, no funcionamento das próprias instituições democráticas, como é o caso da justiça. Situações que se manifestaram de forma cada vez mais preocupante na sociedade portuguesa.

Mais quatro anos que trouxeram ao de cima e com mais nitidez a natureza predadora e exploradora de uma política concebida e talhada para promover uma escandalosa centralização e concentração da riqueza a favor de uns poucos à custa dos trabalhadores, do povo e do património do País e do seu desenvolvimento, mas igualmente uma indisfarçável degradação do próprio poder político dominante e seus agentes, capturado que foi pelos grandes interesses económicos e enredado nas suas contradições e disputas por fatias de influência, poder e vantagens.

Mais quatro anos a acumular casos e casos de escandalosa ilicitude, compadrio, conivência, corrupção, onde estão patentes também as relações de promiscuidade que foram sendo tecidas ao longo do processo privatizador e de restauração do capitalismo monopolista e que hoje se tornaram indisfarçáveis.
Relações de despudorada promiscuidade, com a venalidade a penetrar fundo na gestão do sistema do capitalismo monopolista, envolvendo muitos daqueles que impuseram a entrega de praticamente todos os sectores e empresas estratégicas do País, sempre em nome do interesse nacional, para de seguida participarem no saque, reservando chorudas rendas de milhões para si e sem olhar a amo!

Sim, nem é preciso seguir o rasto dos membros influentes nos governos dos partidos dos negócios, da banca e da troika, ou o percurso dos gestores de excelência que nunca são responsáveis de nada, mas recebem indemnizações de milhões, basta ler os jornais das últimas semanas para perceber porque é que os portugueses são os que pagam mais cara a energia eléctrica, têm das mais caras comunicações, os mais altos custos do dinheiro, os mais caros combustíveis e por aí fora. Basta ver os milhões de lucro para os novos “donos disto tudo” e os milhões destinados a pagar os gestores que os servem!

É inquestionável que o País precisa de uma verdadeira e profunda mudança em ruptura com o rumo até hoje seguido.

Uma verdadeira mudança e não operações de cosmética e falsas viragens como as que assistimos da parte de todos aqueles que têm governado por turnos o País e que visam mais uma vez mascarar a realidade, iludir as verdadeiras causas que estão na origem do agravamento dos nossos problemas nacionais e dissimular os responsáveis políticos e as políticas responsáveis pela grave crise económica e social que hoje o País enfrenta.

A grave dimensão dos problemas que, com toda a evidência, estão hoje presentes na sociedade portuguesa, é bom que se diga e não se esqueça, num momento em que se abrem reais possibilidades de concretizar um novo caminho alternativo na vida do País, se são o resultado dos aprofundamentos recentes da política de direita, não se podem desligar do que foi a prolongada acção de sucessivos governos do PS, do PSD e CDS de anos e da sua política ao serviço do capitalismo monopolista que fragilizaram o País e o tornaram cada vez mais dependente.

Por isso hoje os vemos, cada um a seu modo, a tentar limpar a folha das suas responsabilidades históricas e a encobrir as suas reais pretensões em relação ao futuro. PSD e CDS a empurrar todas as culpas para o último governo para lavarem as mãos das suas responsabilidades na crise, na entrega do País às mãos da ingerência externa, e para se apresentarem como protagonistas do resgate do País do protectorado.

O PS, a responsabilizar, apenas e só, a crise do capitalismo e ocultando o seu papel e apoio às políticas europeias de submissão nacional, o seu vínculo aos programas dos centros do capital internacional ditos de combate à crise, mas de exploração dos povos, e o seu inegável enfeudamento de sempre à política de reconstrução dos grandes económicos monopolistas e à afirmação do seu domínio no País. PS que nestes últimos tempos já falou o suficiente para sabermos que nestas matérias, incluindo em relação ao magno problema do Tratado Orçamental que está a puxar o País para o abismo, como na importante questão da renegociação da dívida, nada muda no essencial da sua orientação, confirmando que a sua proclamada e prometida mudança não passa de uma variante da mesma política de sempre – uma falsa mudança e uma ilusória saída para a crise.

