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O Sector Automóvel - Miguel Viegas, DOR Aveiro
Sábado, 24 Novembro 2007

 

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A indústria automóvel representa já mais de 4% no total da indústria transformadora. A parte de fabricação de veículos é a mais importante mas o sector de componentes e acessórios, tem vindo a ganhar peso. Um quinto do total das exportações é deste sector que produziu em 2006, 243.508 veículos de passageiros. A produção é sobretudo dirigida ao mercado exterior. O peso do capital estrangeiro é muito elevado.


 Cerca de 500 empresas trabalham para o sector e são dominantes as grandes empresas. Trabalham no sector automóvel cerca de 30.000 trabalhadores e têm um salário base superior ao da restante industria. Mas a % dos salários na riqueza produzida é inferior à das indústrias transformadoras. Conclusão o grau da exploração é maior.


O sector está muito dependente das estratégias das multinacionais que dominam a industria automóvel no nosso país e que exercem uma permanente chantagem sobre o estado que por sua vez se mostra submisso face ao desrespeito de compromissos assumidos, apesar dos elevados incentivos financeiros e outros apoios. Só no sector das componentes as multinacionais beneficiaram de 215 milhões de euros.
Com o alargamento da EU, aumentaram as deslocalizações e o encerramento das empresas que levaram ao despedimento de milhares de trabalhadores que ficaram sem o ganha-pão de um momento para o outro. Este risco é agravado pela grande dependência do sector de montagem em relação à Autoeuropa que representa 2/3 da produção de veículos. E muito preocupante o sector de cablagens que estando a ser substituídas por fibra óptica, a não haver reconversão poderá sofrer mais encerramentos.
Não obstante estas preocupações, o sector automóvel tem potencialidades de desenvolvimento que incluem a existência de mão-de-obra qualificada, com forte capacidade de adaptação e estruturas de apoio à formação profissional, boa localização geográfica nomeadamente para mercados fora da UE e grande conhecimento adquirido e com grandes investimentos.


Para o PCP, é necessária uma política virada para a defesa do aparelho produtivo nacional, a defesa dos postos de trabalho, a criação de emprego com direitos. Impõe-se a defesa dos direitos dos trabalhadores, com a elevação dos seus salários e o combate ao trabalho precário. É necessária uma firme atitude por parte do governo, que proteja os interesses nacionais na contratualização que é feita com as empresas do sector automóvel sejam nacionais ou estrangeiras. O PCP defende uma política activa de apoio às pequenas e médias empresas, designadamente em áreas onde as economias de escala são determinantes como sejam a investigação e desenvolvimento, a qualificação profissional e a internacionalização. Em suma uma política industrial verdadeiramente patriótica virada para os interesses do povo e dos trabalhadores