Partido Comunista Portugu�s
  • Narrow screen resolution
  • Wide screen resolution
  • Auto width resolution
  • Increase font size
  • Decrease font size
  • Default font size
  • default color
  • red color
  • green color
�
�

PCP exige esclarecimentos sobre transferências de verbas para Fundação das Comunicações Móveis
Quinta, 10 Dezembro 2009

ticFace às recentes notícias vindas a público na comunicação social, dando conta da transferência financeira de 180 milhões de euros à Fundação para as Comunicações Móveis, o PCP entregou hoje na Mesa da Assembleia da República uma pergunta ao governo, exigindo esclarecimentos sobre esta matéria.


Áudio da declaração de Bruno Dias


Pergunta ao Governo
Transferência financeira da Acção Social Escolar para a Fundação para as Comunicações Móveis

Segundo notícias vindas a público na comunicação social, a Fundação para as Comunicações Móveis (FCM) recebeu uma transferência financeira de aproximadamente 180 milhões de euros da Acção Social Escolar / Ministério da Educação para “acerto de contas” com os operadores de telecomunicações móveis envolvidos na operação “e-iniciativas” (incluindo o computador Magalhães do programa “e-escolinha”).

De acordo com a informação agora publicada, em que é citado o anterior Ministro das Obras Públicas na sua confirmação, esse pagamento terá ocorrido poucas semanas antes do final da X.ª Legislatura. Trata-se de um montante que nesse caso acresce aos 36,5 milhões de euros provenientes da ANACOM, já transferidos para a FCM por ordem do Governo.

Com essa verba da ASE, apontada como extraordinária, a FCM terá supostamente efectuado um “acerto parcial de contas” com as operadoras móveis – e estas por sua vez, ao abrigo dos protocolos negociados com o Governo, terão entregue aproximadamente 100 milhões de euros à empresa JP Sá Couto (onde se faz a montagem dos Magalhães).

Os restantes 80 milhões ficaram para os operadores, a título de “devolução dos valores avançados” para o pagamento dos computadores portáteis do programa “e-escola” e restantes acções da operação “e-iniciativas” (“e-professor”, “e-oportunidades”, “e-juventude”)... acções essas que são paralelas ao projecto Magalhães.

Os operadores, contudo, surgem citados pela imprensa admitindo (!) que as «contas ainda não foram integralmente liquidadas». O que permite concluir que há um montante indeterminado de dinheiro que os operadores de telecomunicações ainda esperam receber do Estado.

A questão que inevitavelmente surge perante tudo isto é a dimensão destas verbas e a justificação que delas fica por demonstrar. É que mesmo na impossível hipótese de todos os computadores Magalhães serem pagos integralmente pela Acção Social Escolar, o dinheiro envolvido nesta transferência continuaria a ser inexplicável.

Com efeito, segundo o Relatório “Educação de A a Z”, recentemente publicado pelo Governo, «a Iniciativa Magalhães/e-escolinha permitiu chegar ao 1.º ciclo, alcançando-se o objectivo de um computador portátil por aluno, num total de cerca de 450 mil alunos». Ora, se todos esses computadores fossem integralmente pagos pela Acção Social Escolar a 329,00 euros cada (preço praticado nas lojas, incluindo IVA) – o que evidentemente não aconteceu – teríamos ainda assim um valor total a pagamento que corresponderia a... 148.050.000,00 euros. Muito aquém, portanto, dos cerca de 180 milhões que terão sido transferidos da ASE para a FCM.

Perante isto, fica por explicar o que foi que a Acção Social Escolar pagou com todo aquele dinheiro. Esta é uma situação que vem agravar o já inaceitável quadro de suspeição que está colocado relativamente às operações “e-iniciativas” e ao verdadeiro financiamento oculto que tem vindo a ser montado neste processo, envolvendo interesses privados e dinheiros públicos – das contrapartidas públicas ao concurso UMTS, da ANACOM, e agora da Acção Social Escolar.

Assim, ao abrigo do disposto na alínea d) do Artigo 156.º da Constituição da República Portuguesa e em aplicação da alínea d), do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento da Assembleia da República, perguntamos ao Governo, através do Ministério da Educação, o seguinte:

1.Confirma o Governo que a Acção Social Escolar / Ministério da Educação procedeu a uma transferência financeira de cerca de 180 milhões de euros para a Fundação para as Comunicações Móveis – 80 milhões dos quais tendo sido utilizados para “acertos de contas” com os operadores de telecomunicações, relativos a “contas” anteriores de outros programas que não o “e-escolinhas”?

2.Em caso afirmativo, como se procedeu a essa transferência – por iniciativa de quem e com a autorização de quem?

3.Exactamente a que título se fez esse pagamento – ou seja, como contraprestação de que produtos em concreto? Trata-se de um valor correspondente apenas aos computadores Magalhães? Se sim, quantos?

4.Na definição do Orçamento da Acção Social Escolar para 2009, o Governo previa que as verbas em causa fossem destinadas a esta transferência para a FCM?

5.Se tal estava previsto, como explica o Governo que 80 milhões desses 180 milhões de euros tenham sido utilizados para “acertos de contas” com os operadores de telecomunicações, relativos a “contas” anteriores de outros programas que não o “e-escolinhas”?

6.Pode porventura admitir-se que, havendo famílias que pagaram para adquirir o computador Magalhães para os seus filhos (por não estarem abrangidas pelo Escalão A da Acção Social Escolar), os mesmos computadores tenham sido duplamente pagos – pelas famílias e por esta transferência da ASE para a FCM?

7.Está previsto neste processo, para 2009 ou 2010, mais algum pagamento da Acção Social Escolar/Ministério da Educação relativamente ao computador Magalhães ou a qualquer outra componente das acções “e-iniciativas”? Com que programação financeira?