Seguir-se-ão de uns e outros, como já está a acontecer, promessas e mais promessas de repor salários extorquidos, baixa de impostos, feitas com a mesma intenção de as cumprir, como cumpriu Durão Barroso, Santana Lopes ou Sócrates, ou ainda Passos Coelho que nesta matéria bateu todos os recordes da demagogia e da trapaça eleiçoeira!

A campanha de propaganda que aí já está montada por parte do governo que se constituiu em comissão eleitoral do PSD e do CDS, com o empenhado apoio da Presidência da República que já veste sem rebuço a camisola da coligação no governo, mostra bem que estão tentados a fazer tudo para enganar outra vez os portugueses, tentando atalhar uma derrota que têm como certa nas próximas eleições legislativas.

Andam numa lufa-lufa, desesperadamente deitando mãos a tudo a todos os mais fraudulentos argumentos com o objectivo de mostrar a excelência da sua governação e convencer à viva força os portugueses que o País “está a dar volta”, que o mau tempo passou e o azul do céu já se vê no horizonte! Uma falácia completa!

Como a realidade não pega com as suas teses, passaram a ver a realidade do País a partir das suas próprias previsões para o futuro, com o Presidente da República a entrar na campanha e a cobrir a manobra acrescentando mais décimas, às décimas de crescimento económico anunciadas nas previsões do governo para 2015. Esquecem-se, contudo, de que de previsões que nunca se confirmam está o País cheio.

E aí estão já as avaliações do INE para os dois primeiros meses do ano a contrariar o discurso de quem, como o actual Presidente da República, o tal que nunca se engana e raramente tem dúvidas.

O que os portugueses se questionam, e com razão, é porque, perante condições tão favoráveis com a queda do preço do petróleo, a desvalorização do euro, e das taxas de juro e depois de uma queda drástica do PIB acima dos 6%, a economia portuguesa continua a apresentar níveis de crescimento tão baixos!
Mas enquanto o crescimento, infelizmente, continua pelas ruas da amargura e muito abaixo das necessidades e possibilidades, o que se confirma é que a dívida continua a subir, e aqui a volta é ainda mais para trás, apesar do maior aumento de impostos da história sobre o trabalho e da venda ao desbarato do património do País.

O País a dar volta de que falam está aí com a dívida a voltar a subir, em Janeiro, 6 600 milhões face a Dezembro! Entretanto, aí temos, depois da operação da “troca de dívida” para antecipar um pagamento ao FMI e dar a ideia de que a estamos a pagar, a operação cofres cheios, anunciada pela Ministra das Finanças, para criar uma ilusão de prosperidade!

Cofres cheios de dinheiro emprestado a pagar juros, num País de rastos! Cofres cheios e dinheiro parado, num País carente de investimento para relançar a sua economia e criar emprego. Eis a ideia que fundamenta a afirmação que o País está melhor, o povo é que está pior.

De um País que viu recuar o investimento público e privado nestes últimos anos em cerca de 30%, e que o País vai pagar caro, e caro já está a pagar esta redução suicida e brutal do investimento, com a fragilização da capacidade produtiva do País, com a degradação e falta de renovação que significa nas infraestruturas que dão suporte quer ao desenvolvimento económico, quer à garantia do funcionamento de serviços públicos essenciais e a política de penúria para a ciência.

Cofres cheios, mas com uma dívida colossal, que em breve ficarão vazios, para pagar os mais de 8 mil milhões de euros por ano, mais do que o País gasta no Serviço Nacional de Saúde e o dobro do investimento público, e que ata de pés e mãos o nosso desenvolvimento.

Em vez de cofres cheios de ilusão, Portugal precisa de se libertar deste garrote do serviço da dívida, renegociando-a, este dinheiro é fundamental para garantir salários, pensões, apoios sociais, serviços públicos, para investir no desenvolvimento do aparelho produtivo, aproveitar os recursos do País, aumentar a produção nacional, criar emprego e resolver os problemas de fundo e garantir uma real prosperidade e não a prosperidade fictícia para português ver em vésperas de eleições!

Mas, se olharmos para a realidade social, onde está a volta que o País está a dar quando cada vez mais portugueses são empurrados para a pobreza?

