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Voto de pesar pelo falecimento de Eugéniode Andrade
Intervenção de Honório Novo
Quinta, 16 Junho 2005

Sr. Presidente, Srs. Deputados,

“(…) A poesia de Eugénio de Andrade sabe-(nos) à vitória , passo a passo, da plenitude e da esperança. Vitória conseguida de modo conscientemente precário sobre todo o negativo, mas conseguida (…)” – assim escreveu sobre Eugénio de Andrade e a sua obra, Óscar Lopes, um dos seus maiores estudiosos.

Cantor do corpo, das exaltações do desejo e das suas sombras, Eugénio de Andrade sustentou a sua escrita num complexo de audaciosas imagens ligadas ao corpo, à terra e aos seus frutos, à luz, às aves e aos barcos, à água e ao lume, ao ar e aos rumores do mundo… Imagens que acabaram por o impor também como um poeta dos elementos, capaz de apreender como poucos a secreta música da terra. E que por certo moldaram a inegável fortuna que a sua poesia conheceu mesmo junto de públicos não especializados onde viabilizou um certo reencontro com a escrita poética dos nossos dias.

Vivemos tempos conturbados que não cessam de nos assombrar os dias. Razão para também recordar outros eixos que sempre percorreram a poesia do autor de “As Mãos e os Frutos”, seja a pulsão cívica ou o amor à liberdade que tão fundo se encontram nas suas “Homenagens e Outros Epitáfios” dedicados a figuras como Che Guevara, José Dias Coelho, Pasolini e Chico Mendes; ou então noutras homenagens com que quis sublinhar o “gesto vital de Catarina” ou a dimensão ética do General-Soldado que também nos deixou no passado fim de semana.

“Ao Miguel, no seu 4º Aniversário, e contra o nuclear, naturalmente”, assim começa o poema dirigido a Miguel, seu afilhado, em que Eugénio de Andrade enuncia uma atitude antibelicista que depois amplia e reforça na rejeição da “sociedade mercantil” que se descobre no texto com que abre a antologia “Coração Habitado” e que ganha, nos dias de hoje, acrescida actualidade.

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados

Permitam-me que cite José António Gomes, crítico literário, do Jornal de Notícias de terça-feira: “Quiseram os deuses (sempre cruéis, mas tantas vezes certeiros nas suas disposições) que Eugénio de Andrade, um dos poetas mais lidos por aqueles que o fascismo perseguiu e encarcerou, nos deixasse no preciso dia em que partiu também essa figura ímpar do combate à ditadura salazarista-marcelista e da luta pelos direitos dos mais pobres que foi Álvaro Cunhal”.

Neste momento em que, do Poeta, deveremos guardar para os dias futuros o fulgor da escrita que nos legou, o Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português associa-se às manifestações de pesar pela perda que a sua morte representa para a Cultura e a Literatura Portuguesas e apresenta sentidas condolências à família.

 

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