Partido Comunista Português
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Declaração de Jerónimo de Sousa, sobre a reunião do Comité Central
Segunda, 16 Outubro 2006
Foto - conf imprensa da reuniao do comité centralNa apresentação das principais conclusões da reunião do Comité Central do PCP, Jerónimo de Sousa sublinhouque «a intervenção dos comunistas na defesa de outra política para o País está materializada num numeroso conjunto de iniciativas e propostas» e anunciou «a convocação de uma Conferência Nacional sobre a Situação Económica e Social a realizar no 2.º semestre de 2007, com o objectivo de promover uma abordagem global e integrada dos problemas económicos e sociais do país e definir os eixos estratégicos de uma alternativa política, económica e social para Portugal». O Secretário-geral do PCP, depois de registar o Protesto Geral de 12 de Outubro como «a maior manifestação registada desde os anos 80, uma poderosa demonstração de indignação e protesto contra a ofensiva do Governo e do grande capital e uma indesmentível afirmação da luta pela exigência de uma alternativa política capaz de abrir caminho a um Portugal com futuro», chamou ainda a atenção «para os ataques a liberdades, direitos e garantias fundamentais que, a pretexto da chamada “guerra ao terrorismo”, se pretendem branquear e banalizar, legalizando práticas repressivas e de natureza fascista, como no caso dos sequestros, prisões secretas, tortura, assassinato político», expressando uma profunda indignação «pela decisão do Congresso dos EUA que expressamente “legaliza” o recurso a torturas como as da “estátua”, do sono e outras praticadas em Portugal pela PIDE» e exigindo «do Governo português a condenação inequívoca de tão grave decisão».

 

Sobre a reunião do Comité Central
Declaração de Jerónimo de Sousa,Secretário-geral do PCP

 
O Comité Central do PCP procedeu a uma análise da situação política nacional e internacional, tendo no plano nacional dado particular atenção às consequências da intensificação da ofensiva do Governo do PS contra direitos e conquistas sociais e à concretização de um conjunto de iniciativas visando a afirmação de uma política alternativa indispensável ao País e ao seu futuro. O Comité Central examinou também o desenvolvimento da luta dos trabalhadores e do povo português e definiu as principais linhas de trabalho para a sua actividade no futuro imediato.

No plano nacional, o Comité Central do PCP sublinhou como traços mais marcantes da actual situação política, a profunda identificação da acção do Governo com os principais objectivos do grande capital, a coincidência em áreas fundamentais das posições do PS e do PSD, com o patrocínio da Presidência da República, o desmantelamento da administração pública, das funções sociais e dos serviços públicos do Estado e a intensificação da ofensiva contra direitos e conquistas sociais.

O pacto firmado entre PS e PSD para a área da Justiça, os repetidos apelos a um consenso alargado sobre a Segurança Social e as múltiplas declarações que dão conta de negociações com vista à revisão antidemocrática das leis eleitorais, são expressão de um entendimento mais vasto que, a coberto da intervenção do Presidente da República, tem em vista prosseguir e acentuar as políticas de direita e atacar o próprio regime democrático.

A antecipação pelo Governo, de que a proposta de Orçamento do Estado para 2007 prosseguirá não apenas a política de cega obediência ao Pacto de Estabilidade – traduzida no corte do investimento e da despesa pública – como será um novo momento para impor a redução do valor real dos salários e das pensões de reforma, é a confirmação de que a política do Governo do PS continua centrada na perda de poder de compra e na redução dos rendimentos dos trabalhadores e das famílias, no progressivo desmantelamento das funções sociais do Estado e no agravamento do fosso, em termos de desenvolvimento, de Portugal em relação à União Europeia.

Neste âmbito, o Comité Central denuncia a continuação da ofensiva de destruição do Serviço Nacional de Saúde com o encerramento de novos serviços e a imposição de novas taxas para actos cirúrgicos e de internamento, mas também de ataque à Escola Pública no qual se enquadra, entre outras, a proposta do governo de destruição da carreira docente.  

