Intervenção de João Moreira, Membro da Direcção da Organização Regional de Viana do Castelo, XIX Congresso do PCP

Organização Regional de Viana do Castelo

Organização Regional de Viana do Castelo

Camaradas,

Em nome da Organização Regional de Viana do Castelo do PCP quero deixar aqui uma calorosa saudação a todos aqueles que participaram na discussão colectiva do XIX Congresso, demonstrando, mais uma vez, a profunda democracia existente no nosso Partido.

A preparação deste Congresso, no distrito de Viana do Castelo, além de registar um amplo acordo com os conteúdos dos documentos a debate, foi quer em número de assembleias realizadas, quer em participações, superior ao do anterior, demonstrando o forte empenhamento da organização. Não obstante, consideramos que estamos ainda aquém das potencialidades e necessidades do nosso distrito.

Vivemos e trabalhamos num distrito onde cada vez mais se aprofundam assimetrias. Por exemplo: todas as semanas somos confrontados com despedimentos em massa (caso da Leoni, que atirou para o desemprego mais de 800 trabalhadores), com o encerramento de empresas (caso da Milupos, Neivatex, Aurélio Martins e Regency), o trabalho precário prolifera, e somos ainda vítimas da destruição do aparelho produtivo e retirada de direitos aos trabalhadores em muitas empresas (que está bem patente no vergonhoso processo de privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, empresa símbolo da região e o único Estaleiro de Construção Naval do País com capacidade de projecto).

Na verdade, o processo de reprivatização dos nossos Estaleiros Navais é um crime. Um crime contra os trabalhadores e as populações, um crime contra a região, um crime contra o país. E esse crime tem responsáveis: o PS, o PSD e o CDS, que figurarão na História como os coveiros dos Estaleiros de Viana.

Mas esse crime vai ter beneficiário: o capital, que a preço de saldo vai ficar com uma das empresas de construção naval mais prestigiadas do mundo.

Como se já não bastasse, este Governo do PSD/CDS, como o anterior do PS, presenteia-nos com o encerramento de serviços públicos (urgências, serviços de saúde, valências hospitalares e dezenas de escolas do 1° ciclo do ensino básico) o que vem agravar ainda mais toda uma situação social que já por si é bastante precária.

Apesar das dificuldades, estes últimos anos têm sido de forte luta e resistência contra as políticas dos sucessivos governos da direita, como comprova a participação nas acções de luta promovidas pela CGTP.

Também nos locais de trabalho se tem feito notar a resistência contra o atropelo dos direitos dos trabalhadores, nas pequenas mas grandes lutas de que são exemplo a as manifestações dos trabalhadores do Estaleiros Navais de Viana do Castelo, as greves vitoriosas da Kratf (ex-Portucel) por aumentos de salários, a luta dos Bombeiros Municipalizados contra o uso abusivo da disponibilidade permanente a que estão sujeitos, pelo pagamento de todo o trabalho realizado para além do seu horário normal de trabalho, entre muitos outros exemplos.

Também na defesa dos serviços públicos as populações se fizeram ouvir, quer na defesa do Serviço Nacional de Saúde e contra o encerramento de Sap's, como são exemplo as manifestações em Valença Paredes de Coura, e Arcos de Valdevez. Também em Paredes de Coura é de sublinhar a luta contra o encerramento do tribunal.

Também a luta contra as portagens nas Scuts tiveram uma forte participação das populações afectadas por esta medida.

Camaradas,

O Partido tem estado atento e tem intervindo, fazendo documentos, apresentando requerimentos na Assembleia da República (muitos mais que qualquer outro partido com deputados eleitos pelo distrito – o que não é o nosso caso), reforçando a profunda ligação aos problemas concretos das empresas e locais de trabalho, bem como das populações.

Tome-se o caso dos Estaleiros de Viana. O nosso Partido, numa estreita ligação entre a célula dos Estaleiros e a direcção do Partido e o Grupo Parlamentar articulando a acção institucional coma a acção política e a luta de massas, apresentou diversas propostas que, a serem aprovadas, significariam que os Estaleiros, em vez de estarem parados (apesar de terem em carteira cerca de 250 milhões de euros em encomendas), estariam hoje a construir os navios asfalteiros para a Venezuela.

Estas são frentes de trabalho difíceis e, embora com avanços que nem sempre correspondem às reais necessidades, temos que insistir e lutar, de forma a aumentar a militância e organização do Partido bem como a sua influência social no distrito de Viana do Castelo.

Para que, como os trabalhadores dos Estaleiros Navais, muitos outros saibam que é com o PCP, e só com o PCP, que podem contar na luta pelos seus direitos.

Viva ao XIX Congresso
Viva ao PCP

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