Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Comício de apresentação da lista da CDU ao Círculo Eleitoral de Braga

A CDU é a garantia de um projecto alternativo de esperança para Portugal

A CDU é a garantia de um projecto alternativo de esperança para Portugal

As minhas cordiais saudações a todos vós e por vosso intermédio aos trabalhadores e ao povo do distrito de Braga.

Aqui estamos a apresentar a lista da candidatura da CDU às eleições para a Assembleia da República pelo Círculo Eleitoral de Braga.

A lista da CDU que acaba de ser apresentada é uma lista de gente séria, gente de trabalho, que aqui vive e luta em defesa dos trabalhadores e das populações.

É uma lista de candidatos conhecidos pela sua capacidade, generosidade e empenho nas mais diversas actividades desta região e na procura de solução dos seus problemas, que dá garantias de trabalho responsável, e capaz de os enfrentar com a determinação dos que têm fortes convicções e um desejo imenso de servir o seu povo.

Gente capaz de garantir uma intervenção diversificada, próxima da realidade de todos os dias dos trabalhadores, dos agricultores, pequenos e médios empresários, dos reformados, das mulheres e dos jovens.

Os candidatos que a CDU apresenta são uma garantia de que os deputados que em 4 de Outubro passarão a integrar os grupos parlamentares do Partido Comunista Português e do Partido Ecologista “Os Verdes” prosseguirão o reconhecido trabalho dos deputados eleitos pela CDU na Assembleia da República, caracterizado por uma intensa actividade e iniciativa, e por uma combativa intervenção na defesa dos interesses e aspirações populares.

Candidatos de uma força que se apresenta às próximas eleições de cabeça erguida e consciência tranquila, não apenas pelo papel que tem desempenhado na oposição e denúncia à política de direita que conduziu o País à grave crise em que se encontra e nos colocou na dependência de uma intervenção estrangeira, como pelo conjunto de iniciativas que tomámos nos mais diversos domínios em defesa dos interesses populares, deste distrito e do País.

De cabeça erguida porque soubemos honrar a palavra dada e respeitar os compromissos assumidos.

Isso está bem patente no trabalho realizado nesta XII Legislatura que agora acaba. Na Assembleia da República os deputados da CDU realizaram uma intervenção sem paralelo. Foram os que mais produção apresentaram nos quatro anos da legislatura.

No seu conjunto apresentaram cerca de 458 projectos-lei, cerca de 500 projectos de Resolução e 105 apreciações parlamentares, 30 audições temáticas e mais de 5 000 perguntas e requerimentos, num trabalho ligado às realidades concretas e aos problemas do País, feito na Assembleia e fora dela, na resposta às solicitações das populações e dos trabalhadores, dando voz e participando nas suas lutas, promovendo a denúncia e fiscalização da política do governo, combatendo as suas ofensivas políticas e legislativas e apresentando propostas alternativas para resolver os problemas do País.

Não foi apenas o número de projectos de Lei, de Resoluções, de perguntas ao governo ou de outras iniciativas parlamentares que mostram um profícuo trabalho realizado, centenas e centenas de iniciativas, mas o seu conteúdo nos domínios dos direitos dos trabalhadores com propostas para pôr fim aos cortes nos salários e reformas e para o aumento do salário mínimo nacional e de combate à precariedade com um programa nacional específico, no domínio da segurança social, em defesa da sua sustentabilidade e do reforço das prestações sociais, da fiscalidade visando desonerar trabalhadores e famílias, assim como micro e pequenos empresários, incluindo a reposição do IVA da restauração; da economia, designadamente em defesa da produção leiteira nacional. Uma vasta iniciativa e intervenção visando a renegociação da dívida, a revogação das PPP, o controlo público da banca, mas também em defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, nomeadamente do Serviço Nacional de Saúde e pela redução das taxas moderadoras, da Escola Pública, mas igualmente iniciativas com propostas para o desenvolvimento da ciência e cultura e em todos as outras áreas da nossa vida colectiva, nomeadamente contra os ataques ao Poder Local e extinção de freguesias, do ambiente e da conservação da natureza, mas igualmente nos domínios da justiça e contra as alterações do Mapa Judiciário.

Nós estamos convictos de que o povo português reconhecerá quão importante e útil tem sido o trabalho dos deputados da CDU e o contributo que têm dado para a solução dos problemas do País e do povo.