Hoje, já são mais de dois milhões e setecentos mil os portugueses a viver abaixo do limiar da pobreza e o número de portugueses, nesta situação, continua a crescer ao mesmo tempo que se esvazia o papel da Segurança Social pública na resposta às situações de adversidade no desemprego, na doença, na velhice, na infância, na pobreza extrema!

Mais 629 mil portugueses lançados na pobreza, nos últimos três anos!

É este o resultado do brutal desemprego que veio para ficar por muitos anos em níveis inaceitáveis, a manter-se esta política. Mais de um milhão e duzentos mil portugueses, apesar das manipulações estatísticas, do empolamento das acções de formação e dos estágios, das reformas antecipadas, da emigração massiva que está a levar do País o seu melhor e principal recurso!

É este o resultado da precariedade laboral e da política de degradação brutal dos rendimentos do trabalho com a quebra de cerca 18% do valor real dos salários nos últimos quatro anos.

Há dias Passos Coelho, referindo-se ao desemprego de longa duração, vertendo lágrimas de crocodilo e de cinismo pela situação, sentenciava que há portugueses que dificilmente terão novas oportunidades de emprego, porque “irão estar sempre em competição com outras pessoas 20 anos mais novas (…) disponíveis para por menos dinheiro realizar o mesmo trabalho”.

Espantoso! Dito isto com aquele ar de inocente, como se tudo isto não tivesse a ver com uma política de deliberado rebaixamento dos custos de trabalho que o seu governo promoveu e promove!

O que fez este governo até hoje senão criar as condições para expulsar do mercado de trabalho centenas de milhares de portugueses com capacidade para trabalhar, e forçar a sua rotação por trabalhadores com salários reduzidos e condições precarizadas?

O que fez este governo senão por em prática o seu anunciado objectivo de ultrapassar a crise empobrecendo o povo e, particularmente, o povo que trabalha, para que uns poucos amealhem milhões e milhões?

Milhões e milhões que lhes chegam por todos os carrinhos. Pelo agravamento da exploração directa do trabalho, pela redução dos impostos, pela participação dos seus negócios à mesa do Orçamento do Estado, nomeadamente com as Parcerias Público-Privadas, com o governo a propor a Bruxelas 24 novas PPP’s e com os senhores do dinheiro a esfregar as mãos com a perspectiva de novas e chorudas rendas garantidas por muitos anos. Mas também pela via da evasão fiscal, onde a impunidade para os grandes grupos económicos não só permanece, bem patente nos luxleaks, do swissleaksoffshores da grande fraude fiscal, como afinal se quer agora, não acabar com esse escândalo como se impunha, nomeadamente pondo fim aos Pactos fiscais com as multinacionais, mas dar-lhe uma nova vida como propõe o Sr. Juncker, pondo todos os países a partilhar a responsabilidade com a negociação de tais Pactos!

O que sobra disto tudo são Impostos e mais impostos para quem trabalha, para os pequenos e médios empresários, agricultores, benesses e mais benesses para o grande capital.

É esta a volta que estão a dar! Uma governação cuja bitola é a dos dois pesos e das duas medidas: mãos rotas para o grande capital e para elite que o serve, sacrifícios e mais sacrifícios e mão pesada para o povo! Exigências e mais exigências para os de baixo, condescendência e mais condescendência para os de cima!

A semana passada tudo a justificar o comportamento do primeiro-ministro em relações às suas obrigações perante a segurança social, esta semana aí temos já a lista dos contribuintes VIP a dizer que há portugueses de primeira e de segunda, os que pagam sem apelo e com agravo, e os outros, os do costume, os de cima, os virtuosos com direito a protecção especial dos dados fiscais e a salvo do anunciado combate à fraude e evasão fiscais.

Não, o País não está a dar a volta, o que este governo quer é dar a volta é aos portugueses para levar ainda mais longe a sanha exploradora e destruidora da sua política!

Não tenhamos ilusões, a prosseguir este governo de Passos e Portas, a manter-se esta política das troikas sem troika pelas mãos do PSD e do CDS ou por outras que as tomem no essencial como suas, como o PS que, passados os desabafos de esquerda, quer a alternância do poder mas não a alternativa, os portugueses só podem esperar o pior!

