Intervenção de Jorge Pires, Membro da Comissão Política do Comité Central, Encontro Nacional «Alternativa patriótica e de esquerda. Soluções para um Portugal com futuro»

Apoiantes, ligação às massas e de convergência de democratas e patriotas na perspectiva da alternativa

Apoiantes, ligação às massas e de convergência de democratas e patriotas na perspectiva da alternativa

Camaradas, Amigos convidados,

O ciclo eleitoral de 2019 constitui um exigente processo de intervenção política e organizativa, que reclama uma empenhada mobilização de todo o colectivo partidário. Estas eleições que colocam o País, os trabalhadores e o povo português perante opções muito importantes quanto ao seu futuro, exigem uma abordagem e intervenção integradas que, dando respostas às especificidades de cada uma das eleições, assegure uma acção convergente do conjunto do Partido.

A justa intervenção partidária, o amplo reconhecimento do trabalho desenvolvido pelos eleitos comunistas no PE, na AR, a ligação aos problemas concretos e aspirações dos trabalhadores e das populações, levam que, ainda que com consciência das exigências que envolve, seja com validada confiança que o colectivo partidário enfrentará o próximo ciclo eleitoral.

Neste quadro político e eleitoral, a assumpção do trabalho político unitário como instrumento importante para a ligação às massas, concretizando de forma regular o diálogo e a acção comum com pessoas e sectores democráticos, aliado ao contacto com organizações, movimentos, estruturas e instituições, é fundamental.

Diria mesmo decisivo para o cumprimento dos nossos objectivos políticos e eleitorais, ir ao encontro de milhares de homens e mulheres que já mostraram disponibilidade para a acção comum. Em muitos casos falta-lhes apenas dar um pequeno passo em frente.

A realização de iniciativas e contactos individuais com carácter regular é indispensável para o seu envolvimento e para lhes dar a conhecer as posições do Partido e da CDU e as propostas para uma política patriótica e de esquerda, mas no imediato importa ganhá-los para a manifestação do apoio à CDU, quer nas eleições para o PE, quer para a AR, quer nas eleições para a ARM.

A tarefa de conquistar apoios para a CDU, é uma tarefa de todo o Partido e deve ser concretizada por todo o Partido.

Ao longo da nossa existência como Partido, tivemos várias experiências muito interessantes e com resultados muito positivos, que confirmam que o contacto individual, ou com grupos reduzidos, permitiu esclarecer, aproximar posições e mobilizar, entre outros objectivos, para o voto.

A vida já nos ensinou que muitas vezes quando chegamos à conversa com os potenciais apoiantes, já é tarde, já assumiram outros compromissos. A organização e concretização dos contactos, nesta fase é uma prioridade. Não podemos perder mais tempo.

É fundamental ir já para o terreno recolher apoios.

Avançar com a formação de comissões de apoio à CDU e com listagens de apoiantes.

Empenharmo-nos na distribuição (já em curso) e recolha do postal de apoio à CDU, junto de dirigentes e activistas sindicais e outros membros de ORT.

É preciso identificar esses potenciais apoiantes, muitos dos quais estiveram ao nosso lado nas pequenas e grandes lutas, seja nos locais de trabalho ou nas lutas mais gerais e ir à conversa sempre com a convicção de que é possível trazê-los para o lado certo, sem sectarismo e com a consciência de que existem diferenças, que o ponto de partida é diferente, mas que essas diferenças poderão ser esbatidas.

Este é um momento para a convergência e unidade com os democratas e patriotas, dos homens e das mulheres de esquerda, dos trabalhadores e do povo, pela exigência de ruptura com a política de direita e pela afirmação de uma alternativa patriótica e de esquerda, para afirmar o primado dos interesses nacionais.

É preciso afirmar que a opção hoje não é, entre conformar-nos com as limitações e dificuldades ou andar para trás. A opção é a de dar novos passos em frente.

Camaradas,

São as massas que, em última análise, poderão determinar uma deslocação para o apoio à CDU, de amplos sectores de opinião, incluindo na base social de apoio ao PS, criando as condições para uma alternativa à política de direita e à alternância no poder que tem marcado a vida nacional nestes últimos quarenta e três anos.

Tal com aconteceu com as grandes transformações democráticas realizadas com a Revolução de Abril, que só foram possíveis porque o Partido, a classe operária e as massas populares intervieram no processo como uma força única concentrada nas mesmas direcções e com os mesmos objectivos, também agora e como escreveu o camarada Álvaro Cunhal, «a ligação do PCP com a classe e as massas é uma ligação orgânica vital. A luta do Partido é inseparável da luta da classe operária e das massas, e a luta da classe operária e das massas é inseparável da luta do Partido.»

A opção hoje é romper com a política de direita e concretizar uma política patriótica e de esquerda e um governo que a concretize, objectivo que depende sobretudo, do esclarecimento, da consciência política, da força organizada, da vontade e da acção do movimento operário e popular, com a integração de outras camadas sociais e de sectores específicos que nos últimos anos e apesar de alguns avanços conseguidos devido à intervenção do nosso Partido, têm integrado a corrente de luta que se tem verificado, em defesa dos seus direitos e das suas aspirações específicas, como no caso:

- dos pequenos e médios agricultores, pela estatuto da agricultura familiar que foi aprovado e que agora exige a sua implementação e por uma Reforma Agrícola Comum que assegure a defesa da pequena e média agricultura e da soberania nacional;

- dos pequenos e médios empresários pelo apoio à sua actividade, nomeadamente na concessão de crédito e pelo fim do PEC, objectivo já conseguido;

- dos trabalhadores intelectuais pelas suas reivindicações específicas;

- dos homens e mulheres da cultura em defesa da democratização do acesso à fruição e criação cultural;

- dos jovens estudantes em defesa da Escola Pública, contra a existência de propinas e os jovens trabalhadores contra a precariedade dos vínculos laborais;

- dos magistrados judiciais e do Ministério Público em defesa dos seus estatutos no quadro da independência do poder judicial;

- dos profissionais das forças de segurança pela contagem do tempo de serviço e do pagamento, já decidido mas não pago, do suplemento em tempo de férias;

- dos professores, em defesa da Escola Pública e da contabilização do tempo de serviço efectivo;

- dos profissionais de saúde em defesa do SNS, existência de condições de trabalho dignas e a integração de todos nas carreiras com remunerações adequadas;

Convergência e acção comum, animada pelo objectivo de dar concretização a uma base política patriótica e de esquerda e dar suporte a um governo patriótico e de esquerda com base nas forças e sectores políticos, democratas e personalidades independentes – apoiado pelas organizações e movimentos de massas dos sectores não-monopolistas – que, identificando-se com os eixos e opções centrais dessa política, estejam animados pelo objectivo de dar solução aos problemas nacionais.

Uma alternativa inseparável do desenvolvimento da luta de massas, da ampliação da acção de convergência de todos os patriotas e democratas identificados com esse objectivo, do reforço da influência social e política do PCP e que exige do nosso Partido uma intervenção que contribua para o esclarecimento dos trabalhadores e do povo, de que o desânimo, a descrença, a falta de esperança, a abstenção, a desistência das escolhas políticas e eleitorais que melhor podem defender os interesses do povo da política de direita, só ajudariam à continuação da política de direita.

Aos trabalhadores, aos democratas e patriotas, ao povo, apelamos para que acreditem nas suas própras forças e convirjam no objectivo de recuperar para o povo português o direito de sermos nós próprios a decidir sobre o rumo que queremos para o nosso País, e que reajam contra desalentos e resignações.

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