Partido Comunista Português
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Declaração de Jerónimo de Sousa sobre a reunião do Comité Central
Sábado, 13 Janeiro 2007
Foto: Jerónimo de SousaJerónimo de Sousa apresentou, em conferência de imprensa, as conclusões da reunião do Comité Central constatando «com preocupação que o Governo prossegue um intenso caudal de políticas anti-sociais e anti-populares com o total estímulo e apoio por parte do Presidente da República, independentemente dos jogos de demarcação táctica das suas últimas declarações» e sublinhando «o facto do governo PS/Sócrates ter vindo a ser um fiel intérprete dos interesses do grande capital», o que explica as «dificuldades de demarcação do PSD e CDS-PP face a um Governo que realiza as suas próprias políticas».som
COMUNICADO DO COMITÉ CENTRAL

Resolução do Comité Central sobre o reforço do Partido em 2007-Consolidar, crescer, avançar!

Apelo do Comité Central do PCP-O aborto clandestino existe–é urgente mudar a lei.



Na sua reunião o Comité Central constata com preocupação que o Governo prossegue um intenso caudal de políticas anti-sociais e anti-populares com o total estímulo e apoio por parte do Presidente da República, independentemente dos jogos de demarcação táctica das suas últimas declarações.

O Comité Central sublinha particularmente o facto do governo PS/Sócrates ter vindo a ser um fiel intérprete dos interesses do grande capital nacional e internacional, facto que, por si só, explica também as visíveis e crescentes dificuldades de demarcação do PSD e CDS-PP face a um Governo que realiza as suas próprias políticas.

O Comité Central considera que se mantém em curso um processo de profunda liquidação de direitos dirigido contra os trabalhadores e as populações, visando nomeadamente, agora, a completa desregulamentação das leis laborais com base no conceito eufemístico da «flexisegurança» e que mais não é que a preparação do terreno para a liberalização dos despedimentos. 

No quadro da vasta ofensiva que o governo vem desenvolvendo contra os trabalhadores e de subversão de aspectos essenciais do regime democrático, o Comité Central realça a  nova ameaça que significa a declarada intenção do PS, com apoio do PSD e o patrocínio do Presidente da República de avançar com alteração das leis eleitorais o que a concretizar-se, redundaria no reforço da bipolarização do nosso sistema político e na perpetuação de um empobrecido rotativismo que se instalou na sociedade portuguesa. Ameaça que significaria um profundo golpe no regime democrático. 

O Comité Central alertou que o prosseguimento pelo actual Governo, em todos os eixos essenciais e medidas concretas, da política económica dos anteriores governos, constitui um desastre para o presente e futuro do País.

O Comité Central considera que está em curso um novo salto no processo de recuperação capitalista, com um significativo reforço da sua natureza monopolista, traduzido no apoio aos grandes grupos económico - financeiros, nomeadamente através de uma acelerada concentração e centralização de capitais por via das privatizações, aquisições e fusões e que são pretexto para a absorção de elevados volumes de fundos públicos também através de incentivos comunitários e benefícios fiscais.

Os resultados destas políticas, pese o optimismo propagandístico do Governo, estão bem visíveis nos fracos indicadores económicos do país, mas são sobretudo sentidos pela generalidade do povo português, com a brutal subida do custo de vida que se combina com uma apertada política de contenção salarial, elevadas taxas de desemprego e precariedade.

Neste âmbito, o Comité Central, salientou as consequências para os trabalhadores do persistente bloqueio da contratação colectiva, da aplicação cada vez mais generalizada dos contratos individuais de trabalho e das crescentes limitações à intervenção sindical, bem como a violenta ofensiva contra os trabalhadores da Administração Pública.

O Orçamento do Estado para 2007 é a confirmação de que prosseguirá não apenas a política de cega obediência ao Pacto de Estabilidade – traduzida no corte do investimento e da despesa pública –, como se agravarão as injustiças sociais e se acentuará um rumo de declínio nacional.

A somar à intensificação da ofensiva do Governo contra os serviços públicos, a aprovação e promulgação da lei de finanças locais constitui desde já um novo factor de empobrecimento de uma parte significativa dos concelhos do País.

Também a aprovação e promulgação da nova Lei de Bases da Segurança Social constitui um profundo golpe no seu carácter público, universal e solidário, tendo o Comité Central advertido para a necessidade de continuar a luta contra os objectivos e conteúdos presentes nesta lei de bases, dando agora particular atenção à sua regulamentação.

O Comité Central denunciou a programada destruição do Serviço Nacional de Saúde, por via dos sucessivos encerramentos de serviços e estruturas, bem como o deliberado aumento dos custos da saúde para as populações. 

