Intervenção de Margarida Botelho, Membro da Comissão Política do Comité Central, Encontro Nacional «Alternativa patriótica e de esquerda. Soluções para um Portugal com futuro»

Ofensiva ideológica e ataques ao Partido

Ofensiva ideológica e ataques ao Partido

Camaradas,

Sabemos que o capital não perdoa a força e o papel que o PCP tem no país, e está disposto a tudo para o esconder e denegrir. Seja através de outras forças políticas, pelo silenciamento ou pelo ataque mais descarado.

O PSD, vinculado à agenda e aos interesses dos círculos mais reaccionários do capital monopolista e do directório da União Europeia, apesar das contradições internas, continua a ser o instrumento privilegiado para o aprofundamento da política de direita.

O CDS-PP mantém uma intervenção de instrumentalização populista de sectores e temas sociais, para procurar iludir a sua natureza profundamente reacionária e a sua agenda orientada para o ajuste de contas com Abril.

Ambos desenvolvem manobras atrás de manobras para se livrarem de responsabilidades no desastre em que deixaram o país. Defendem o contrário do que fizeram no Governo a que aspiram voltar se tiverem condições. Exploram demagogicamente insatisfações reais face a problemas que contribuíram para criar e que o PS não quer ultrapassar, por opção política. Querem degradar ainda mais os serviços públicos, desacreditar as funções sociais do Estado, abrir caminho à sua privatização, alterar o regime democrático.

O PS procura esconder convergências e compromissos com o PSD e o CDS em matérias centrais para o país e fará tudo até às eleições para chamar a si e valorizar medidas que por sua estrita vontade e opção não adoptaria, como nunca antes adoptou, noutros momentos em que foi Governo.

O Bloco de Esquerda, com quem convergimos muitas vezes no plano da Assembleia da República, assume posicionamentos e posturas taticistas que não acompanhamos, quer no plano da União Europeia e das concepções federalistas que o norteiam, quer nas políticas e nas prioridades de acção no plano nacional.

O PAN, sob o manto de preocupações com a natureza e os animais, adopta um discurso de intolerância, promove uma linha de incriminação, de estímulo à delação e de criminalização de hábitos sócio-culturais, que são em si mesmos um caldo de cultura perigoso.

Outros partidos, movimentos e candidaturas, uns mais requentados que outros, tentam esconder as suas ligações partidárias e económicas, dizem-se antipartidos e contra a corrupção, dividem artificialmente a sociedade entre “os políticos” e os outros, quando na verdade defendem alterações à Constituição, ideias retrógradas e populistas.

A operação política e ideológica que está em curso está bem para lá das eleições:

- Legítimos descontentamentos, inseparáveis da acumulação de problemas com origem na política de direita, são aproveitados para projectos reaccionários;

- Problemas reais são agigantados e dramatizados para os inserir na estratégia e nos objectivos políticos da direita;

-Promovem-se forças supostamente antipartidos e movimentações falsamente apresentadas como inorgânicas, como os coletes amarelos, contrapondo-as à luta organizada;

- Procura-se desvalorizar e pôr em causa o 25 de Abril, reabilitar o fascismo e promover forças de extrema direita;

- Procuram aproveitar desenvolvimentos internacionais, com destaque para o Brasil, para dar lastro a esta acção mais geral de promoção do populismo.

É uma acção que visa subverter o regime democrático e dar mais passos no processo contra revolucionário. Que procura identificar o Estado e o sector público com a corrupção, ilibar as responsabilidades da política de direita por trás da tese do Estado falhou, apelar a sentimentos racistas e xenófobos, incentivar acções que visam criar dificuldades gerais para depois as usar para os seus objectivos reaccionários.

É neste quadro complexo que devemos olhar para o silenciamento, os ataques e as provocações ao Partido e para a animação de preconceitos anticomunistas, seja aproveitando factos ou inventando-os. Atingir o Partido é atingir a principal força da resistência e da defesa dos valores de Abril, da liberdade e da democracia.

Tudo tem servido e tudo vai servir: a distorção de posicionamentos do PCP sobre os mais variados temas, da legalização da droga à tauromaquia, do glifosato à provocação da morte antecipada; as campanhas sistemáticas e alinhadas pelo departamento de Estado norte-americano sobre questões internacionais (Síria, Coreia, Angola, agora a Venezuela); deturpações sobre a forma como nos posicionamos perante o Governo minoritário do PS, oscilando entre sermos os que estamos sempre prontos a puxar o tapete ao Governo ou os que se batem por migalhas.

Nos últimos dias, instalou-se um frenesim e uma disputa entre os órgãos de comunicação social, a ver qual difama o PCP de forma mais sinistra.
A calúnia é uma arma muito antiga que o capital usa. Ainda ninguém tentou provar quantas criancinhas comemos cada um ao pequeno-almoço, mas vão-se aproximando. As peças das últimas duas semanas procuram atacar a credibilidade do Partido, atingir a reconhecida qualidade da gestão da CDU, dar a ideia de que o Partido é igual aos outros, minar a unidade do colectivo partidário. Para além disso, revela que há sectores que acham mesmo que os comunistas não podem trabalhar ou ter funções na administração pública, nem ter actividade empresarial. Acham mesmo que ser militante do PCP é motivo para desconfiar, excluir, usar métodos pidescos para inquirir. Coisas destas nós já vimos nas listas negras do mccarthismo, já vivemos no fascismo, não voltaremos atrás. Estamos na primeira linha da defesa das liberdades democráticas.

O PCP não se intimida. De campanhas mentirosas, tentativas de isolamento e perseguições grotestas está a nossa história cheia. Ultrapassámos todas falando verdade aos trabalhadores e ao povo, confiando na sua força e na sua luta, reforçando o Partido, em todos os planos.

Vai ser assim desta vez também!

Viva o PCP!

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