Artigo de Honório Novo no «Jornal de Notícias»

«A próxima guerra»

Prossegue a barbárie feita de terror e de morte. A agressão deve entrar agora na fase conclusiva que a enorme desproporção de forças fazia há muito prever. Esta é uma certeza corroborada até pelos passos que os falcões estão já a dar. As deslocações que Powel fez, esta semana, para se encontrar com dirigentes europeus (e não só), mostram bem que o período pós-assalto ao Poder domina agora as atenções.

A táctica é simples e hipócrita: a parte suja está feita, não vamos perder mais tempo a discutir mortos e feridos, agora interessa a todos o negócio da reconstrução e repartição de despojos... Claro que a parte de leão foi já contratada a americanos (entre os quais o grupo até há dois anos liderado pelo vice-presidente Dick Chenney), há sectores que já estão adjudicados a ingleses, mas haverá ainda coisas importantes para franceses e alemães, alguns bons subcontratos para Espanha e uns aviões C130 para pagar ao ministro português aquela coisa das Lajes...

Também se fala da "reactivação" da ONU, aliás fundamental para tentar repor alguma "ordem nisto". Importa é saber em que base, com que objectivos e eficácia. É que é preciso recordar as referências de Rumsfeld à "colaboração" da Síria e Irão com Saddam, as insinuações sobre as respectivas armas de destruição maciça... Começam a aceitar-se apostas: qual será a próxima vítima "do eixo do mal anglo-americano"?

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