A Festa, como a luta, continua - Intervenção de José Casanova
Domingo, 09 Setembro 2007
thumb_comicio_casanovaPara vocês todos, vindos de todo o País e das emigrações; vindos de dezenas de outros países da Europa, da América, da África, da Ásia; para vocês todos, construtores e visitantes da Festa do Avante - um abraço do tamanho do mundo.
Cá estamos em mais uma Festa do Avante! – a mais bela de todas as até agora realizadas e que só será superada pela do próximo ano. Cá estamos, em nome do colectivo do nosso Avante! – o jornal que dá o nome à Festa – a saudar quem deve ser saudado. E não se trata de saudações formais, para cumprir regras de etiqueta: trata-se, sim, da expressão sentida da nossa camaradagem, da nossa amizade, da nossa alegria pela presença de todos os que aqui quiseram vir.

 

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Intervenção de José Casanova, Director do Jornal «Avante!»
Comicio da Festa do «Avante!» 2007

Para vocês todos, vindos de todo o País e das emigrações; vindos de dezenas de outros países da Europa, da América, da África, da Ásia; para vocês todos, construtores e visitantes da Festa do Avante - um abraço do tamanho do mundo.
Cá estamos em mais uma Festa do Avante! – a mais bela de todas as até agora realizadas e que só será superada pela do próximo ano. Cá estamos, em nome do colectivo do nosso Avante! – o jornal que dá o nome à Festa – a saudar quem deve ser saudado. E não se trata de saudações formais, para cumprir regras de etiqueta: trata-se, sim, da expressão sentida da nossa camaradagem, da nossa amizade, da nossa alegria pela presença de todos os que aqui quiseram vir.
Saúdo, assim, e em primeiro lugar, os construtores da Festa: os que ergueram esta cidade do futuro, em múltiplas jornadas de trabalho militante, jornadas que foram, simultaneamente, de convívio fraterno e de solidária camaradagem – e nas quais os jovens, com a JCP na vanguarda, desempenharam o habitual papel destacado; os que, nas suas organizações regionais, divulgaram a Festa, venderam EP’s, organizaram as deslocações colectivas, prepararam a presença aqui das suas organizações; os que, durante este tempo de construção da Festa, deram continuidade, nas empresas e locais de trabalho, à luta contra a política do Governo PS/Sócrates – e que, por isso, são também construtores da Festa da nossa luta; os que asseguraram o pleno funcionamento da Festa nestes três dias e, à custa de enorme esforço e dedicação, garantiram todos os serviços necessários.
Com estas saudações, camaradas, o que estou a saudar é o nosso grande colectivo partidário, fonte de força essencial do PCP, exemplo maior das suas características orgânicas e do conteúdo fraterno da militância comunista – esse colectivo partidário que é, afinal, o grande construtor da nossa Festa.

Saudar os construtores e os visitantes

Este é, também, um momento para aqui deixar uma outra saudação: a saudação à memória dos construtores da Festa que a lei da vida nos roubou ao longo dos anos. E desses, a memória do camarada Celestino Castro, arquitecto que, desde a primeira Festa do Avante! até à do ano passado, dedicou o seu talento, a sua capacidade criativa e a sua abnegada militância comunista ao serviço da construção de trinta festas do Avante!.
Desses, também, saúdo a memória do Adriano – a quem, este ano, a Festa presta uma sentida homenagem – o Adriano, dedicado construtor da Festa, nosso camarada e amigo ao longo de mais de duas dezenas de anos, dando força e integrando – com a sua música, com a sua voz, com a sua intervenção permanente, com a sua disponibilidade fraterna e solidária – a luta contra o fascismo e pela liberdade; a luta pelas conquistas históricas da Revolução de Abril; e, posteriormente, a luta pela defesa dessas conquistas face à ofensiva contra-revolucionária da política de direita – o Adriano, sempre, sempre, assumindo a sua condição de comunista.
Mas há mais saudações a fazer: aos visitantes da Festa não comunistas, aos milhares de homens, mulheres e jovens que povoaram a nossa cidade da Atalaia e lhe conferiram, com a sua presença amiga, uma dimensão singular – e aos quais dizemos uma vez mais: voltem para o ano, à nossa Festa – e até lá, juntem-se a nós nas muitas lutas que a defesa dos interesses e direitos de todos nós exigem, lutas que serão tanto mais fortes e eficazes quanto maior for o número dos que nelas participarem. A luta também é uma festa, quando nela participamos com a convicção da nossa força e da nossa razão, quando nela participamos em unidade e com consciência de que estamos a cumprir um dever cívico indeclinável.
Indispensável é, também, fazer os habituais, necessários e justos agradecimentos às entidades que colaboraram com a Festa: TST – Transportes Sul do Tejo; Fertagus; Sul-Fertagus; Venamar; Freshwater; Amarsul; Região de Turismo de Setúbal; Câmaras Municipais de Almada, Seixal, Sesimbra, Palmela, Moita, Setúbal e Lisboa; Juntas de Freguesia de Amora, Corroios, Fernão Ferro, Caparica, Laranjeiro, Almada, entre várias outras; Federação Distrital de Bombeiros; Bombeiros Voluntários de Seixal, Almada, Cacilhas, Trafaria, Amora, Sul e Sueste, Salvação Pública do Barreiro; Guarda Nacional Republicana e Polícia de Segurança Pública. Para todos, as nossas saudações e os nossos agradecimentos pela colaboração prestada.