É também por isso que a CDU e as forças que a compõem, com a consciência do trabalho realizado, se apresentam perante os portugueses com a convicção de serem merecedoras da sua confiança.

Num momento em que permanecem as mais sérias ameaças sobre o povo português pela mão dos partidos da troika nacional – a troika da submissão do PS, PSD e CDS –, os portugueses precisam de ter na Assembleia da República quem os defenda e quem seja portador de um projecto alternativo de esperança para Portugal.

Os candidatos da CDU são, de facto, essa garantia!

As eleições legislativas do início do próximo dia 4 de Outubro constituem um momento da maior importância na luta pela ruptura com a política de direita e a concretização da viragem inadiável e necessária na vida nacional.

Eleições que são uma grande oportunidade para que os democratas e patriotas, para que todos os que aspiram a uma vida melhor, expressem a vontade de pôr fim ao caminho de empobrecimento, exploração, dependência e abdicação dos interesses nacionais que PSD, CDS e PS têm imposto ao País.

Estamos nesta batalha com uma grande confiança na possibilidade de continuar o caminho de afirmação da CDU e com o claro objectivo de prosseguir o nosso processo ascendente de reforço eleitoral, de forma a garantir um novo êxito que se traduza em mais votos e mais deputados e num substancial reforço do campo dos que se batem pela concretização de uma verdadeira alternativa patriótica e de esquerda para o País, e que têm na CDU a grande força capaz de protagonizar tal projecto de mudança e de ruptura.

O ambiente de simpatia e reconhecimento pelo papel das componentes da CDU, os apoios que estamos já a receber de muitos e muitos democratas e patriotas sem filiação partidária, levam-nos a estar convictos que é possível continuar a crescer e crescer bem, que o reforço da CDU em votos e deputados vai contar muito na definição da evolução futura do País.

Mas se partimos para esta batalha com uma grande confiança, seria ilusório não ter consciência de que a acção de esclarecimento, mobilização e convencimento que seremos chamados a erguer possa prescindir da exigente necessidade de dar resposta à corrente de mistificações e falsidades que serão lançadas para procurar perpetuar a política de direita e impedir a afirmação e concretização de uma alternativa patriótica e de esquerda.

Uma necessidade tanto mais evidente quando estamos já assistir a inadmissíveis mistificações e operações de propaganda fraudulenta e que mais não visam do que levar os eleitores ao engano e condicionar a sua opção de voto, às quais é preciso dar um firme combate.

Desde logo as que, partindo da coligação governamental PSD/CDS, visam: apagar as suas responsabilidades passadas seja no apoio a cada um dos instrumentos do anterior governo PS/Sócrates (dos Orçamentos de Estado aos PEC) seja na subscrição do Pacto de Agressão com o FMI, a União Europeia e o BCE; iludir as consequências da sua política patente no rasto de exploração e empobrecimento nacionais; apresentar o percurso de destruição de direitos e de afundamento económico e social como um mal necessário pelo qual o País teria de passar; anunciar um futuro radioso que, agora sim, se afiguraria realizável.

Tudo construído com recurso a leituras fantasiosas de indicadores económicos, à profusão de anúncios de novas promessas, à instrumentalização intensiva do poder e dinheiros públicos para condicionar e adquirir apoios eleitorais que lhes permitam escapar a uma derrota que sabem por certa em Outubro próximo.

Mergulhados no mais profundo descrédito popular, PSD e CDS, apresentaram há dias o seu Programa Eleitoral. Mas o seu verdadeiro Programa é o Programa Nacional de Reformas que o governo PSD/CDS enviou para Bruxelas. Um Programa assente no prosseguimento e intensificação da política dos quatro últimos anos. O verdadeiro programa do PSD/CDS podem os portugueses reconhecê-lo nas medidas brutais de empobrecimento e exploração impostas nos últimos quatro anos do governo.

Sim, o PSD e o CDS só têm para oferecer aos portugueses o pesadelo que foi a sua governação nestes últimos quatro anos!

Nós sabemos o valor das sondagens. Mas é interessante verificar como se empola a ideia de um empate técnico entre PSD/CDS e PS para alimentar a bipolarização política e se esconde o grande retrocesso de mais de 15% que as sondagens indicam em relação aos votos obtidos por PSD e CDS em 2011, para dar vida a essa ilusória ideia que ainda podem sonhar com a vitória.

