Declaração de voto de João Ferreira no Parlamento Europeu

O Pacto Ecológico Europeu

A instrumentalização de genuínas preocupações ambientais dos povos com o objetivo de intensificar a acumulação capitalista, alargando-a a novos campos, transformando em negócios essas preocupações ambientais, sem realmente resolver os problemas que lhes estão subjacentes: eis, em grande medida, o significado do "Pacto Ecológico Europeu" apresentado pela Comissão Europeia. Esta resolução adota toda uma visão neoliberal, indissociável de muitos dos problemas ambientais que enfrentamos (a par dos inúmeros problemas económicos e sociais), e que é bem patente, por exemplo, nas considerações que faz sobre o sector energético. Mais uma vez, elogia-se o mercado de carbono e defende o seu alargamento, pese embora conhecidos resultados desastrosos. Rejeitamos a monetização da natureza, o negócio das licenças para poluir. Defendemos a substituição da atual abordagem de mercado por uma normativa, com o fim do mercado de carbono. A efetiva concretização de objetivos de defesa do ambiente e o combate às alterações climáticas exigem uma mudança profunda das políticas vigentes (agricultura, comércio, energia, transportes, desenvolvimento). A resolução, pelo contrário, situa-se no campo da defesa da manutenção destas mesmas políticas, às quais apenas tenta acrescentar uns convenientes floreados verdes. Votámos contra. As alterações que apresentámos à resolução - chumbadas pelos que partilham a visam nela plasmada - sinalizam um outro caminho, possível e necessário.

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