O Comité Central do PCP alertou para a gravidade da ofensiva contra a Segurança Social pública e o seu sistema de protecção social que, a pretexto da sua sustentabilidade, procura impor mais sacrifícios para os trabalhadores e os reformados, traduzidos na redução do valor das pensões, no aumento da idade da reforma e na limitação do acesso a outras prestações sociais.

O Comité Central do PCP deu também particular atenção à proposta do Governo de revisão da Lei de Finanças Locais, cuja aprovação constituiria um novo factor de empobrecimento de uma parte significativa dos concelhos do País e das condições de vida das suas populações.

O Comité Central do PCP tornou evidente o significado do recente conclave organizado pelo «Compromisso Portugal», quer pelo que representou de definição dos novos objectivos do grande capital, quer pelas indisfarçáveis ligações e apoios que os seus promotores e as suas novas reivindicações revelaram ter nos principais órgãos de soberania, quer ainda pelo que representa no caminho que se vem fazendo de crescente subordinação do poder político ao poder económico.

O Comité Central do PCP assinala como particularmente negativa a recusa, por parte do PS, do agendamento para o próximo dia 19 do projecto de lei do PCP sobre a interrupção voluntária da gravidez. Com esta atitude, o PS, acompanhado pelo BE, confirma a sua recusa em aproveitar uma oportunidade para pôr fim à situação que atinge a dignidade e a saúde das mulheres portuguesas, com a aprovação pela Assembleia da República de uma lei que consagre a despenalização do aborto.

O Comité Central do PCP considera que a difícil e preocupante situação económica e social, que há muito se arrasta, está indissoluvelmente ligada às políticas de direita de sucessivos governos do PS e do PSD com ou sem o CDS/PP.

Situação marcada pela estagnação económica, por um elevado desemprego e uma crescente precariedade das relações laborais, pelos baixos salários, pela destruição de sectores produtivos e ruína de milhares de pequenas e médias empresas, por um elevado défice externo associado a uma crescente e pesada dívida externa e a manutenção crónica de um conjunto significativo de défices – agro-alimentar, energético e tecnológico.

Esta situação não é alterada na sua natureza estrutural e no seu carácter crónico e prolongado, por variações de umas décimas de pontos percentuais na evolução do PIB, da taxa de desemprego, ou qualquer outro índice.

O PCP há muito que alerta o País e luta pela concretização de uma ruptura com as orientações e opções das políticas de direita que o actual governo do PS prossegue e aprofunda, advogando uma política que tenha como grandes objectivos estratégicos resolver os principais problemas do País e responder aos anseios e aspirações do povo português.

O Comité Central do PCP recorda que a intervenção dos comunistas na defesa de outra política para o País está materializada num numeroso conjunto de iniciativas e propostas. É na continuidade dessa acção que, desde Junho, vem sendo realizado um conjunto de iniciativas de reflexão e debate sob o lema «Portugal precisa, o PCP propõe» e que agora o Comité Central, nesta sua reunião decidiu alargar a novas áreas da vida do país com o lançamento para breve uma campanha em defesa do Serviço Nacional de Saúde e a convocação de uma «Conferência Nacional sobre a Situação Económica e Social» a realizar no 2.º semestre de 2007, com o objectivo de promover uma abordagem global e integrada dos problemas económicos e sociais do país e definir os eixos estratégicos de uma alternativa política, económica e social para Portugal. 

O Comité Central sublinhou nesta sua reunião o papel da luta dos trabalhadores e do povo como factor decisivo e indispensável para enfrentar a ofensiva do Governo PS/Sócrates contra os seus interesses, contra os interesses do País e salientou o importante desenvolvimento da luta de massas que se têm realizado, traduzido nas mais diversas acções da classe operária, dos trabalhadores e das populações, que teve a sua maior expressão no Protesto Geral de 12 de Outubro.

O Comité Central do PCP destacou o significado do Protesto Geral pela mudança de políticas, a maior manifestação registada desde os anos 80, uma poderosa demonstração de indignação e protesto contra a ofensiva do Governo e do grande capital e uma indesmentível afirmação da luta pela exigência de uma alternativa política capaz de abrir caminho a um Portugal com futuro.