É para nós claro que a direita será derrotada. Os que neste momento admitem e empolam a possibilidade de outro desfecho visam, alimentando receios, esconder os seus objectivos hegemónicos e dar força às manobras bipolarizadoras que alimentam a alternância sem alternativa, entre PS e PSD.

Derrotada que está a actual maioria, não tenhamos dúvidas, o perigo principal é o de destas eleições resultarem condições políticas e institucionais para a política de direita ser prosseguida por outras mãos, nomeadamente pela mão do PS.

Por isso é justo dizer que o que decide da possibilidade de se derrotar não só o actual governo como a política de direita e dar mais força à viabilidade de uma política alternativa patriótica e de esquerda, é o reforço da CDU.

Mas em matéria de mistificações e manobras o rol dos recursos dos protagonistas da política de direita é vasto. Algumas estão já a fazer o seu caminho e exigem dar-lhes um sério combate.

Em primeiro lugar àquela mistificação que não é nova de converter as eleições legislativas em inventadas «eleições para Primeiro-Ministro».

Querem fazer crer que a principal finalidade destas eleições é escolher um Primeiro-Ministro e que, como a toda a hora lhes dizem que um Primeiro-Ministro só pode sair do PS ou do PSD, são eles as únicas opções de voto.

Esta história dos "candidatos a Primeiro-Ministro" foi criada pelo PS e PSD precisamente para levar os eleitores ao engano.

As eleições são na realidade para eleger, não uma só pessoa, mas sim 230 deputados que não só irão influenciar a formação do governo como durante quatro anos serão chamados a debater e aprovar leis, a fazer opções decisivas sobre a política nacional e a fiscalizar a actividade do governo.

De facto, o elemento mais decisivo que se joga nas próximas eleições é o tipo de maioria que sair do resultado de 4 de Outubro (e o peso relativo que, dentro dela, cada força tiver) e quantos mais votos e mais deputados tiver a CDU mais peso terá uma política patriótica e de esquerda e mais força ganha a necessidade de uma mudança no governo do País.

Sim, as verdadeiras opções no próximo dia 4 de Outubro não são escolher entre Passos e Costa, mas escolher entre a continuação da mesma política ou optar pela ruptura e pela mudança, votando na CDU!

Em segundo lugar e com os mesmos propósitos está lançada outra manobra mistificadora assente na fantasiosa ideia da necessidade de uma maioria absoluta ou dos partidos do governo ou do PS que, nestas últimas duas semanas, assumiu contornos de inadmissível chantagem sobre o eleitorado e que tem a abusiva cobertura e promoção do Presidente da República e que visa apresentar como única alternativa os partidos que têm garantido o prosseguimento da política de direita.

Não se trata já e tão só da inocente cantilena da estabilidade para adormecer e iludir eleitores desprevenidos que já esqueceram o que significaram sempre as maiorias absolutas dos governos do PSD e do PS, mas para enfatizar a perigosa ideia da ingovernabilidade do País sem uma maioria absoluta.
Uns e outros falam e pedem uma maioria absoluta.

O problema está em saber: uma maioria absoluta para quê? Para realizar que política? Nós sabemos e a vida já o mostrou. Para continuar a política que empobreceu o País, o conduziu ao declínio e à dependência e tanto infernizou a vida dos portugueses.

Maioria absoluta que significaria um cheque em branco para aqueles que nunca cumpriram, quando no governo o que prometeram, antes executaram a política que serve os grandes interesses e contra os trabalhadores e o povo.

Mais do que nunca impõe-se denunciar os que com base na chantagem da “governabilidade” e “estabilidade” invocam a necessidade de uma maioria absoluta, como faz Passos e como o faz Costa, iludindo que é a “estabilidade” da política de direita que os move mesmo que isso signifique, como tem significado ao longo dos anos, a instabilidade da vida dos portugueses, dos seus rendimentos e direitos.

E esta ideia de garantir o objectivo da estabilidade da política de direita é bem traduzida na afirmação de Passos Coelho que veio recentemente defender naquela entrevista à SIC uma maioria absoluta para sua coligação ou para o PS.

Trata-se de uma declaração que evidencia o reconhecimento da identidade, no essencial, dos seus projectos. Por isso para eles tanto faz que a maioria absoluta seja deles ou do PS, que o importante é que o rumo da política de direita prossiga!

É também por tudo isto que não podemos calar a recorrente mistificação por parte do PS para procurar capitalizar o descontentamento presente em muitos portugueses com a acção do actual governo.

