Ângelo Alves, Membro do Comité Central do PCP
Camaradas:
O mundo confronta-se hoje com uma violenta ofensiva do imperialismo,
cujas raízes mergulham na sua natureza, e que constitui uma resposta
de força às dramáticas e explosivas contradições
do mundo e à crise do sistema capitalista.
Hoje o mundo está mais inseguro, instável, perigoso. A
somar à exploração crescente dos trabalhadores, à
inaceitável polarização da riqueza, ao recrudescimento
de situações de catástrofe social, à delapidação
de direitos e conquistas históricas, à regressão
democrática e cultural e à mercantilização
de várias esferas da vida social, surge o aprofundamento da faceta
militarista do imperialismo.
A guerra; as ocupações militares directas; o aumento exponencial
dos orçamentos militares; o desenvolvimento de novas armas e a
admissão do uso da arma nuclear; o reforço da NATO e a tentativa
de constituição de novos blocos político militares
imperialistas como a União Europeia; as políticas securitárias
de índole fascizante; o afrontamento do direito internacional e
a subversão da ONU; o regresso de formas clássicas de dominação
colonial; a banalização de práticas criminosas -
como a tortura - e do terrorismo de estado - como na Palestina - são
elementos constitutivos da tentativa de instaurar uma nova ordem mundial
totalitária, hegemonizada pelos EUA, contra os trabalhadores e
os povos.
Sob a capa de um suposto combate ao terrorismo, o militarismo conheceu
novos e perigosos desenvolvimentos após os atentados de 11 de Setembro
de 2001.
O “inimigo” invisível; a “luta da civilização
contra os bárbaros” - sejam eles muçulmanos ou comunistas
-; a suposta defesa da democracia e a imposição pela força
dos chamados “valores ocidentais” a toda a humanidade, são
o rastilho e a justificação da política militarista.
Uma política hipócrita de militarização das
relações internacionais que usa a guerra para controlar
recursos e garantir geo-estratégicas.
Uma política criminosa que assegura fabulosos lucros aos complexos
militares industriais norte-americano e europeu e às multinacionais
petrolíferas e da construção. Que serve e nasce dos
interesses do grande capital, expandindo mercados, eliminando barreiras
ao seu domínio e à circulação dos capitais
especulativos.
Uma política ditatorial que revelando as suas raízes mais
obscuras, tenta conter previsíveis explosões sociais e amordaçar
os que resistem, apostando na sua criminalização e mesmo
identificação com o terrorismo.
Mas, camaradas, por maior que seja o seu poderio não o vão
conseguir. A razão está do nosso lado e nós estamos
do lado do povos! E desta tribuna dizemos bem alto, como dissemos noutros
difíceis períodos: Não nos calarão! A luta
continua!
E assim é! Apesar da intensíssima campanha ideológica
e psicológica de criação de uma paranóia securitária,
de uma falsa dicotomia entre democracia e segurança, que procura
esmagar consciências e incutir o medo, são cada vez mais
evidentes as fraquezas da política de guerra do imperialismo.
A luta pela paz aí está e conheceu nos últimos anos
importantes desenvolvimentos. Uma apaixonante luta pelo futuro da humanidade
na qual é determinante a participação da classe operária
e dos trabalhadores, a generosa contribuição da juventude,
e o papel dos partidos comunistas e progressistas. Daqui saudamos o Movimento
da Paz e outros movimentos que na sua diversidade de objectivos e acções
concretas têm contribuído objectivamente para o estreitamento
da base social de apoio do imperialismo.
Mas, sendo apaixonante, é também uma luta difícil.
Estamos confrontados com novos e mais intensos desafios. Há que
prosseguir a luta contra a política militarista do imperialismo
a par com o contributo dos comunistas para o fortalecimento do Conselho
Português para a Paz e Cooperação, do movimento da
paz em Portugal e do Conselho Mundial da Paz.
Simultaneamente, a solidariedade com os povos vítimas das ameaças,
ingerências e agressões do imperialismo assume importância
decisiva. Muitos destes povos (com justa referência aos do Iraque,
Palestina, Cuba e Venezuela) protagonizam hoje importantes processos de
resistência demonstrando que o imperialismo não tem as mãos
totalmente livres. Cabe-nos corresponder ao seu esforço envolvendo
o nosso povo na realização de mais e diversas acções
de solidariedade internacionalista.
E será das forças da solidariedade que nascerá o
mundo novo por que lutamos. O caminho é só um, o da luta.
Uma luta que o Partido Comunista Português, soube, sabe e saberá
travar com audácia, coragem, coerência e determinação.
Contra a exploração e a guerra, rumo ao socialismo!
Viva o XVII Congresso do PCP, Viva a solidariedade internacionalista!
Viva a JCP e o Partido Comunista Português!