Mais fortes para a luta que continua

Camaradas, na nossa Festa estão presentes, todos os anos, os debates sobre questões da situação política nacional e internacional. Aliás, a Festa é, como não podia deixar de ser, um tempo e um espaço de preparação para as lutas que essa situação nos impõe. Daqui saímos, todos os anos, mais fortes e com maior determinação para os combates necessários.
Da Festa deste ano, partiremos para a luta contra a política de direita e por uma alternativa de esquerda – para a participação na grande jornada de luta marcada pela CGTP para 18 de Outubro; e para levarmos por diante, com êxito, a campanha nacional já anunciada pelo camarada Jerónimo de Sousa, contra a «flexigurança», a precariedade e o desemprego.
Daqui partiremos, igualmente, mais informados e melhor preparados para darmos continuidade à nossa intervenção sobre as questões internacionais, expressando a nossa solidariedade à luta anti-imperialista e emancipadora dos povos de todo o mundo.

Ameaças alertam mas não metem medo

Aqui deixamos um abraço fraterno, solidário e de combate a todos os nossos convidados que, em representação de partidos comunistas e de outras organizações progressistas, aqui estão, solidários com a nossa luta e dando-nos notícias das lutas que, nas mais diversas circunstâncias, travam nos seus países.
Camaradas, em torno de alguns dos nossos convidados – bem como das comemorações que aqui fizemos da Revolução de Outubro – foram escritos e ditos, na generalidade da comunicação social dominante, muitos disparates provocatórios, disparados muitas vezes em tom de ameaça salazarenta e pidesca e tendo como alvo principal a Festa do Avante! e o Partido que a constrói – o nosso Partido, o nosso PCP.
Trata-se de uma prática habitual da ofensiva ideológica do imperialismo: definem e decidem sobre os factos a opinião que serve os seus interesses e divulgam-na massivamente como verdade absoluta e universal – em termos tais que quem ouse rejeitar o decreto, fica sujeito às mais terríveis acusações, qualificações, ameaças e, muitas vezes, mais e pior do que isso. Ai de quem ouse não acatar servilmente as ordens dadas. Ai de quem ouse ter uma opinião discordante da opinião por eles decretada.
Saibam então esses propagandistas encartados que o «crime grave» que eles consideram a comemoração da Revolução de Outubro na nossa Festa, é para nós, comunistas, um motivo de orgulho. E se não vieram cá ver e ouvir daqui lhes dizemos: neste ano de 2007, assinalámos na Festa do Avante – com uma exposição, debates e com a execução da «Cantata Outubro», de Prokofiev – o 90.º aniversário desse acontecimento maior da História da Humanidade – e repetimos, serena e firmemente, que na Revolução de Outubro, nos seus memoráveis êxitos e avanços sociais, económicos, políticos, culturais, civilizacionais; no seu sonho transformador; na sua concreta prática de solidariedade e de paz – estão raízes essenciais da sociedade pela qual nós, comunistas portugueses, lutamos há 86 anos e pela qual continuaremos a lutar até à vitória final.
E quanto aos nossos convidados, saibam, também, esses provocadores encartados, que todos eles são amigos que recebemos e abraçamos com alegria fraterna; amigos que, independentemente de eventuais e reais diferenças de opinião em várias matérias, têm um lugar nos nossos corações e na nossa solidariedade.
E desistam de tentar atemorizar-nos: é trabalho perdido, como facilmente concluirão se olharem para os 86 anos de vida e de luta do PCP: as vossas ameaças alertam-nos mas não nos metem medo.

Amigo é o contrário de inimigo

E, já agora, porque amigo é o contrário de inimigo, quem não encontra nenhum espaço disponível nos nossos corações são os nossos inimigos.
Ou seja: os nossos amigos estão aqui connosco, e nós com eles; os nossos inimigos estão do outro lado disto tudo, do outro lado da solidariedade fraterna, da paz e da justiça, nos antípodas da sociedade liberta de todas as formas de opressão e de exploração pela qual lutamos e que havemos de conquistar.
A esses combatê-los-emos sempre, em todas as circunstâncias.
Aos nossos amigos, dizemos: bem vindos à nossa Festa, camaradas e companheiros, vindos da Alemanha, de Angola, da Bélgica, da Bolívia, do Brasil, de Cabo Verde, do Chile, da China, do Chipre, da Colômbia, da República popular Democrática da Coreia, de Cuba, de El Salvador, de Espanha, da Federação Russa, da França, da Grã-Bretanha, da Grécia, da Guiné-Bissau, da Irlanda, da Itália, do Japão, do Líbano, de Moçambique, da Palestina, do Peru, da República Checa, do Sahara Ocidental, da Síria, de Timor-Leste, do Uruguai, da Venezuela e do Vietname.
 Bem vindos a esta nossa Festa camaradas e companheiros e transmitam às direcções dos vossos partidos e organizações, a fraterna solidariedade internacionalista dos comunistas portugueses.
E voltem para o ano. Sereis sempre recebidos como se recebem os amigos: de braços abertos.