Seja por via da tentativa de cavalgar as declarações de Cavaco Silva sobre a “estabilidade e governabilidade”, seja por via da recorrente manipulação dirigida à capitalização do voto de eleitores de esquerda a pretexto de brandir o medo da “direita”.

Eles que andam há 39 anos no agora mando eu, no agora mandas tu, no mando eu, mais tu com os resultados que se conhecem e que afundaram o País.

Eles que em todos esses anos escolheram sempre governar com o apoio dos partidos que agora estão no governo. Foi sempre o PS que escolheu para aliados PSD e CDS.

E não se diga que teve que ser assim porque o PCP não quis acordos: mesmo com maioria absoluta o PS escolheu sempre a política de direita como opção.

É bom que nos lembremos que o PS governou com maioria absoluta entre 2005 e 2009. E sobretudo que nos lembremos o que isso significou de ataque a rendimentos e direitos dos trabalhadores e do povo que, como ainda a semana passada foi conhecido, o PS votou favoravelmente a larga maioria das propostas (139 em 231) que o governo PSD/CDS fez chegar na actual legislatura à Assembleia da República.

Registámos o que Ferro Rodrigues disse na Convenção do PS: “para ganhar eleições é preciso o apoio do centro (... ) para ter maioria absoluta os votos do povo de esquerda”!

Ou seja o que o PS confessa é querer arrebanhar os votos de esquerda para os colocar ao serviço da política de direita, a política de PS, PSD e CDS.

É bom que se saiba que em termos aritméticos cada deputado a mais na CDU pesa o mesmo que qualquer outro deputado do PS.

Com uma enorme diferença em termos políticos: é que cada deputado do PS servirá para prosseguir a política de direita e juntar-se, se necessário, aos deputados do PSD e CDS; cada deputado da CDU é uma garantia de que contribuirá sempre para uma política de esquerda e que nunca contribuirá para prosseguir a política de direita que os partidos da troika nacional têm prosseguido.

Cada voto a mais na CDU, cada deputado a mais que a CDU obtenha é um voto a menos e um deputado a menos no PSD/CDS e no PS. Ou seja, um voto e um deputado a mais na CDU é um voto e um deputado com que o povo conta para defender os seus direitos e tornar mais próxima uma política alternativa, um voto e um deputado a menos no prato da política de direita.

Não faltarão pois, as manobras para alimentar artificialmente diferenças e polémicas entre a coligação PSD/CDS e o PS onde sabem predominar convergências quanto a políticas essenciais, para animar por via dos chamados “duelos” televisivos e no tratamento bipolar da campanha e das sondagens a dramatização de uma disputa e de um confronto que sabem não existir no campo dos conteúdos.

A evolução da vida do País e a situação em que ele se encontra mostra bem quanta razão tínhamos ao afirmarmos que prosseguir a mesma política não só não resolveria nenhum dos graves problemas nacionais, como veríamos ainda mais agravadas as condições de vida dos portugueses.

Os portugueses têm razão para pedir responsabilidades a todos aqueles que, durante anos, com a sua política de direita nos conduziram à crise, os mesmos - PS,PSD/CDS-PP - que nos entregaram às mãos da troika e a um programa de exploração e empobrecimento que o governo do PSD-CDS-PP executou com inexcedível zelo, porque esse era o real programa de governo e sua real política.

Têm razão para pedir responsabilidades, porque vêem o estado de um País em declínio, empobrecido, cada vez mais endividado, dependente, saqueado no seu património e nas suas vidas com o desemprego, com a precariedade crescente que atinge quase um terço dos trabalhadores assalariados, com os cortes de tudo, salários, prestações sociais, nos direitos mais elementares, como o direito à saúde.

Um País onde a tragédia bateu à porta de muita gente e os dramas se avolumaram e continuam a avolumar, nas casas penhoradas e nas vidas que se perdem, na nova e velha pobreza de centenas de milhares, numa emigração colossal para a nossa dimensão de quase 500 mil portugueses, com consequências desastrosas para o futuro do próprio País, nos planos demográfico e económico.

Um País que não sai da situação de marasmo económico que vem desde o princípio do século e que nos últimos cinco anos fez recuar o PIB em termos reais 6,6% e levou ao encerramento e à falência milhares de empresas, enquanto o investimento sofreu um corte brutal, com consequências imprevisíveis para o desenvolvimento do País.

