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Despenalização do aborto e a urgência na concretização, por parte do Ministério da Educação, de um programa de educação sexual nas escolas
Intervenção de Bernardino Soares
Quinta, 30 Junho 2005

Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Helena Pinto,

Não posso senão con-cordar com algumas das questões suscitadas pela sua intervenção, designadamente no que se refere à importância da educação sexual e ao incumprimento a que a lei que temos no nosso País continua a estar votada. Embora divergindo do caminho a seguir, é tempo de esta questão ser resolvida na sociedade por-tuguesa, é tempo de termos definitivamente a despenalização da interrupção voluntária da gravidez sem mais tibiezas e sem mais hesitações.

Sr.ª Deputada, gostaria de colocar-lhe uma outra questão, que tem também a ver também com o cum-primento dessa lei.

Nos últimos dias, fomos confrontados com notícias que nos dizem que nem a actual, restritiva e insufi-ciente lei está a ser cumprida pelos hospitais portugueses; notícias que nos dizem que, por razões burocrá-ticas, propositadas ou não, por razões de desorganização, por razões várias, os hospitais não estão a dar a possibilidade de a actual lei ser cumprida. Julgo que isto é inaceitável e que o Ministério da Saúde não pode resumir a sua intervenção a fechar os olhos e a dizer que vai contratar estabelecimentos privados. Pode tomar essa opção, é certo, mas não podemos desistir de que o Serviço Nacional de Saúde cumpra a lei e dê resposta a esta situação.

Sr.ª Deputada, quero ainda dizer-lhe que o nosso grupo parlamentar teve conhecimento de algo absolu-tamente escandaloso. Trata-se de um regulamento interno do bloco de partos do hospital Amadora-Sintra, em que se impõe aos chefes de equipa médica ou de enfermagem desse serviço a denúncia das mulheres que apareçam no serviço de urgência com sinais de feto morto com lesões suspeitas. Isto consubstancia uma violação do segredo profissional imposta pela administração do hospital e uma política de perseguição às mulheres que recorrem aos serviços de saúde para se tratarem, muitas vezes de complicações do abor-to clandestino para que a lei continua a empurrá-las.

Isto é inaceitável! E o Ministério da Saúde tem de, imediatamente, pôr cobro a estes regulamentos ile-gais e às ilegais negativas dos hospitais ao cumprimento da actual lei, restritiva, injusta e completamente insuficiente e ultrapassada.