Vivemos tempos muito difíceis, tempos de grande insegurança
e incerteza.
A crescente agressividade do imperialismo coloca a Humanidade perante
perigos inauditos que duas guerras de agressão de grandes proporções
– Afeganistão e Iraque - bem testemunham.
A invasão e ocupação do Iraque pelos EUA assentou
na mentira e ignorou o extraordinário movimento contra a guerra
que se ergueu no plano mundial.
A ONU foi instrumentalizada ao sabor dos interesses do imperialismo norte-americano
e das contradições inter-imperialistas. A par da subversão
do Direito Internacional, da violação da Carta da ONU e
de outras intervenções militares de menor envergadura, acelerou-se
a corrida aos armamentos, aumentaram as despesas militares e consolidam-se
novos mecanismos agressivos. Sofisticadas armas de destruição
massiva foram testadas e utilizadas nos Balcãs, Afeganistão
e Iraque. Rasgam-se Tratados e Acordos sobre a limitação
do armamento nuclear e os EUA ameaçam mesmo com a sua eventual
utilização. Prossegue o projecto da “Guerra das Estrelas”.
Foram instaladas novas bases militares dos EUA na Ásia. A U.E.
reforçou-se como bloco político militar, ao mesmo tempo
que acentua a sua “relação transatlântica”
no quadro da NATO.
Esta política militarista afronta os interesses dos trabalhadores
e dos povos de todo o mundo.
O XVII Congresso do PCP, reunido em Almada nos dias 26, 27 e 28 de Novembro
repudia esta ofensiva violenta e a submissão dos governos de Portugal
ao imperialismo, de que a Cimeira das Lajes foi uma vergonhosa expressão.
Exige o regresso imediato do contingente da GNR destacado no Iraque e
que, de acordo com a Constituição, Portugal assuma uma política
externa de amizade, paz e cooperação com todos os povos.
O XVII Congresso considera que a paz e a segurança só se
alcançam com medidas de desarmamento e a solução
política dos conflitos e combatendo a exploração,
a miséria, as desigualdades e as injustiças sociais, através
de profundas transformações democráticas e progressistas.
Assim, cabe ao PCP, em cooperação com outros partidos comunistas
e forças progressistas, um papel insubstituível na mobilização
dos jovens, dos trabalhadores e de todos os cidadãos para a defesa
da paz.
Lembrando que no próximo ano se comemora o 60º aniversário
da Vitória sobre o nazi-fascismo e o 60º aniversário
do holocausto nuclear de Hiroshima e Nagasaki, o XVII Congresso do PCP
apela aos seus militantes, a todos os homens, mulheres e jovens amantes
da paz que intensifiquem as acções pelo desarmamento, contra
a guerra e em defesa da paz no sentido de conter o militarismo e a agressividade
imperialista, contribuindo para uma viragem que assegure a estabilidade
e segurança à escala mundial.
O XVII Congresso do PCP, saudando a resistência e a luta dos trabalhadores
e dos povos contra a ofensiva agressiva do imperialismo, expressa a solidariedade
dos comunistas portugueses ao povo palestiniano e à sua luta contra
a brutal política de terrorismo do Estado de Israel, pelo desmantelamento
do muro do apartheid, pela retirada de Israel dos territórios ocupados
e pelo direito inalienável à edificação do
seu Estado, independente e soberano, em solo da Palestina. Apesar da perda
do seu dirigente histórico, Yasser Arafat, a quem prestamos a nossa
sentida homenagem, confiamos na vitória da unidade do povo palestiniano
e da sua luta heróica.
O XVII Congresso do PCP expressa também activa solidariedade aos
povos do Iraque e do Afeganistão, que se encontram na primeira
linha da resistência às guerras de ocupação
imperialistas. Solidariedade que se estende a todos os povos do Médio
Oriente que resistem à política neocolonialista, bem patente
no plano do “Grande Médio Oriente” dos EUA e que visa
submeter esta região, particularmente rica em recursos energéticos,
ao seu domínio.
O XVII Congresso do PCP saúda e expressa a sua solidariedade a
Cuba socialista e ao seu corajoso povo na luta contra o bloqueio e pela
defesa da sua revolução, que demonstra todos os dias que,
sim, é possível, um outro mundo. Expressa igualmente a sua
solidariedade aos povos em luta na Venezuela, na Colômbia, no Brasil,
em Chipre, na República Popular Democrática da Coreia, no
Saara Ocidental, em Timor-Leste e em muitos outros países do mundo,
pela soberania, independência e progresso.
O XVII Congresso do PCP sublinha o significado das extraordinárias
acções pela paz que tiveram lugar em Portugal, nomeadamente
as grandes manifestações de 15 de Fevereiro e 20 de Março
de 2003 e proclama a firme determinação do Partido Comunista
Português em contribuir para o fortalecimento e o alargamento do
movimento pela paz e de solidariedade activa com todos os povos que lutam
contra o imperialismo.