Edgar Silva, Membro do Comité Central do PCP
Vivemos um tempo em que multidões de mulheres e de homens são
deixados à margem do desenvolvimento, como espectadores ou explorados
num festim para o qual poucos foram efectivamente convidados. Existe uma
massa de excluídos que o chamado desenvolvimento cria e multiplica.
Estranho desenvolvimento, que desune e desagrega.
A profundidade das desigualdades sociais, tendem, hoje, a ser ainda mais
agravadas. Em consequência de desastrosas orientações
políticas temos a ampliação do fosso que separa os
pobres dos ricos. Com a actual regressão social, é cada
vez maior em Portugal o número dos relegados para as periferias
sociais, os despossuídos.
É intolerável que depois de todos os fundos comunitários
o tamanho das desigualdades sociais e territoriais se tenha agravado.
É inaceitável que depois da propalada “torneira europeia”
de um milhão de contos/dia, para Portugal, tenhamos cerca de meio
milhão de desempregados, 23% da população na pobreza,
cerca de 200 mil portugueses passando fome. Trata-se do reverso mais visível,
e macabro, de um modelo de concentração de riqueza que faz
multiplicar a pobreza.
Esta realidade resulta da ofensiva em curso no nosso País, no
quadro da ofensiva global do Capitalismo, face à qual o nosso Partido
é indispensável. Não estamos condenados à
submissão a tão injusto sistema. Embora se apresente como
irresistível, não é fatal.
Para defrontar o sistema de injustiça que se apresenta como inevitável
existem homens e mulheres comprometidos numa difícil luta pela
transformação da sociedade, que aponta como objectivos a
Democracia, a abolição da exploração do homem
pelo homem.
Neste contexto, os valores profundamente humanistas que identificam o
PCP, a sua acção firme, corajosa e confiante é essencial
para que a esperança persista, para que a luta corajosamente prossiga
por um mundo outro, pelo Socialismo.
Na Região Autónoma da Madeira, desde o último Congresso,
a Organização Regional intensificou a sua intervenção
no combate à política de Direita. O PCP assumiu directamente
a mobilização da luta das populações e o apoio
à luta dos trabalhadores. E tem sido pela ligação
à vida e a partir dos problemas concretos das massas populares
que o PCP e a CDU se afirmam de forma gradual como forças consequentes
de oposição. Assim se compreendem os resultados eleitorais
alcançados.
Pelas potencialidades que encerra a luta das populações
e dos trabalhadores, o Partido deu especial destaque à dinamização
de justas reivindicações, impulsionou e organizou as populações
na defesa dos seus direitos. No apoio directo e nas diversas etapas reivindicativas
estiveram sempre os dirigentes do Partido, os eleitos no Parlamento Regional
ou no Poder Local, procurando assim contribuir para a consequente defesa
dos interesses das massas populares e para dar expressão organizativa
e pública à vontade colectiva, a partir dos lugares sociais
mais desfavorecidos.
No quadro da luta mais geral que o PCP desenvolve também na Madeira
reconhecemos o muito que é necessário fazer para reforçar
a influência social, política e eleitoral do PCP e da CDU.
De acordo com as Teses propostas a este Congresso, tudo faremos para que
o Partido seja, cada vez mais, o motor dos movimentos de massas, a força
motriz dos movimentos sociais no combate à Direita e às
suas políticas e na construção de uma alternativa
política de Esquerda.
Viva o 17º Congresso!
Viva o PCP!