Intervenção de Paulo Neto, Membro do Executivo da Direcção da Organização Regional do Algarve, XIX Congresso do PCP

Organização Regional do Algarve

Organização Regional do Algarve

Camaradas,

Uma saudação em nome da Organização Regional do Algarve ao XIX Congresso do PCP.

Falo-vos de uma região onde durante anos se procedeu a um criminoso abandono do aparelho produtivo, onde se fecharam fábricas, se destruiu parte da frota pesqueira, se encerraram muitas das explorações agrícolas, em detrimento da especulação imobiliária, da construção civil sem rei nem roque e da imposição da mono-actividade do turismo.

Em vez do investimento na actividade produtiva regional, na melhoria das vias de comunicação, no melhoramento dos portos algarvios, na construção de infra-estruturas nucleares como é o caso do Hospital Central do Algarve, assistiu-se à proliferação de campos de golfe, à construção de estádios e autódromos, à edificação de resorts de luxo que servem tudo, menos os interesses da população.

A lógica do lucro fácil e imediato da exploração capitalista, o processo de integração capitalista na União Europeia e décadas de política de direita conduziram a região à sua pior crise desde os tempos do fascismo.

Uma crise que se agrava a cada dia que passa por via da concretização do Pacto de Agressão que PS, PSD e CDS assumiram com a União Europeia, o BCE e o FMI.

Ao trabalho sazonal e mal pago e à precariedade em larga escala, juntam-se agora o empobrecimento acelerado em função do desemprego (com a maior taxa do país), do roubo nos salários, do corte nas prestações sociais, da praga dos salários em atraso. Há hoje pobreza e há também fome no Algarve.

Há milhares de micro e pequenas empresas que, ou já fecharam, ou estão em risco de encerrar como é o caso da restauração e do pequeno comércio. O investimento público está literalmente parado, com escolas que ficaram por concluir ou as obras de requalificação na EN125 novamente adiadas.

Os serviços públicos estão a ser estrangulados com a ameaça de encerramentos na área da saúde, na educação, ou na justiça, como é exemplo o tribunal de Monchique. As populações são sistematicamente abandonadas como se comprova pela falta de prevenção e apoios às vítimas dos incêndios florestais, ou mais recentemente, com os danos provocados pelo tornado em Lagoa e Silves.

A imposição de portagens na Via do Infante foi mais um exemplo do assalto à população para favorecer o grande capital. Um ano de roubo, de atraso e retrocesso económico, contra o qual, o PCP foi a única força política que de forma coerente combateu este objectivo.

Camaradas,

É com o PCP que os trabalhadores e o povo do Algarve podem contar. Desde o último Congresso, com uma acção determinante dos comunistas, a luta de massas no Algarve alargou-se e intensificou-se.

Às muitas lutas sectoriais que foram travadas – como foram os casos da luta contra o despedimento de centenas de trabalhadores da Groundforce; da luta contra os salários em atraso no grupo Carlos Saraiva no sector da hotelaria; das acções desenvolvidas pelos mariscadores e viveiristas da Ria Formosa; da luta das populações contra a extinção de freguesias – juntaram-se também, grandes acções de convergência que demonstram uma crescente consciência e disponibilidade para a luta, como aliás, foi visível na Greve Geral do passado dia 14 de Novembro promovida pela CGTP-IN e que representou uma das maiores jornadas de luta realizadas na região.

Conscientes de que só com o alargamento e intensificação da luta de massas será possível travar a política de desastre nacional, e abrir caminho a uma política patriótica e de esquerda, daqui reafirmamos o nosso sólido compromisso de prosseguir a luta, de contribuir para o reforço das organizações e movimentos de massas, de mobilizar os trabalhadores e as populações do Algarve para que se juntem a nós, dando mais força ao PCP.

Camaradas,

Orgulha-nos o facto de no Algarve, desde o último congresso, mais de 200 camaradas terem aderido ao Partido Comunista Português. Perante tudo quanto está a acontecer, aderir ao PCP é uma opção cada vez mais justa e necessária. Um acto consciente de quem, recusando as injustiças e a exploração, quer abraçar o mais belo dos ideais, o ideal comunista.

Apesar das muitas dificuldades e insuficiências que temos no nosso trabalho, queremos aqui valorizar o facto de em 2011, 20 anos depois, o PCP ter recuperado um deputado eleito na região.

Reforçar a organização do Partido junto das empresas, progredir na estruturação da organização partidária, alargar a recolha financeira, divulgar e vender a nossa imprensa, intensificar a iniciativa, política são tarefas permanentes que estiveram presentes na preparação deste nosso XIX congresso.

Um congresso que apesar de preparado em condições muito exigentes, designadamente pela resposta que foi necessário dar à ofensiva do governo PSD/CDS, contou com a presença nas suas diferentes fases de mais de 1200 Militantes do Partido e cuja participação confirmou um amplo consenso em torno dos documentos que estiveram em discussão.

Um congresso que confirmou a identidade comunista do PCP. Um congresso que afirmou o Programa de uma democracia avançada, como parte integrante da luta dos comunistas pelo socialismo e o comunismo.

Pelos valores de Abril no futuro de Portugal, a luta continua!

Viva a luta dos trabalhadores e do povo
Viva o Partido Comunista Português.

  • XIX Congresso do PCP