Só podem esperar mais ataques às reformas e às pensões como já o explicitaram. Mais ataques aos salários. Mais ataques à segurança social, à saúde e à educação que escondem na dita Reforma do Estado que desejam retomar, retirada a máscara do disfarce eleitoral.

Mais ataques à legislação laboral. Mais venda do País ao desbarato. Por isso vemos uns a assobiar para o lado, como o PS, fazendo de conta que não percebem, outros, como fazem os partidos do governo, a negar os planos que na verdade têm e escondem para o futuro e que resultam da aplicação do Tratado Orçamental e das suas regras draconianas que ambos aprovaram e não querem pôr em causa.

Uns e outros passaram ao silêncio ou ao estado de negação, porque entraram em modo de eleições. Por isso os vemos, a uns, aos do governo, a encenar zangas com o FMI e a Comissão Europeia, e a outros, como o PS, a fazerem-se de surdos e mudos perante as exigências da Comissão Europeia de novas e mais ambiciosas reformas, ou seja, mais pancada nos do costume! Nunca percebemos bem o que é que o PS queria dizer com as leituras inteligentes do Tratado orçamental e outros instrumentos da União Europeia. Já percebemos: não lêem! Ficam quietos e calados à espera da boa vontade e bondade desta União Europeia, como se estivéssemos perante uma instituição solidária e filantrópica.

Não, não há saída para uma vida digna para o nosso povo sem ruptura com as regras do Tratado Orçamental, sem renegociar a divida, sem uma nova política patriótica e de esquerda.

Uma política baseada: na promoção e valorização da produção nacional e na criação de emprego; na recuperação para o controlo público de sectores e empresas estratégicas, designadamente do sector financeiro; na valorização dos salários, pensões e rendimentos dos trabalhadores e do povo; na defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, designadamente dos direitos à educação, à saúde e à protecção social e à cultura; numa política fiscal que desagrave a carga sobre os rendimentos dos trabalhadores e das micro, pequenas e médias empresas e tribute fortemente os rendimentos e o património do grande capital, os lucros e a especulação financeira; na rejeição da submissão às imposições do Euro e da União Europeia, recuperando para o País a sua soberania, económica, orçamental e monetária.

Uma política de libertação dos trabalhadores, do povo e do País do domínio dos grupos monopolistas e da dependência externa.

Os portugueses precisam de pôr fim a uma política assente no saque ao povo e ao País! Por isso, a luta dos trabalhadores e do nosso povo é tão importante visando o isolamento deste governo e a sua derrota definitiva, mas igualmente a derrota de uma política de direita que não é sua em exclusivo!
Foi a luta até hoje travada que permitiu o enfraquecimento e o isolamento do governo e que hoje permite encarar com confiança o futuro.

O desenvolvimento, alargamento e intensificação da luta de massas é uma questão fundamental e decisiva. Daqui destacamos a importância do fortalecimento das organizações e movimentos de massas. Daqui saudamos as lutas desenvolvidas como a do passado dia 7, que passou por todo o País, e a valorosa luta dos trabalhadores da Administração Pública, dos jovens estudantes desta semana, e apelamos à participação nas acções previstas, em que se destacam as comemorações populares do 41º aniversário do 25 de Abril e a grande jornada do 1º Maio, dia internacional dos trabalhadores.

Mas permitam-me uma palavra de admiração pelas lutas pequenas, modestas, lá na empresa, na freguesia, no concelho. É do pequeno que se faz grande, é pelos afluentes que o rio se alarga e avança! Há que persistir e continuar!

A ruptura e a abertura do caminho do futuro, assenta na força dos trabalhadores e do povo, na convergência dos democratas e patriotas e no indispensável reforço do PCP!

As eleições legislativas deste ano constituem um momento da maior importância! Uma batalha de onde sairemos em melhores condições e mais próximos de construir a política alternativa patriótica e de esquerda e de lutar pela alternativa política, quanto maior for a influência eleitoral da CDU, quanto maior o número de deputados eleitos pela CDU.

Trata-se de uma batalha para a qual nos precisamos de preparar com toda a determinação, capacidade de iniciativa e realização, construindo uma grande, combativa e esclarecedora campanha eleitoral de massas, capaz de envolver o máximo das nossas forças e os muitos democratas e patriotas!

