Intervenção de Ângelo Alves, Membro da Comissão Política do Comité Central, Encontro Nacional «Alternativa patriótica e de esquerda. Soluções para um Portugal com futuro»

A situação internacional e na UE e o impacto das eleições

A situação internacional e na UE e o impacto das eleições

Camaradas:

O quadro internacional em que vamos travar as próximas batalhas é extremamente exigente, complexo e instável e influencia as condições em que as vamos travar.

A luta de classes intensifica-se das mais diversas formas e com variadas expressões, mesmo que por vezes contraditórias.

O aprofundamento da crise estrutural do capitalismo cava mais fundo todas as suas contradições e acentua a sua natureza exploradora, opressora, predadora e agressiva.

Mas tal realidade encerra simultaneamente potencialidades de avanços da luta dos trabalhadores e dos povos e da acção revolucionária, bem expressas nas lutas e explosões de revolta em vários países, ou na capacidade de resistência à violenta ofensiva imperialista.

A verdade que a ideologia dominante tenta esconder com enormes campanhas de mistificação e manipulação é que o capitalismo está confrontado com os seus próprios limites históricos e se revela incapaz de ultrapassar as suas contradições. As desigualdades sociais e de desenvolvimento não cessam de se aprofundar e são uma das causas, a par com a guerra imperialista, dos crescentes movimentos migratórios. A financeirização da economia e a concentração do capital atingem níveis inauditos que farão estalar novos picos de crise económica e financeira. Os fenómenos como a corrupção, tráficos ilegais e actividades criminosas multiplicam-se, revelando a face de um capitalismo cada vez mais decadente, criminoso e parasitário.

O aprofundamento da crise estrutural expressa-se de forma crescente no plano político, com o capitalismo assumir formas mais reaccionárias e opressoras e com manobras de manipulação à escala de massas que alimentam agendas e forças de extrema direita por via da instrumentalização de problemas criados pelo próprio capitalismo.

A ideia da imaculada e imparável globalização capitalista é derrotada pela realidade social, económica, ambiental e das relações internacionais. As suas estruturas e centros de comando são percorridas por crescentes contradições e rivalidades.

As principais potências imperialistas debatem-se com a tendência de declínio do seu domínio hegemónico no quadro de um processo de rearrumação de forças de grande magnitude e complexidade.

A essa tendência o imperialismo responde com a guerra, com uma desembestada corrida armamentista, com a acelerada militarização da União Europeia no quadro da NATO, com uma violenta ofensiva de ingerência e agressão e com um crescente recurso ao fascismo que como sempre é acompanhado de um feroz anticomunismo e que tem como objectivo central levar mais longe a exploração e opressão capitalistas.

No contexto de uma crescente confrontação económica e geo-estratégica com países como a Rússia ou a China, a estratégia do imperialismo ameaça empurrar o Mundo para conflitos de dimensões catastróficas, fazendo com que a luta pela paz assuma hoje uma importância estratégica.
Os últimos dias convocam-nos mais uma vez a intensificar essa luta. A Venezuela bolivariana e o seu povo enfrentam mais uma tentativa de Golpe de Estado e é alvo da ameaça de uma agressão imperialista.

A estratégia é similar a muitos outros crimes do imperialismo. Boicote e asfixia económica, desestabilização interna com o apoio a organizações terroristas e fascistas, descarada ingerência externa e despudoradas mentiras que tentam transformar numa férrea ditadura uma democracia em que o legítimo presidente foi eleito com mais de 67% dos votos numas eleições com 200 observadores internacionais.

Os candidatos a carrascos do povo venezuelano e os seus megafones da comunicação social dominante acenam com a “insustentável situação” da economia e das condições de vida do povo venezuelano. Que desfaçatez camaradas! Que imunda hipocrisia! É que esses são exactamente os mesmos que estiveram por detrás da sabotagem económica; que impuseram sanções e instauraram o bloqueio económico e financeiro; e que roubam descaradamente os activos financeiros e outras riquezas venezuelanas para financiar o Golpe e a agressão.

Não camaradas, não é o povo venezuelano, a democracia ou a saúde económica daquele País que preocupa o imperialismo e o seu fantoche Guaidó. O que os move é voltarem a meter a mão nas enormes riquezas naturais daquele País. . O que eles não toleram é o facto de a Venezuela ter escolhido o caminho da soberania e da justiça social, e de ter dado uma contribuição central para avanços progressistas na América Latina.

É por isso que deste nosso Encontro nos dirigimos àquele povo, às suas forças progressistas, ao seu legítimo Governo e ao Presidente Nicolas Maduro para lhes garantir que contam e podem continuar a contar com a solidariedade do Partido Comunista Português e que com a sua luta e a nossa solidariedade, a Venezuela vencerá!