Na educação, o Comité Central verifica que prossegue a política de degradação da escola pública, bem evidente nas medidas de profunda reestruturação do sistema educativo que configuram um modelo substancialmente diferente do que está consagrado na Lei de Bases em vigor. Situação patente no encerramento de escolas (mais 900 em 2007), na redução do número de professores, no aumento dos custos do ensino (38% nos últimos 5 anos), entre outras.

O Comité Central chamou à atenção para as medidas anunciadas pelo Governo PS/Sócrates quanto à denominada reestruturação da Rede Consular. Medidas que constituem uma ameaça, a curto prazo, para o futuro das comunidades portuguesas no estrangeiro e que têm como único objectivo a redução da despesa pública com um profundo desprezo pelos portugueses residentes no estrangeiro.

Num balanço à luta dos trabalhadores e das populações, o Comité Central salientou que o ano de 2006 ficará marcado por uma intensa, alargada e persistente luta dos trabalhadores e do povo português com destaque, no último trimestre, que em numerosas empresas e sectores deu expressão a um crescente descontentamento e protesto que teve na jornada de 25 de Novembro e, em particular, no protesto geral pela mudança de políticas de 12 de Outubro, um poderoso e significativo momento de afirmação da luta de massas.

O Comité Central considera que a defesa das condições de vida e dos direitos dos trabalhadores e das populações, o desenvolvimento do País só é possível com a intensificação da luta de massas. O Comité Central manifestou o apoio do PCP à acção de convergência de luta de 2 de Março e à manifestação nacional de jovens trabalhadores de 28 de Março dia da Juventude decididas pela CGTP-IN e que terão lugar em Lisboa.

O Comité Central, nesta sua reunião deu uma particular atenção à Campanha pelo SIM no Referendo sobre a Interrupção voluntária da gravidez e considera, no momento actual da maior importância e significado a batalha política do próximo dia 11 de Fevereiro, para por fim à indigna criminalização e julgamento das mulheres que recorrem ao aborto.

Esta é uma batalha em que historicamente o nosso Partido tem estado empenhado, não apenas nos momentos dos referendos, mas com iniciativa própria nestas mais de duas últimas décadas de intervenção pela aprovação de uma lei que despenalize o aborto e em defesa de uma maternidade e paternidade – livre, consciente, responsável e socialmente protegida.
Em coerência com a luta de anos dos comunistas portugueses, o Comité Central apela aos militantes do PCP para dar corpo, a uma programação que concretize um vasto e diversificado contacto directo com os eleitores e eleitoras, que permita esclarecer e mobilizar para o voto, contribuindo para uma forte e expressiva vitória do SIM pondo fim a décadas de oportunidades perdidas na resolução deste problema.

Empenhado que está o PCP nesta batalha, com uma campanha própria, o Comité Central do PCP, mais uma vez reafirma a importância do esclarecimento e mobilização dos eleitores para o voto no SIM, o único voto que rejeita o aborto clandestino e inseguro, defende a saúde das mulheres e põe fim às investigações humilhantes e de devassa da vida da mulher, aos julgamentos e às penas de prisão.

Questões centrais que, para o PCP, estarão no centro do debate e na necessária acção de esclarecimento e mobilização, combatendo as deturpações deliberadas e a manipulação dos sentimentos religiosos para impedir o debate sereno e clarificador que se impõe.

O Comité Central mais uma vez reafirma que a manutenção da actual lei é injusta, desadequada e desumana. É uma Lei que não inibe, nem reduz a prática do aborto, porque a vida mostra que as mulheres que decidem fazê-lo, fazem-no independentemente das idades, classes sociais, concepções filosóficas e religiosas ou quadrante político-partidário.

O Comité Central do PCP lembra que o único voto que representa o respeito pelas diversas opções existentes, é o voto no SIM já que a existência de uma lei não criará nenhuma obrigação a nenhuma mulher de tomar uma decisão contra a sua vontade, nem afrontará a consciência individual de cada um.

A exigência de mudança da actual lei do aborto que o PCP defende é indissociável da luta pelo cumprimento dos direitos sexuais e reprodutivos; do combate pela eliminação das discriminações e constrangimentos de ordem económica e social que impedem o exercício de uma maternidade e paternidade livres conscientes e responsáveis. 

Este é o combate em que estamos empenhados e que continuaremos a travar em todas as circunstâncias e em todos as frentes por uma sociedade mais justa e mais humana, onde se insere o voto SIM no próximo dia 11 de Fevereiro.