Uma campanha que afirme com confiança que é possível um outro caminho. Que há alternativa ao rumo de empobrecimento do povo e do País, à submissão e à dependência. Que há soluções e respostas para os problemas nacionais e de que para elas serem possíveis a CDU tem de ter mais força e mais votos.

Uma campanha capaz de demonstrar que os partidos não são todos iguais, nem as políticas são todas iguais, que o que aqui fazemos nas autarquias por todo o distrito, servindo as populações com trabalho, honestidade e competência, estamos em condições de fazer no País!

Trata-se de uma batalha eleitoral muito exigente e tanto mais exigente quanto precisamos de construir uma campanha baseada numa acção de esclarecimento directo que permita vencer resignações e conformismos, semeados com o objectivo de eternizar o actual projecto de exploração e ruína nacional protagonizado pelo poder dominante.

Estamos conscientes que na actual relação de forças, quando as ideias dominantes são as da classe dominante, vamos ter de construir a pulso uma campanha dinâmica. Temos uma vantagem: o nosso grande colectivo partidário, os milhares de activistas da CDU.

Temos um ideal, temos convicções, temos propostas, queremos uma vida melhor para o povo. Então, adiante camaradas.

Batalha exigente porque é necessário igualmente confrontar e combater as novas e velhas ilusões das falsas saídas, daqueles que, falando de mudança, não visam mais do que perpetuar a mesma política que nos conduziu até aqui e inviabilizar a verdadeira alternativa.

Uma campanha que torne claro que o PS, o PSD e o CDS-PP são os responsáveis pela situação de declínio nacional e que é com esse rumo que continuam comprometidos, apesar de toda a demagogia da viragem na situação País de uns e das proclamações de mudança de outros.

Uma campanha que revele que o povo português não precisa de andar à procura de opções que significam novas ilusões e logo novas desilusões, tem na opção pelo PCP e pela CDU, a opção política coerente, capaz e indispensável para dar resposta aos problemas do País.

A opção necessária, indispensável e insubstituível, pelo PCP, pela CDU, por quem está pronto a assumir todas as responsabilidades que o povo português decida atribuir-lhe na construção de uma alternativa patriótica e de esquerda e no Governo do País, para concretizar uma nova política ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País.

Uma campanha que na sua preparação e desenvolvimento permita alargar mais e mais o apoio à CDU de democratas e patriotas, daqueles que já apoiaram, daqueles que estão indecisos, daqueles que nunca pensaram apoiar a CDU e que perante a situação do País vão considerar esse apoio como um imperativo da sua vida.

Uma preparação que terá que associar ao esclarecimento político a informação sempre necessária de que votar na CDU, na Coligação Democrática Unitária, PCP-PEV é fazer uma cruz dentro do quadrado que no boletim de voto está a seguir à foice e o martelo e ao girassol.

Uma preparação confiante que começa desde já com a mobilização para a grande marcha nacional que realizaremos no sábado, dia 6 de Junho, em Lisboa.

Marcha pela libertação e dignidade nacionais, por uma política patriótica e de esquerda, uma forte afirmação de exigência de mudança e de expressiva manifestação de confiança dos trabalhadores, dos democratas, dos patriotas, do nosso povo na sua luta por um Portugal com futuro.

Veio aqui a diversificada e intensa actividade partidária realizada pelos comunistas do distrito de Setúbal nos mais diversos sectores e na dinamização da luta em defesa dos trabalhadores, das populações e da região.

A situação e o tempo que hoje vivemos continuam a exigir uma grande disponibilidade para os combates que temos pela frente. Este é um tempo de grande exigência para o PCP, para este Partido que se confirma e afirma com a sua identidade como necessário e indispensável para mudar o rumo do país.

Partido necessário e indispensável que se impõe reforçar, porque do seu reforço não só dependerá a garantia da defesa dos interesses dos trabalhadores e dos interesses populares, mas o êxito da tarefa da construção em Portugal de uma alternativa política e de uma política ao serviço dos trabalhadores, do povo e do país.

