Intervenção de António Filipe na Assembleia de República

Sobre as jornadas parlamentares do PSD

Sr. Presidente,
Sr. Deputado Hugo Lopes Soares,

A sua intervenção foi sobre as Jornadas Parlamentares do PSD. As jornadas parlamentares são sempre um acontecimento relevante na atividade dos grupos parlamentares, mas, Sr. Deputado, a avaliar pelo conteúdo da sua intervenção, as Jornadas Parlamentares do PSD não terão sido particularmente interessantes. É que o Sr. Deputado referiu-se às propostas saídas das Jornadas Parlamentares, mas, efetivamente, não nos referiu que propostas serão essas, pelo que ficamos com muita expectativa de saber quais são as propostas que o PSD tem para apresentar ao País e, sobretudo, de saber se essas propostas vão no sentido de aumentar o investimento, de aumentar o rendimento disponível das pessoas — o que, segundo o PSD, põe em causa a confiança no País — ou se vão no sentido das políticas do Governo PSD/CDS, de aumentar a austeridade, de aumentar os sacrifícios sobre os portugueses de menores rendimentos, porque essa é que é a forma de conter o défice, de equilibrar as finanças públicas e de agradar às imposições que nos vêm da União Europeia. Portanto, estamos muito curiosos em saber quais são as propostas que o PSD vai fazer nos tempos mais próximos e em que sentido é que elas vão. Mas uma coisa é certa: de acordo com aquele que tem sido o discurso do PSD, quaisquer propostas que os senhores façam são criticáveis à luz do discurso do PSD. É que sempre que se anuncia alguma medida que venha no sentido de aumentar os rendimentos disponíveis para os portugueses os senhores criticam. Ouvimos líderes do PSD criticar a possibilidade de aumento das pensões, dizendo que isso punha em causa os esforços que o País andou a fazer em termos de equilíbrio das finanças públicas. Ou seja, qualquer medida de sentido positivo os senhores estão contra, mas, depois, vêm criticar dizendo que é preciso que haja mais investimento e que haja mais crescimento. Portanto, os senhores entendam-se, porque nós gostaríamos de saber, em concreto, o que é que têm a propor aos portugueses para que possamos avaliar, efetivamente, se o PSD quer continuar as políticas dos últimos quatro anos, os quatro anos em que esteve no Governo, porque parece que para o PSD e para o CDS aquele período foi uma caixa negra, em que não aconteceu nada!

Vou terminar, Sr. Presidente, mas gostava de dizer o seguinte: a avaliar pelo que tem sido o discurso do PSD desde novembro de 2015, em setembro de 2016 já não havia País! Isto porque o PSD já anunciou dezenas de vezes o dilúvio sobre o País, mas, efetivamente, esse dilúvio não se verifica. Os senhores falam muito de confiança, mas queria dizer-lhe, Sr. Deputado, que a única confiança que os portugueses tinham no tempo do Governo PSD/CDS era no dia das eleições, em que os senhores pudessem ser afastados do poder, como efetivamente foram.

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