Declaração de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral

Sobre os resultados das eleições para o Parlamento Europeu 2019

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1. O resultado da CDU, não só é particularmente negativo para a defesa dos interesses do povo e do País no Parlamento Europeu, como não corresponde quer ao ambiente de apoio expresso durante a campanha, quer ao reconhecimento que continuadamente foi feito do trabalho da CDU no Parlamento Europeu e da contribuição decisiva do PCP e do PEV para o percurso de avanços nas condições de vida alcançados, nos últimos três anos e meio.

Com este resultado é a defesa dos interesses do povo e do País no Parlamento Europeu que saem fragilizados. Se as eleições agora realizadas se revestiam de inegável significado, as eleições legislativas de Outubro próximo serão o momento decisivo para determinar o rumo da vida política nacional e a vida do povo português para os próximos anos.

O resultado de hoje deve constituir sinal de alerta para todos quantos têm nas suas mãos o poder de decidir se querem, com o reforço da CDU, fazer avançar o País e as suas vidas, ou se querem correr o risco de andar para trás e perder o que se conquistou em direitos, salários e pensões de reforma.

O resultado agora verificado só reforça a necessidade de se ampliar a consciência em mais e mais portugueses que o reforço da CDU nas eleições legislativas de Outubro é a condição central para que o que foi conquistado com a luta e a persistente acção do PCP e do PEV não ande para trás, e para que se avance na defesa, reposição e conquista de direitos.

O que importa neste momento sublinhar é que o reforço da CDU é o elemento decisivo para avançar com uma política alternativa, patriótica e de esquerda, liberta das imposições da União Europeia e do Euro.

2. Ao povo português estão colocadas importantes opções quanto ao futuro. A CDU, com a luta dos trabalhadores, teve um papel decisivo em todos os avanços alcançados, seja o aumento das reformas e a reposição do subsídio de Natal por inteiro, a redução dos preços dos passes sociais dos transportes públicos, a valorização dos abonos de família, a gratuitidade dos manuais escolares, a redução dos impostos sobre os rendimentos do trabalho.

Olhando para o futuro, a CDU aponta a necessidade do desenvolvimento da luta contra as normas gravosas da legislação laboral, contra a precariedade e a desregulação dos horários de trabalho.

A CDU coloca como uma emergência nacional o aumento geral dos salários para todos os trabalhadores, incluindo do aumento do salário mínimo nacional para 850 euros.

A CDU sublinha a exigência de avançar e dar resposta imediata ao financiamento dos serviços públicos, a começar pelo Serviço Nacional de Saúde, a Escola Pública, a Segurança Social Pública, ou o aumento da oferta de transporte público para corresponder às necessidades e dar resposta aos problemas ambientais, bem como ao direito à habitação.

A CDU afirma a necessidade e assume-se como força portadora de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, e da alternativa política que dê resposta aos problemas nacionais e assegure um Portugal desenvolvido e soberano.

3. Antecipando as leituras daqueles que tudo fizeram para menorizar a CDU e a sua intervenção, recorda-se que o importante resultado obtido em 2014, tem de ser observado no quadro de uma conjuntura marcada pela aplicação do Pacto de Agressão, período em que a percepção do papel e consequências das imposições da União Europeia sobre o país se faziam sentir de forma mais nítida.

O resultado da CDU não pode ser observado separado de uma intensa e prolongada operação de desvalorização da sua intervenção e do seu trabalho, de campanhas difamatórias, de animação de preconceitos e de uma meticulosa acção para menorizar a campanha e perspectivas eleitorais da CDU que conviveu com a descarada promoção de outras forças políticas. Uma orientação e opção que se compreendem, já que é a CDU, pelo que representa e defende, que o capital monopolista e os sectores mais reacionários temem como obstáculo aos seus projectos de submissão do País e de liquidação dos direitos dos trabalhadores.

4. Como se afirmou, mais força à CDU daria melhores condições para intervir em defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo. Nas condições actuais a CDU não deixará de prosseguir a sua intervenção para afirmar e se bater pelo desenvolvimento soberano do país e pela elevação das condições de vida do povo.

5. A CDU saúda os milhares de portugueses que, com o seu voto, deram uma contribuição decisiva para a acção de esclarecimento e mobilização para o voto na CDU. A todos quantos deram o passo de transformar o seu apoio e reconhecimento pelo percurso de seriedade e coerência em voto, designadamente os que o fizeram pela primeira vez. A todos eles reafirmamos o nosso compromisso de honrar sempre a palavra dada, de intervir em defesa dos trabalhadores e do povo, dos seus direitos e aspirações. Todos podem contar com a CDU para estar ao seu lado na defesa dos seus interesses e para com eles construir uma vida melhor.

A CDU saúda os candidatos e os milhares de activistas que ergueram a campanha de esclarecimento e mobilização que não só constituiu o factor decisivo para o resultado da CDU como ampliou na consciência dos trabalhadores e do povo as razões e responsáveis pelos constrangimentos ao desenvolvimento soberano impostos pelo processo de integração capitalista, a urgência da ruptura com as opções que moldam a política de direita e da construção de alternativa política.

Andar para trás não, avançar é preciso – o que implica dar mais força à CDU.