Num momento tão difícil na vida do nosso povo, esse reforço a todos os níveis, é vital para conduzir a luta que se impõe em todas as frentes. Na frente do trabalho unitário, no desenvolvimento da luta e das organizações e movimentos de massas. Na intensificação da intervenção política do Partido visando a derrota do governo e da política de direita. Na preparação e realização das eleições legislativas.

Um reforço que pressupõe um grande empenhamento na continuação da concretização das orientações do XIX Congresso e na Resolução do Comité Central de 16 de Dezembro de 2013 “Mais organização, mais intervenção, maior influência – um PCP mais forte”.

Desde logo, como aqui foi realçado, a necessidade de levar até ao fim a acção de contacto com os membros do Partido, entregando o novo cartão, actualizando os seus dados, criando melhores condições para uma maior, mais profunda e mais intensa acção política, envolvendo mais militantes.

Tem sido um trabalho muito importante o que tem sido feito. Permitiu-nos conhecer melhor a organização, ligar de forma organizada mais militantes, potenciando a nossa influência. Isso viu-se até no aumento de novos recrutamentos neste último ano de 2014.

Recrutamento de novos militantes que precisamos de dar mais atenção e tratar com mais audácia. Temos avançado, como o provam as praticamente sete centenas de adesões nestes quatro anos, mas como afirma a Resolução da nossa Assembleia estamos aquém das possibilidades de alargamento das nossas fileiras, tendo em conta o grande prestígio do Partido e do trabalho dos comunistas neste distrito.

Mas igualmente a necessidade de avançar mais na estruturação da organização partidária e melhorar o seu funcionamento, dando prioridade ao reforço da organização e intervenção do Partido junto da classe operária e dos trabalhadores, nas empresas e locais de trabalho, dinamizando as organizações locais, estruturando o trabalho junto de outras camadas, sectores sociais e áreas de intervenção específicas, nomeadamente dos intelectuais e quadros técnicos e das classes e camadas sociais anti-monopolistas.

Têm sido dados passos muito significativos na criação e reactivação de células de empresas e de locais de trabalho, mas precisamos de envolver neste trabalho mais meios e mais quadros, tendo em vista as grandes empresas industriais e os sectores estratégicos, como os transportes, a merecer uma redobrada atenção e acompanhamento, tendo em conta os processos de privatização.

Mas trabalhar para reforçar o Partido é ter um Partido mais activo com uma intervenção mais intensa na batalha ideológica; com a intensificação da propaganda e da divulgação da imprensa do Partido, o «Avante!» e «O Militante»!

É defender e reforçar a independência financeira do Partido, em que se integra a Campanha Nacional de Fundos “Mais espaço, mais festa, futuro com Abril” para a compra da Quinta do Cabo e alargamento do terreno da Festa do Avante, e preparar ao mesmo tempo o êxito da Festa do Avante!

É superar o objectivo não atingido de garantir o equilíbrio financeiro em todas as organizações concelhias, levando mais longe o trabalho de cobrança de quotização e de recolha de fundos para o Partido.

É necessário um PCP mais forte e é possível um PCP mais forte. Com a vossa participação e empenho vamos consegui-lo!

Somos um Partido independente, com a sua natureza de classe, o partido da classe operária e de todos os trabalhadores e que o povo sempre pode contar.

Um Partido que se orgulha do seu passado, da sua história. Um Partido que se orgulha da sua identidade comunista e que todos os dias se renova e revitaliza a pensar nos combates de hoje e de amanhã em defesa dos trabalhadores, do povo e por um país de progresso, mais justo, mais livre e mais democrático. Um partido portador de um projecto de futuro. O partido portador de soluções que toma a iniciativa e avança na luta que continua por uma política patriótica e de esquerda, por uma democracia avançada, inspirada nos valores de Abril, pelo socialismo e o comunismo.

É este Partido, cujo aniversário temos estado a celebrar por todo o País, e é este Partido que se impõe fortalecer com a concretização na prática das medidas e orientações que agora decidimos com a aprovação da Resolução Política desta nossa IX Assembleia.

Sabemos que os combates que se perfilam no horizonte são duros, mas nós temos confiança que, unidos e com a luta do nosso povo, seremos capazes de abrir o caminho a um Portugal com futuro!