Partido Comunista Português
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Moção - Não ao Tratado que pretende estabelecer um constituição para a Europa
Sábado, 27 Novembro 2004
(Moção aprovada com 2 Abstenções)

1. Tendo em conta que o documento do novo tratado que pretende estabelecer uma Constituição para a Europa, assinado em 29/10/04, em Roma, depois de negociações pouco transparentes e sem debate público prévio, está, agora, sujeito à ratificação nos 25 Estados que fazem parte da União Europeia;

2. Considerando que este documento mantém toda a orientação neoliberal, dando toda a prioridade ao mercado, à generalização da concorrência, o que está na base do ataque aos serviços públicos, ao prolongamento da jornada de trabalho, à flexibilidade laboral, encorajando a regressão social nos diversos Estados membros, enquanto dá liberdade de acção aos grupos económicos e financeiros e às empresas multinacionais;

3. Considerando que as políticas da União Económica e Monetária na Zona Euro, com a aplicação dos critérios do Pacto de Estabilidade e das decisões do Banco Central Europeu estão a contribuir para agravar as desigualdades económicas, sociais e territoriais, a aumentar o desemprego, a pobreza e a exclusão social, como acontece em Portugal;

4. Tendo em conta que este "tratado constitucional" aprofunda a via de uma política militarista, subordinada à NATO, abre caminho a novas restrições aos direitos e liberdades dos cidadãos, designadamente dos imigrantes, em vez de aprofundar a via da paz, do desenvolvimento e da cooperação com os povos de todo o mundo;

5. Considerando que no seu artigo I-6º, se afirma que "A constituição e o direito adoptado pelas instituições da União, no exercício das competências que lhe são atribuídas, primam sobre o direito dos Estados-Membros", o que pretende consagrar, de facto, o primado do direito comunitário, quer originário, quer derivado, sobre o direito interno dos Estados membros. Situação que, aliada ao alargamento das competências exclusivas, designadamente na área da "conservação dos recursos biológicos do mar, no âmbito da política comum de pescas", como se afirma no artigo I-13º, põe em causa aspectos centrais da soberania portuguesa e interesses fundamentais dos portugueses;

6. Considerando que as alterações profundas ao nível das instituições, das estruturas e dos processos de decisão aprofunda a integração federalista, acentuando o domínio dos Estados mais poderosos, abrindo caminho à criação de directórios de grandes potências, a cada vez maior centralização do poder e da burocracia europeia, em vez de estimular e favorecer a participação popular na defesa do princípio da igualdade de direitos entre Estados soberanos;

7. Considerando que o PS, o PSD e o CDS acabam de aprovar uma pergunta para o referendo que é confusa, parcial e tendenciosa, o que contribuirá para desmobilizar as pessoas para o necessário referendo sobre o tratado constitucional, quando o que se exige é clareza, transparência e um debate pluralista e esclarecedor. E que se responda a uma questão essencial: qual a consequência do resultado do Referendo no processo de ratificação do Tratado pela Assembleia da República.


O 17º Congresso do PCP decide:

Dizer NÃO ao Tratado que pretende estabelecer uma Constituição para a Europa e apelar ao debate nacional democrático e pluralista visando um referendo com base numa pergunta que seja clara, precisa e objectiva, e cujo resultado seja obrigatoriamente tido em conta no processo de ratificação.