A Festa incomoda muita gente…

Por tudo isto, camaradas, por sermos o Partido que somos e a Festa do Avante! ser a festa que é, os ataques contra ela têm vindo a suceder-se ao longo dos anos. E não é de estranhar que assim seja. Esta Festa, camaradas, incomoda muita gente.
Na verdade, uma realização com a dimensão, as características e o conteúdo da Festa do Avante!, não encaixa em nenhum dos cenários impostos pela política de direita que, durante mais de três décadas, tem vindo a ser levada à prática pelos governos do PS e do PSD – dois partidos que bem podem considerar-se um único partido, tão iguais se mostram na aplicação da política única que, ao serviço do grande capital, têm vindo a praticar e de que o Governo Sócrates fez a mais à direita de todas as políticas de direita praticadas depois do 25 de Abril.
Ora, esta Festa é uma festa de Abril – Abril da liberdade, da democracia, da justiça social; do respeito pelos direitos e interesses dos trabalhadores, do povo e do País; da participação democrática dos trabalhadores e dos cidadãos; da soberania e da independência nacional – Abril que pôs termo ao fascismo e deu os primeiros passos na construção de uma verdadeira democracia – e não das práticas profundamente antidemocráticas e anticonstitucionais a que, com cada vez mais frequência recorre a política de direita, tendo como preocupações maiores assegurar os interesses do grande capital; aumentar a exploração, as desigualdades, a pobreza e a miséria; roubar direitos conquistados, ao longo da história e através de muitas e difíceis lutas, pelos trabalhadores portugueses; vender a soberania nacional como quem vende uma vulgar mercadoria. Esta política que serve ao Governo actual para levar por diante uma poderosa e perigosa ofensiva contra o conteúdo democrático do regime, contra a democracia e as liberdades, não hesitando, para isso, em recorrer a métodos e práticas que, porque profundamente anti-democráticas, fazem lembrar métodos e práticas utilizados pelo regime fascista que durante quase meio século oprimiu e reprimiu Portugal e os portugueses.

… mas vencerá!

Não espanta, por isso, que os executores e apoiantes de tal política tenham na Festa do Avante! um dos seus ódios de estimação.
Essa política é contra os trabalhadores; a nossa Festa está com os trabalhadores e é dos trabalhadores. Essa política é contra a juventude e o seu direito ao presente e ao futuro; a nossa Festa é da juventude e é um exemplo de que o presente é um direito com passaporte para o futuro. Esta política, que envolve o nosso País nas mais criminosas guerras terroristas ao serviço do imperialismo, golpeia as liberdades, a democracia, a paz; a nossa Festa é a Festa da liberdade e da democracia, da justiça social e da solidariedade, da paz e da amizade.
E a nossa Festa, camaradas, é este imenso mar de gente de todas as idades e das mais diversas condições sociais e opções políticas e ideológicas; a nossa Festa é esta confirmação concreta de que somos muitos e de que temos muita força; a nossa Festa é uma importante jornada de luta contra o passado de que é feita a política de direita e pelo futuro que Abril nos mostrou ser possível.
Por isso a Festa os incomoda. Por isso eles têm medo da Festa. Por isso eles prosseguem, hoje, a ofensiva, iniciada em 1976, visando acabar com a Festa. Trata-se de uma ofensiva em que, todos os anos, vale tudo.
E é útil relembrar esses ataques, para que cada um de nós os tenha presentes na sua actividade e para que eles saibam que temos memória: foram os atentados terroristas, quando isso lhes pareceu necessário; foram as recusas à cedência de terrenos, antes de termos este nosso espaço da Atalaia; são as sistemáticas, persistentes e inqualificáveis campanhas da comunicação social dominante, propriedade do grande capital (este ano, em vários casos, o que escreveram sobre a Festa podia ter sido escrito antes mesmo de a Festa se realizar); são as leis elaboradas com o objectivo principal de atacar a Festa e o Partido que a constrói – de que são exemplo essas antidemocráticas leis dos partidos e do seu financiamento; são os atropelos democráticos praticados por numerosas câmaras municipais de maioria PS e PSD, proibindo e mandando arrancar a propaganda da Festa, em clara afronta à liberdade de expressão; foi, este ano, a «novidade» da destruição de propaganda da Festa por grupos de encapuzados, em vários pontos do País; foi, ontem mesmo, a afirmação feita por um membro da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos em que colocava a hipótese da ilegalização da Festa do Avante!.
Tudo isto a mostrar, camaradas, que eles têm medo da Festa.
Mas é bom que eles saibam – e daqui lho dizemos séria e frontalmente – que a Festa não tem medo deles. Que a Festa, como a luta, continua. E que a Festa e a luta vencerão