No que diz respeito à situação internacional, o Comité Central, alertou para os perigos do agravamento da situação internacional resultantes das decisões dos EUA e da NATO de levar a cabo novas aventuras militares no Médio Oriente, Ásia Central e África.

O Comité Central valoriza as novas e importantes expressões da luta dos trabalhadores e dos povos e as derrotas políticas e militares infligidas aos projectos hegemónicos de dominação das principais potências capitalistas, com destaque para os EUA e a Administração Bush.

O Comité Central exige uma clara demarcação do Governo do PS de José Sócrates em relação à criminosa política do imperialismo e a condenação das novas ofensivas em curso e reclama o cabal esclarecimento e responsabilização sobre a utilização de território nacional por aviões envolvendo actividades criminosas e ilegais da CIA.

O Comité Central alerta para novos e graves perigos com que os povos da região do Médio Oriente estão confrontados: as ameaças e provocações dirigidas pelos EUA e Israel contra o Irão e a Síria; o «julgamento» e assassinato de Saddam Hussein – um acto que visa uma ainda maior desestabilização do país; o reforço do contingente militar de ocupação do Iraque – peças de uma estratégia que visa uma nova escalada de guerra na região com consequências imprevisíveis.

O Comité Central expressa a sua solidariedade aos povos que no continente africano lutam para vencer os flagelos do subdesenvolvimento e do neocolonialismo e alerta uma vez mais para as ambições imperialistas em África em que a intervenção militar da Etiópia na Somália se insere.

Por fim, o Comité Central e no quadro do balanço que realizou à actividade partidária e à programação da actividade para 2007, sublinhou e valorizou a importante e diversificada intervenção e iniciativa política do Partido e da JCP e aprovou uma resolução dedicada ao prosseguimento da acção de concretização das orientações para o reforço do Partido definidas no XVII Congresso.

O Comité Central valorizou os resultados da campanha nacional de reforço do Partido verificados em 2006. Êxito que se traduziu em importantes avanços, em vários domínios, que confirmou a existência de um grande colectivo partidário de milhares de membros.

O CC salientou como principais avanços verificados: a responsabilização de cerca de 1 400 quadros, 712 dos quais com menos de 35 anos, em organismos de direcção e por outras tarefas, ultrapassando largamente o objectivo fixado de responsabilização de 500 quadros jovens; a participação de cerca de 700 quadros em cursos de formação de vário tipo, ultrapassando os objectivos definidos; a adesão ao Partido de 2 337 novos militantes durante o ano de 2006, ultrapassando os níveis de 2005, tornando-se a maior adesão ao PCP verificada em apenas um ano desde há duas décadas; a realização de 363 assembleias das organizações, o maior número de assembleias realizadas desde sempre num ano, na sua maioria (207) de organizações de freguesia, locais ou de empresa.

No quadro do trabalho de Direcção, procedeu-se a um ajustamento de responsabilidades e tarefas ao nível da Comissão Política: Rosa Rabiais passa a acompanhar as questões da imigração e a coordenação de sectores, mantendo tarefas de organização, Armindo Miranda passa a acompanhar a Direcção da Organização Regional de Lisboa, Margarida Botelho a DOR de Setúbal e João Frazão, para além de Aveiro, passa também a acompanhar a DOR de Coimbra, cujo responsável directo será Vladimiro Vale, do Comité Central. Tem  significado a responsabilização destes três jovens quadros que assumem particulares responsabilidades na organização e acção política e partidária.
Agostinho Lopes, cessando funções no Secretariado, mantém as suas responsabilidades na Comissão Política e no plano parlamentar.
Jaime Serra e Joaquim Gomes cessam funções na Comissão Administrativa e Financeira.

O Comité Central decidiu marcar a «Conferência sobre as Questões Económicas e Sociais» para os dias 24 e 25 de Novembro, cujo seu trabalho preparatório a lançar no próximo mês de Fevereiro, bem como a realização a 26 de Maio do «Encontro Nacional do Partido sobre a Cultura», entre outras actividades, nas quais se inscrevem o Encontro Nacional sobre o Movimento Associativo (14 de Abril), o Encontro Nacional sobre Protecção Civil (2 de Junho), a continuação de acções evocativas da História do Partido e da Resistência antifascista e a comemoração dos 90 anos da Revolução de Outubro.

O Comité Central decidiu também fixar para os dias 7, 8 e 9 de Setembro a 31.ª Festa do Avante! e desde já valorizar a importância das comemorações do 86º Aniversário do Partido, enaltecendo o papel determinante do PCP nomeadamente na luta e na resistência ao fascismo intervindo, simultaneamente, na denúncia e combate à campanha que se desenvolve de branqueamento do fascismo e dos seus dirigentes.