Mensagem de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral

Abertura da Festa do «Avante!» 2020

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Benvindos à Atalaia/Quinta do Cabo.

Saudações aos vizinhos da Festa, à juventude, aos democratas e amigos da Festa do Avante!.

Saudação fraterna aos construtores da Festa que em condições excepcionais a ergueram a pulso, a todos os que vão garantir o seu funcionamento, tomando todas as medidas necessárias no plano da protecção sanitária, – incluíndo aquelas que vão para além das normas exigidas em qualquer espaço comercial, qualquer praia, actividade religiosa ou de rua e outras iniciativas – num espaço de 300 mil metros quadrados com a música, o teatro, o cinema, a cultura, fazendo ressurgir também aqui o pulsar e o fruir da vida nas suas diversas dimensões.

Durante décadas, salvo as devidas excepções, a Festa do Avante!, em particular as imagens do nível de participação nos comícios, foram escondidas, censuradas, arquivadas, para concluirem que «a coisa estava fraca». Agora, supreendentemente, muitas das peças que nunca viram a luz do dia, passam e repassam, para concluir que «vai haver gente a mais»!

Usando um autêntico arsenal mediático, aproveitando as preocupações legítimas em relação ao surto epidémico, o que realmente pretendiam e pretendem é pôr em causa direitos políticos constitucionais.

Figuras destacadas da direita, ex-governantes bem conhecidos, como se tivessem tido um rebate de consciência pelo mal que fizeram ao direito à saúde dos portugueses e ao Serviço Nacional de Saúde, à rede pública de saúde com a desvalorização de serviços, encerramento de milhares de camas, redução do número de profissionais, que castigaram também nos seus salários, nos seus horários, nas suas carreiras, vêm à praça pública invocar hipocritamente razões sanitárias para impedir a Festa.

Não querem que haja Festa como não queriam as celebrações do 25 de Abril, nem a jornada de luta do 1.º de Maio. Não queriam, nem querem a Festa porque estão conscientes do agravamento da situação económica e social em que sectores do capital se vão aproveitar para despedir, cortar salários e direitos, aumentar as injustiças e desigualdades e ficar com a parte de leão dos apoios financeiros.

Para além da Festa, não querem que os trabalhadores se mobilizem e lutem e muito menos que o PCP seja voz e força combatente, dê ânimo e confiança a todos que estão preocupados com as suas vidas, Partido portador de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, que não abdica de nenhum espaço para propôr nomeadamente medidas de valorização do trabalho e dos trabalhadores, em particular a valorização dos salários e o aumento do Salário Mínimo Nacional e o combate à precaridade, medidas que tenham em conta a valorização das reformas e pensões e de protecção social, que apontem no reforço dos serviços públicos em particular da saúde e da Segurança Social, que aposte, como desígnio nacional, pôr o País a produzir aquilo que nos obrigam a comprar lá fora, valorizando o mercado interno e a actividade dos criadores da arte e da cultura, das micro, pequenas e médias empresas, e os produtores e agricultores.

Sim querem-nos quietos, confinados, calados e com temor, porque sabem o que aí vem. Querem que abdiquemos do que a vida tem de mais belo e realizador, libertos dos nossos medos, reencontrar o convívio e as amizades, a cultura, os concertos de diversos estilos de música, descobrir as levadas da Madeira, ouvir o cante do Alentejo e o fado, a apresentação de um livro, assistir à peça de teatro ou ao momento do cinema, participar num dos debates que vão preencher 60 horas nos 3 dias da Festa, dar sentido e expressão concreta à solidariedade internacionalista, à luta pela paz.

Sim, camaradas e amigos. Respeitemos e cumpramos todas as medidas de protecção sanitária. Usemos a máscara de acordo recomendado. Mas não deixemos que nos tapem os olhos em relação à necessidade de continuar a estar e a lutar onde sempre estivemos – com os trabalhadores, com o povo português, sejam quais forem as circunstâncias, luta inseparável do exercício dos direitos, liberdades e garantias constitucionais.

Para que a nossa Festa seja mais uma vez espaço e momento de alegria, tranquilidade com energias redobradas para fazer boa cara ao mau tempo.
Declaramos aberta a quadragésima quarta edição da Festa do Avante!.

Viva a Festa do Avante! !
Viva o Partido Comunista Português !

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