Octávio Augusto, Membro do Comité Central
Vou abordar um tema que para alguns é razão de insucessos
e que para outros é remédio milagroso para as nossas dificuldades
– a informação e propaganda do Partido.
Quem nunca ouviu referências à nossa linguagem, à
mensagem que não passa, ao discurso demasiado explicativo, ao tipo,
formato e extensão dos documentos, aos slogans, etc.?
A comunicação do Partido com o meio onde está inserido
é decisiva.
Por isso, embora não limitemos a nossa intervenção
política à comunicação, não ignoramos
a sua cada vez maior importância na acção política,
embora, ao mesmo tempo, não nos pareça acertado centrar
todas as responsabilidades nesta parte do nosso trabalho, ignorando que
o reforço da nossa influência não dispensa, antes
exige, progresso e avanços em muitos outros aspectos da organização,
da acção e intervenção partidária a
todos os níveis.
Os últimos anos ficaram marcados por três aspectos a incorporar
na nossa reflexão:
Acentuou-se a desigualdade no tratamento do PCP nos média, aumentou
o preconceito, a superficialidade, a ignorância.
Fez caminho a ideia de que os partidos são todos iguais, apesar
de, quando se trata de nos atacarem, nos acusarem de sermos diferentes!
Agravou-se a desproporção entre os nossos meios financeiros
e técnicos e os das outras forças políticas, como
se viu na campanha eleitoral para o Parlamento Europeu.
Houve uma intensa e diversificada actividade nesta área, destacando-se:
6 campanhas eleitorais, 10 acções nacionais de informação
e esclarecimento, a produção de 48 documentos com uma tiragem
de 10 milhões de exemplares, 28 MUPIS, num total de 50.000 exemplares,
as campanhas de promoção da Festa do Avante, tempos de antena,
exposições, vídeos, CD’s e DVD’s, para
além do apoio a centenas de iniciativas em todo o país.
Neste período consolidou-se o trabalho em torno do sítio
do Partido na Net. Orgulhamo-nos de ser a única força política
que, com meios próprios, mantém, desde o primeiro dia, o
seu site actualizado.
O balanço do trabalho desenvolvido no domínio da comunicação
comporta o reconhecimento de deficiências, lacunas e atrasos relativamente
a linhas de trabalho elencadas no passado e que se mantêm actuais:
Dotar esta área de mais quadros especializados, apoiada em estruturas
e colectivos de colaboradores, por forma a assegurar a resposta às
tarefas centrais e garantir o indispensável apoio à iniciativa
própria das organizações, na produção
de materiais e no apoio a realizações que sendo de âmbito
local ou regional, têm projecção nacional;
Dinamizar uma linha de formação e especialização
de quadros no domínio da comunicação, por forma a
possibilitar uma efectiva descentralização e a criação
ou reanimação de colectivos para o trabalho de informação
e propaganda, atenuando a crescente dependência das organizações
face aos meios centrais;
Melhorar os canais de comunicação e de apoio entre a estrutura
central e as Organizações;
Aproveitar as potencialidades da Net criando conteúdos específicos,
que a experiência demonstra serem altamente eficazes;
Não abdicando da defesa da coerência entre a forma e o conteúdo
e da distinção entre propaganda política e publicidade,
trabalhar para a crescente harmonização da mensagem política
e da imagem;
Prosseguir na pesquisa e inovação dos meios, linguagens
e formas do trabalho de comunicação.
O uso de novos e mais sofisticados meios não substitui, antes
complementa, o desenvolvimento da iniciativa local.
É na empresa, no bairro, na freguesia, no concelho, através
do comunicado, do jornal de parede, da sessão, da declaração
à comunicação social, que o Partido age, toma a iniciativa
e intervém.
Em cada organização é indispensável encarar
as tarefas da comunicação como uma preocupação
diária, com discussão regular nos organismos, responsabilização
de quadros, combate à rotina, estímulo à iniciativa
individual e colectiva.
Quantas vezes ficam documentos nos Centros de Trabalho à espera
do dia para a tal distribuição que, afinal, pode começar
logo no fim de cada reunião, se cada um de nós se encarregar
de levar alguns exemplares para a caixa do correio da nossa residência
ou para o emprego?
E quantas vezes as dificuldades, reais, de afixação e distribuição
de propaganda, não são uma boa razão para se baixar
os braços, em vez de se discutirem as medidas engenhosas e criativas
de, apesar das dificuldades, fazer chegar a palavra do Partido aos seus
destinatários?
A importância, a eficácia e a qualidade do nosso trabalho
de comunicação, que precisa de ser permanentemente avaliado
e questionado, não poderá medir-se com exactidão.
Mas estamos convencidos de que, se por absurdo, desistíssemos do
nosso trabalho no plano da propaganda e da comunicação,
a nossa situação seria bem mais preocupante e mais grave.
É que, não ignorando dificuldades e obstáculos de
vária ordem, não ignorando que o que está a dar é
falar da árvore sem ter em conta a floresta, é tratar os
portugueses como meros consumidores passivos e as ideias como mercadorias
em que sobretudo conta a embalagem, estamos sinceramente convencidos de
que se o colectivo partidário assumir decididamente esta tarefa,
mais cedo do que tarde, havemos de dar a volta a isto!