Um País com uma dívida insustentável, das maiores do mundo em percentagem do PIB e um serviço da dívida sufocante que se aproxima dos nove mil milhões de euros. Um sorvedouro que retira meios essenciais para criar emprego e melhorar as condições de vida do povo.

Um País que vê os trabalhadores depauperados por uma política de saque dos rendimentos do trabalho e das reformas. Um País crescentemente desigual pela acelerada degradação dos salários, uma situação que atingiu todos os sectores, com particular impacto nos trabalhadores da Administração Pública completamente esbulhados.

Um País onde campeia há muito uma profunda injustiça fiscal, agravada pelo maior aumento dos impostos sobre os rendimentos do trabalho de que há memória! Um autêntico confisco!

Deixam o País com uma situação deplorável de pobreza e com dois milhões e setecentos mil portugueses a viver abaixo do limiar da pobreza!

Deixam o País em retrocesso social e civilizacional, onde os serviços públicos essenciais para garantir os direitos à saúde, à educação, à segurança social, à cultura foram alvo dos mais brutais cortes e ataques que debilitaram esses mesmos direitos!

Um País onde o domínio do poder económico sobre o poder político se mantém e onde se desenvolvem com inapagável nitidez as teias de promiscuidade entre cargos públicos e interesses privados, novos casos de corrupção e de fraude económica e financeira.

É este o estado do País a que conduziram estes anos de política de direita e cinco anos de política de PEC e Pacto de Agressão de PS, PSD e CDS-PP.
É este também o resultado de três décadas de integração capitalista na União Europeia com o seu rol de imposições.

Aqueles que têm governado o País e o conduziram à grave situação em que se encontra vêm mais uma vez tentar convencer os portugueses que, com eles e sua política, estes anos negros estão a chegar ao fim.

Todos a tentar esconder que o seu projecto está formatado e vinculado às orientações do grande capital nacional e tansnacional e aos seus instrumentos de dominação com as mesmas consequências para o País e para a vida dos portugueses.

Mas há uma coisa que falta nesta lenga-lenga de promessas e horizontes risonhos. Ninguém dos actuais partidos que rodam na governação do País conseguiu explicar até hoje é porque e que os seus partidos – PSD, CDS e PS – que há 39 anos, sozinhos ou aliados entre si se sucedem no governo do País e o que permanece são os problemas nacionais graves e inquietantes e não os formidáveis e esperançosos horizontes que ciclicamente têm vindo a prometer aos portugueses.

Os portugueses que têm sido confrontados com brutais sacrifícios e vêem o seu País a definhar não podem deixar de reconhecer a comum responsabilidade de PS, PSD e CDS-PP, cujos programas para o futuro não têm nenhuma resposta nova e diferente para os problemas do País.

Programas para manter Portugal amarrado a uma dívida insustentável que lhe bloqueia o crescimento económico e consome os recursos disponíveis.
Programas de cega obediência às imposições e instrumentos da União Europeia que só significarão mais destruição de direitos, mais sacrifícios em vão, mais assalto aos rendimentos dos trabalhadores e do povo.

Programas de subordinação e entrega ao capital monopolista de sectores e empresas estratégicas que só conduzirão a mais saída de dividendos, a mais dependência económica.

É por isso que nós dizemos, e muito justamente, que o País precisa de colocar um ponto final nesta política. Que não basta mudar de governo, é preciso também mudar de política e abrir um caminho novo!

Portugal não está condenado.

O PCP apresentou o seu Programa Eleitoral para uma política patriótica e de esquerda.

Trata-se de um Programa que demonstra que há solução para os problemas nacionais.

Um Programa de ruptura com as receitas e caminhos que afundaram o País e com uma visão e objectivos opostos aos que conduziram Portugal ao declínio e empobrecimento.

Um Programa que, com confiança, afirma que o País tem saída e futuro. Há alternativa e os problemas têm solução.

Há uma outra política, patriótica e de esquerda, capaz de assegurar o desenvolvimento do País, o progresso social, a elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo, efectivar os seus direitos constitucionais, afirmar Portugal como nação soberana e independente numa Europa e num mundo de paz e cooperação.

Uma política não só indispensável e inadiável, como possível e realizável.

Realizável com a força e a luta dos trabalhadores e do povo português, com a inscrição como factor decisivo e estratégico do crescimento económico, com a afirmação determinada e firme do direito do País a um desenvolvimento soberano, assente na ruptura com as políticas e orientações do União Económica e Monetária, do Euro e dos seus constrangimentos, do Tratado Orçamental, da Governação Económica da União Europeia.

