Este é o primeiro
«Avante!» legal. Este é o primeiro órgão de imprensa do Partido
Comunista Português publicado legalmente depois do golpe fascista de
1926.
A mudança radical operada na vida política portuguesa depois do 25 de
Abril tem na publicação legal do «Avante!» um testemunho flagrante. Ele
assinala a vitória das forças democráticas sobre o fascismo e ficará
como o melhor símbolo da conquista pelo povo português da liberdade de
expressão de pensamento, da liberdade de Imprensa, designadamente.
Ao longo de mais de quarenta e três anos, o «Avante!» clandestino foi
uma arma valiosa na luta contra a exploração capitalista, a opressão
fascista, a guerra colonial, a dominação imperialista. Foi a voz
irreprimível do PCP, a voz da classe operária, a voz dos explorados e
oprimidos de Portugal. Foi um órgão de informação livre, num Portugal
amordaçado. Disse a verdade sobre o nosso povo e outros povos num clima
de deturpação e mentira. Foi uma grande trincheira da resistência ao
fascismo. Foi um «organizador colectivo» dos comunistas, dos
trabalhadores, de todos os antifascistas. Foi um órgão de
consciencialização e orientação, um grande mobilizador das massas
populares na luta pelo pão, pela liberdade, pela independência
nacional, pela independência dos povos das colónias.
A história do «Avante!» está indissoluvelmente ligada à história do
PCP. Aparecendo pela primeira vez em 15 de Fevereiro de 1931, o «Avante
!» completou 43 anos de publicação clandestina e sai, desde 1941,
regular e ininterruptamente. Alvo preferido da actividade criminosa da
Pide/DGS, o «Avante!» pôde resistir e chegar mensalmente às mãos de
milhares e milhares de portugueses, durante tantos anos, porque foi a
criação e o órgão de um Partido solidamente organizado e profundamente
enraizado nas massas populares, porque foi servido na redacção, nas
tipografias, na distribuição, por comunistas abnegados e totalmente
devotados ao Partido. De entre estes recordamos os nomes de José
Gregório, Maria Machado, Dias Coelho e José Moreira, os dois últimos
assassinados pela Pide. Recordamos também o exemplo anónimo de tantos
comunistas que trabalhando para o «Avante!» e para o Partido viveram
dezenas de anos na clandestinidade, sofreram longas penas nas prisões,
suportaram a tortura e foram assassinados. Saudamos todos os obreiros
do «Avante!» clandestino, expressamos-lhes a eterna gratidão do
Partido, certos de que somos acompanhados neste sentimento pela classe
operária, pelas massas trabalhadoras, por todas as pessoas
progressistas de Portugal.
O «Avante!» surge legal para continuar o combate em novas condições.
Portador dum nome glorioso, órgão central do Partido Comunista
Português, o «Avante!» continua ao serviço da classe operária e
restantes trabalhadores, reflectirá os seus anseios e reivindicações,
pugnará pelos seus interesses, apoiará firmemente a sua luta. O
«Avante!» é o porta-voz autorizado da política do Partido Comunista
Português em todos os domínios. Cabe-lhe impulsionar a luta pela
democracia, pela independência nacional, pelo fim da guerra colonial,
pelo socialismo.
A transformação do «Avante!» clandestino num órgão de informação legal
exige que se alterem completamente as condições da sua produção. Isto
não se consegue em poucos dias. O primeiro «Avante!» legal apresenta
lacunas, omissões, improvisações várias. Mais do que fazer uma obra
perfeita pareceu-nos essencial intervir já, como podemos, levando a voz
do PCP e as sua posições à classe operária, às massa populares.
Tomando como objectivos imediatos a consolidação e o alargamento das
liberdades, o fim da guerra colonial, a realização de eleições livres
para uma Assembleia Constituinte e a instauração em Portugal de um
regime democrático, apelamos daqui, das colunas do primeiro «Avante!»
legal, para:
- Que se reforce a unidade dos
trabalhadores e do povo, a unidade de comunistas, socialistas,
católicos, liberais, a unidade de todos que se opõem ao regresso da
tirania e da opressão fascistas;
- Que se fortaleça a organização das massas populares nos Sindicatos, no Movimento Democrático, no Partido Comunista;
- Que se consolide a aliança do movimento popular com o
Movimento das Forças Armadas, que se multipliquem os laços de
cooperação e ajuda entre as massas populares e os militares,
- Que se intensifique a vigilância popular e a sua cooperação com as
forças armadas em relação à actividade, às conspirações e às
provocações da reacção fascista;
- Que se dê combate tanto ao oportunismo de direita que se manifesta
na tendência para abdicar de objectivos fundamentais do
movimento democrático como ao esquerdismo que se expressa
sobretudo na impaciência que não tem em conta a correlação de
forças e em atitudes e acções divisionistas e desagregadas que
fazem objectivamente o jogo da reacção.
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