Manuela Pinto Ângelo, Membro do Comité Central e do Secretariado
da DORS
Camaradas Delegados,
Camaradas e Amigos Convidados,
Como se afirma no Projecto de Resolução Política,
os últimos quatro anos foram tempos de luta e resistência
dos trabalhadores e outras camadas sociais, face à ofensiva ideológica
e aprofundamento da política de direita.
No contexto da luta social e política assumiu grande importância
a luta das populações, na qual desempenharam papel decisivo
um conjunto de estruturas, cujo número tem crescido face à
multiplicação de problemas.
São importantes e prestigiados movimentos sociais, com uma raíz
profundamente popular, que contribuem de forma determinante para alargar
a participação das populações na vida social
e política, bem como para aumentar a sua consciência de que
lutar é indispensável para a resolução dos
seus problemas.
Recorrendo nomeadamente a abaixo-assinados, petições, concentrações,
vigílias, manifestações, as populações
desenvolveram múltiplas acções de luta e protesto
em torno de diversificados problemas, por melhores condições
no sector da saúde, no ensino, nos transportes e acessibilidades,
nas questões ambientais, contra o custo de vida, na defesa de serviços
públicos, entre outros.
O Partido esteve sempre presente, com uma postura combativa e criativa,
nas lutas pelas grandes causas sociais e políticas, mas também
pelas reivindicações mais imediatas e teve um papel fundamental
na organização da luta das populações, assim
como dinamizou a criação de muitos dos movimentos de utentes
nos quais os comunistas, no quadro do trabalho em unidade, assumem particular
responsabilidade no seu funcionamento.
A par da avaliação globalmente positiva que fazemos do
papel do Partido na dinamização e organização
da generalidade das lutas das populações, verifica-se, igualmente,
que a acção partidária ficou aquém das possibilidades
e necessidades porque persistem problemas no funcionamento de muitas das
nossas organizações que as impede de estreitar a sua ligação
às pessoas de que resulta uma falta de conhecimento dos seus problemas,
das suas aspirações e do seu nível de descontentamento,
assim como prejudica a iniciativa política das organizações
que desta forma não cumprem o seu objectivo fundamental: intervir
no meio em que actuam!
Constatando-se estas dificuldades na nossa intervenção
só é possível uma atitude: agir com determinação
para a sua superação.
Alargar a intervenção política e aprofundar a ligação
do Partido às populações são pois aspectos
essenciais que só serão concretizáveis se no centro
das atenções de todos os organismos e militantes se colocarem
os problemas das populações e a definição
de propostas e iniciativas para lhes dar resposta.
É naquela ligação, fortalecida pelo conhecimento
dos problemas, que reside a nossa capacidade de influência social
e política.
O Projecto de Resolução Política aponta-nos o caminho.
Do que se trata, agora é de o percorrer.
Certamente não será fácil, mas na nossa vida partidária
facilidades não é propriamente aquilo a que estamos habituados,
pelo que uma vez mais vamos ao trabalho com combatividade, criatividade
e todo o empenho, acreditando na capacidade das organizações
e de cada um de nós para vencer mais este desafio porque só
desta forma o PCP se tornará mais forte.
E porque efectivamente do que se trata é de reforçar o
Partido vamos trabalhar para concretizar o grande objectivo de termos
mais e melhor Partido a intervir a nível local.
Para tal é imprescindível: que o conteúdo fundamental
das reuniões seja para discutir mais os problemas das populações
e que dessa discussão se dê prioridade à organização
da luta como o melhor caminho para a sua resolução; a elevação
do conteúdo do trabalho das organizações locais de
modo a tornar natural e permanente a iniciativa política e a tomada
de posições públicas próprias sobre problemas
locais, no âmbito de uma acção contínua de
informação e comunicação; elaborar, divulgar
e valorizar as propostas e projecto do Partido para o desenvolvimento
local; contactar com sectores de opinião democráticos, cidadãos
independentes e estruturas e instituições de carácter
económico, social, cultural e científico; tomar a iniciativa
no plano da organização da luta das populações
e estimular e apoiar a criação dos movimentos sociais.
Na concretização destes objectivos é da máxima
importância a participação e a acção
dos comunistas nas organizações e movimentos sociais que
pela sua ligação privilegiada às populações
devem contribuir para a elevação da sua consciência
social e política, para o reforço e influência do
Partido e para os objectivos mais gerais da luta e do projecto político
do Partido de transformação da sociedade.
O reforço da intervenção partidária no plano
local, em torno dos problemas concretos, na defesa dos interesses das
populações e na dinamização da sua luta, será
um contributo valioso e imprescindível para aumentar o prestígio
do Partido junto dos trabalhadores e das populações, indispensável
ao seu crescimento e alargamento da sua influência social, política
e eleitoral.
O papel do PCP, como a grande força política que está
em condições de combater sem hesitações a
política de direita e de dinamizar a acção de massas
contra tal política exige, face à ofensiva em curso contra
fundamentais conquistas democráticas e as condições
de vida das populações, o desenvolvimento da luta no plano
social e da sua elevação a luta política, o fortalecimento
do movimento operário e popular, o aumento da influência
do Partido nas suas estruturas, a articulação da luta de
massas com a acção nas instituições e a dinamização
da iniciativa política das organizações locais do
Partido.
Porque acreditamos que é possível um PCP mais forte, porque
queremos construir uma sociedade nova, a sociedade socialista, vamos de
forma determinada – “Organizar, intervir, lutar. Afirmar o
PCP!”
VIVA O XVII CONGRESSO!
VIVA O PCP!