Realizável pela mobilização de recursos que a renegociação da dívida permite libertar, com a redução dos seus montantes e juros.

Realizável com os recursos que a política fiscal que propomos, por via da devida tributação sobre os dividendos, a especulação financeira, o património mobiliário e as grandes fortunas.

Realizável com a recuperação de importantes montantes hoje enterrados nos negócios das PPP e nos contratos swap.

O Programa que apresentámos assume o crescimento económico e o emprego como objectivos centrais da sua política. Só um crescimento sustentado e vigoroso, acima dos 3% do PIB, porá fim ao longo período de estagnação do País.

Uma politica que tem no desenvolvimento da produção nacional o motor da dinamização económica, da criação de emprego e do pleno aproveitamento dos recursos nacionais, a resposta para a dinamização do mercado interno e o incremento das exportações de maior valor acrescentado.

Um programa orientado para a valorização da agricultura para assegurar a soberania alimentar, apoiando a agricultura familiar: uma política para tirar partido dos imensos recursos do nosso mar, nomeadamente das pescas; uma política de reindustrialização do País.

Uma política de afirmação do papel do Estado na economia com a reversão das privatizações e a recuperação para o sector público dos sectores básicos estratégicos, no quadro de uma economia mista com um forte apoio às micro, pequenas e médias empresas e ao sector cooperativo.

Uma política que assume a valorização do trabalho e dos trabalhadores como eixo essencial de uma política alternativa e que assume sem rodeios o objectivo de valorizar os seus salários e direitos e o combate à precariedade.

Uma política dirigida ao bem-estar e à qualidade de vida de todos quantos vivem e trabalham no País.

Desde logo pela garantia do direito à saúde, objectivo inseparável do reforço do SNS e da ruptura com o subfinanciamento e a sua privatização; da defesa e valorização do Sistema de Segurança Social – público e universal – capaz de assumir o seu papel, elevando a protecção social dos trabalhadores, o direito à reforma e a uma pensão dignas, a protecção na maternidade e paternidade.

Uma política de efectivo combate à pobreza intervindo nas causas que lhe estão na origem.

Uma política que assume na educação esse objectivo maior de formação integral das crianças e jovens com afirmação de uma Escola Pública, gratuita, de qualidade e inclusiva onde seja assegurado a todos o direito ao conhecimento e a igualdade de oportunidades.

Uma política que garante as funções culturais do Estado e assume o conhecimento científico e técnico como força produtiva directa, indispensável ao desenvolvimento económico sustentado.

A política patriótica e de esquerda que o PCP propõe inscreve nos seus objectivos a afirmação da democracia e o cumprimento da Constituição da República.

Uma política que garanta os direitos dos cidadãos, o acesso à justiça, que combata decididamente a corrupção, que assegure a segurança e tranquilidade dos cidadãos, que afirme uma política de Defesa Nacional centrada nos princípios constitucionais.

Uma política patriótica e de esquerda que enfrenta os constrangimentos e condicionamentos externos e assume a afirmação de um Portugal livre e soberano num mundo e numa Europa de paz e cooperação entre Estados iguais em direitos.

Vamos iniciar uma campanha eleitoral para a qual precisamos de nos preparar com toda a determinação.

Uma campanha que afirme, com confiança, que há solução para os problemas do País. Que é possível com a força do povo, a sua luta e o seu voto, assegurar um outro caminho que rompa com o continuado rumo de desastre nacional.

Uma campanha que, com convicção, afirme que está nas mãos dos trabalhadores e do povo dar força, com o seu apoio e o seu voto na CDU, à exigência de uma política que lhes devolva o direito à plena realização das suas vidas.

Esta força que está pronta a assumir todas as responsabilidades que o povo português decida atribuir-lhe na construção de uma alternativa patriótica e de esquerda e no Governo do País, para concretizar uma nova política ao serviço dos trabalhadores e do povo.

Esta força que esteve sempre do lado certo, do lado da defesa da soberania e da independência nacionais, que rejeita a crescente submissão de Portugal à União Europeia e afirma o direito do povo português a decidir sobre o seu futuro.

Esta força que transporta um caudal imenso de esperança de que sim, é possível uma vida melhor, num Portugal de justiça, soberania e de progresso!

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