A tentativa de golpe na Venezuela encerra perigos que vão muito para lá das suas fronteiras. Aqueles que em Portugal alimentam e dão cobertura ao Golpe, seja por acção, seja por omissão ou falsas equidistâncias, serão responsáveis por decisões contrárias à Constituição da República e ao Direito Internacional e pelas consequências de uma possível agressão à Venezuela, nomeadamente para a comunidade portuguesa que ali vive e trabalha.

Como sempre, o Governo português invoca a vergonhosa posição da União Europeia para justificar o seu grave alinhamento com Trump, Bolsonaro, Macri e outros. É sempre assim camaradas. Foi assim na Jugoslávia, no Iraque, na Ucrânia, na Líbia, na Síria, nas Honduras e no Brasil, apenas para dar alguns exemplos. Para os mais distraídos aqui está a prova da submissão do Governo português à agenda e interesses do imperialismo e aqui está a prova que a União Europeia não é um contra-peso ao imperialismo norte-americano e à sua política belicista e de ingerência.

Pelo contrário camaradas, a União Europeia confirma-se cada vez mais um processo de natureza imperialista, explorador e reaccionário, usurpador da soberania nacional e dos direitos dos povos e gerador de inúmeras crises e de fenómenos como o crescimento da extrema-direita.

Mas é também um processo condenado historicamente. As lutas e os protestos em vários países da União Europeia, e os acontecimentos como a saída do Reino Unido, são expressão das crescentes contradições do processo de integração e da crescente contestação popular às políticas da União Europeia e às forças – direita e social democracia – que as aplicam.

É por isso que no caso do Reino Unido são usadas todas a munições de chantagem económica e pressão ideológica para tentar reverter a decisão soberana do povo britânico; e é por isso que está em curso uma gigantesca farsa política e ideológica que, chantageando os povos com o falso dilema de “ou a extrema direita ou a União Europeia”, visa aprofundar ainda mais os pilares neoliberal, militarista e federalista da União Europeia.

Mas a verdade camaradas é que a União Europeia é parte do problema e não parte da solução. Salvar a Europa dos grandes perigos com que os seus povos estão confrontados passa por lutar contra a União Europeia e derrotar os seus objectivos de submeter os povos da Europa ao domínio do grande capital e de um eixo franco alemão agora reforçado .

Como disse, a situação internacional é complexa e exigente, e tem influência nas condições em que vamos travar as próximas batalhas. Basta olhar para a agenda reaccionária e populista em desenvolvimento no nosso País, que como sempre vem acompanhada do mais feroz anti-comunismo.

Mas se é verdade que a situação internacional condiciona a nossa luta, também é verdade que a nossa luta condiciona o desenvolvimento da situação internacional.

Como é afirmando no Apelo Comum para as eleições do Parlamento Europeu subscrito por mais de duas dezenas de Partidos comunistas, progressistas e de esquerda e para o qual o PCP deu um contributo decisivo as lutas dos povos podem deter ataques e medidas bárbaras; podem abrir a via de transformações sociais de carácter anti-monopolista e anti-imperialista e proporcionar uma alternativa ao capitalismo e aos seus becos sem saída.

Assim é! As próximas eleições, têm, a par com a luta dos trabalhadores e do povo e do reforço orgânico e da influência social e política do nosso Partido, uma importância que transcende as fronteiras do nosso País.

É que:

Dar mais força à CDU é reforçar a luta de todos os que defendem os direitos sociais e laborais, que erguem a bandeira da soberania nacional e do direito dos povos à autodeterminação e ao desenvolvimento.

Dar mais força à CDU é é alargar a frente que por todo o Mundo luta pela paz contra as agressões, ingerências e guerras do imperialismo.

Reforçar o PCP e a CDU é somar força à força dos que estão na linha da frente na luta contra a opressão e o fascismo.

Dar mais força à CDU é reforçar a luta contra a União Europeia do grande capital, da guerra e das grandes potências, abrindo caminhos alternativos de cooperação solidária assentes na paz, no progresso e na justiça social.

Dar mais força à CDU é reforçar a solidariedade internacionalista, é dar mais força às forças revolucionárias e progressistas que na Europa e no Mundo cooperam para abrir caminhos de progresso, justiça e paz para toda a Humanidade e que por diversas vias e etapas prosseguem a luta pelo socialismo.

Dar mais força ao PCP e à CDU é no fundo, contribuir com a nossa própria força, para abrir as alamedas de esperança e confiança que mais tarde ou mais cedo, com as lutas dos povos, irão desaguar num Mundo melhor, na terra sem amos, sonho e projecto dos comunistas e do seu Partido, o Partido Comunista Português.

Viva a solidariedade internacionalista
Viva a CDU
Viva o Partido Comunista Português

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