Protesto Geral que, pela sua dimensão e combatividade, expressa também a derrota dos arautos do conformismo e da resignação face às falsas inevitabilidades de uma política conduzida contra os interesses do povo e do país. 

O Comité Central chama a atenção para que, além da promoção de lutas sectoriais com os seus objectivos e dinâmicas próprias, a defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo face a uma ofensiva tão ampla, exige o desenvolvimento de novas acções convergentes que, dando seguimento ao Protesto Geral de 12 de Outubro, travem a ofensiva em curso e contribuam para a mudança do rumo para um Portugal mais desenvolvido e mais justo.

O Comité Central analisou também a evolução da situação internacional e, de entre muitos aspectos que estiveram em consideração, foi sublinhada a necessidade de continuar a dar uma grande atenção ao acompanhamento da situação no Médio Oriente e Ásia Central que continua particularmente grave e encerra grandes perigos de envolver toda a região numa guerra de incalculáveis proporções.

Nesta área do mundo, os EUA e as grandes potências da NATO respondem à forte resistência dos povos do Afeganistão e do Iraque com o reforço das forças militares de ocupação e a intensificação da sua acção repressiva e destruidora e no Líbano, onde o invasor sionista sofreu um enorme revés, estão a concentrar-se forças poderosas que põem em causa a soberania deste país e são uma séria ameaça para países como a Síria e o Irão.

O Comité Central do PCP reafirmou uma vez mais a importância da luta para por termo à agressão imperialista no Médio Oriente e pela exigência de uma solução que garanta uma paz justa e duradoura na região e que passa pela retirada das tropas imperialistas invasoras, pela condenação da política de terrorismo de Estado de Israel e pela aplicação urgente das resoluções da ONU, que exigem a retirada de Israel dos territórios ocupados em 1967 e o reconhecimento de um Estado palestiniano independente com capital em Jerusalém.

O Comité Central alerta uma vez mais para os ataques a liberdades, direitos e garantias fundamentais que, a pretexto da chamada «guerra ao terrorismo», se pretendem branquear e banalizar, legalizando práticas repressivas e de natureza fascista, como no caso dos sequestros, prisões secretas, tortura, assassinato político. Nesse sentido expressa a mais profunda indignação pela decisão do Congresso dos EUA que expressamente «legaliza» o recurso a torturas como as da «estátua», do sono e outras praticadas em Portugal pela PIDE.

O PCP exige do Governo português a condenação inequívoca de tão grave decisão.

O Comité Central reitera o empenho internacionalista do PCP, o seu apoio firme a todos os povos e forças que se batem contra a exploração e agressão imperialistas. Nesse sentido reveste-se de grande importância a realização em Lisboa, em 10, 11 e 12 de Novembro do próximo Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários.

O Comité Central destaca da intensa actividade do Partido o importante êxito da 30.ª edição da Festa do «Avante!», o prosseguimento da acção «Portugal precisa: o PCP propõe», a realização da campanha «Segurança social, os direitos defendem-se agora» e salienta, da acção partidária dos próximos tempos: o prosseguimento da acção em torno da segurança social e a já referenciada campanha em defesa do Serviço Nacional de Saúde; o Encontro Nacional sobre o Estado e a Administração Pública (28 de Outubro); o Encontro Nacional sobre Portugal, 20 anos depois da adesão à CEE (16 de Dezembro).

Neste ano, em que se assinala o 85º aniversário do PCP, foi sublinhado o particular significado da evocação e a valorização da resistência ao fascismo e do papel central que o PCP ocupou nesse acção, combatendo o branqueamento do fascismo e a usurpação da memória da resistência. Nesse sentido, o Comité Central destaca as iniciativas que terão lugar sobre o campo de concentração do Tarrafal (a propósito do 70º aniversário da sua abertura), sobre o 40º aniversário da fuga de Caxias protagonizada por destacados militantes comunistas e sobre o 45.º aniversário do assassinato pela PIDE de José Dias Coelho, intelectual comunista, dirigente do Partido.