Sr. Presidente,
Sr. Deputado Abel Baptista,
Saúdo-o pela oportunidade da sua declaração política.
O que se está a passar com o pinheiro bravo é uma bomba de fragmentação que pode pôr em causa a produção de pinheiro bravo no nosso país durante as próximas décadas.
Depois de, há 15 dias, termos pedido a vinda do Sr. Secretário de Estado, ontem mesmo, em sede de Comissão de Assuntos Económicos, propusemos a vinda do Sr. Ministro da Agricultura para ser ouvido com urgência sobre o assunto.
Há, no mínimo, três questões a que o Governo tem de responder.
A primeira tem a ver com o estado dos trabalhos que deveriam ter sido feitos na faixa de contenção entre 1 de Janeiro e 31 de Março, a que o Sr. Ministro da Agricultura não respondeu nem em Plenário, em Janeiro, nem na comissão, em 2 de Abril.
A segunda é sobre o controlo que está a ser feito em relação à madeira transportada da zona atingida, na península de Setúbal, para outras regiões do País indemnes.
E a terceira é o porquê da exibição mediática do Sr. Ministro da Agricultura em torno do aparecimento do nemátodo em Arganil, contraditoriamente ao silêncio da Direcção-Geral de Recursos Florestais, que não tem nem uma palavra no seu sítio informático e que não esteve presente, apesar de convidada, em reunião recente da Câmara Municipal de Arganil com a associação de produtores para tratar do assunto.
Talvez o Sr. Deputado Jorge Almeida possa explicar-nos isso...!
É porque nesta matéria pode dizer-se que grandes «nemátodos» se movem em torno do pequeno nemátodo do pinheiro bravo: os negócios da biomassa; os negócios dos aglomerados da madeira; e daqueles que querem mais eucaliptos, porque o eucalipto será a única espécie a substituir o pinheiro bravo em caso de doença.
Pergunto-lhe, Sr. Deputado, se não considera que esta questão, para lá de todas as críticas que já fez, deveria ter sido, e estar a ser, tratada com outra atenção e cuidado por aquilo que pode significar para o nosso País, para milhares de pequenos produtores de pinheiro bravo, o fim da produção de pinheiro bravo em Portugal.