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Sobre a situação em Angola - Nota da Comissão Política do Comité Central do PCP
Sobre a situação em Angola - Nota da Comissão Política do Comité Central do PCP
Quarta, 14 Maio 1975
1. O Partido Comunista Português considera que o agravamento da situação em Angola ensombra a perspectiva da via pacífica para a libertação e independência do povo angolano e é motivo de grande preocupação para todos aqueles que vêem o processo de descolonização iniciado com o 25 de Abril de 1974 inteiramente relacionado com a marcha do processo revolucionário em Portugal.

A reacção e os monopólios, batidos sucessivamente no 28 de Setembro e no 11 de Marco, fortemente feridos com as vitórias dos povos da Guiné-Bissau e de Moçambique, com as nacionalizações da Banca, seguros e sectores fundamentais da economia nacional e também com as medidas da Reforma Agrária, acantonam-se desesperadamente no reduto do neocolonialismo em Angola.

Explorando a fundo a complexa situação existente neste rico país do continente africano, onde estão implantados fortes interesses imperialistas que não estão dispostos a desistir da continuação da exploração colonial, os agentes da reacção nacional e internacional, apoiados em elementos corruptos, provocam por meio de acções terroristas uma situação de instabilidade, confusão e alarmismo entre o povo angolano e entre os 600 000 portugueses ainda ali existentes.

2. O Partido Comunista Português considera que os actos de terrorismo registados em Angola nos últimos tempos, os massacres e as violências perpetrados contra as populações de vastas zonas do território angolano, por mercenários agentes do neocolonialismo, visam não só a sujeição do povo de Angola a novas formas de opressão e exploração neocolonial como visam também atingir e entravar o desenvolvimento do processo revolucionário em Portugal.

O PCP considera que o eventual envolvimento de soldados portugueses em vastas acções militares em Angola, objectivo também visado pelas acções de terrorismo já apontadas, não serviria nem a luta libertadora do povo angolano, nem o desenvolvimento do processo revolucionário em Portugal.

O êxodo precipitado para Portugal de milhares de famílias portuguesas radicadas em Angola em virtude das acções terroristas, acrescentando novas dificuldades e novos problemas económicos, sociais e políticos ao nosso povo, deve, a nosso ver, ser encarado com a maior serenidade pela classe operária e por todas as forças progressivas do nosso país. Deve, contudo, manter-se a maior vigilância a fim de impedir a eventual exploração por parte da reacção das dificuldades e consequências negativas desse precipitado fenómeno migratório com vista a forjar dificuldades suplementares ao trabalho e luta do povo Português na construção do novo Portugal democrático a caminho do Socialismo.

3. O PCP, fiel à sua consequente Política internacionalista de apoio à luta libertadora dos povos coloniais, reitera a sua solidariedade ao povo irmão de Angola e, em particular, ao MPLA, certo de que as actuais dificuldades serão vencidas e de que o povo angolano, com a fraternal ajuda e solidariedade do povo português, conquistará finalmente a completa liberdade e independência a que tem indiscutível direito.

O PCP apela também à classe operária internacional, às organizações e povos de todo o mundo, a manifestarem, através das mais diversas acções, a sua solidariedade e apoio à justa luta do povo de Angola.