1. O Partido Comunista Português considera
que o agravamento da situação em Angola ensombra a perspectiva
da via pacífica para a libertação e independência
do povo angolano e é motivo de grande preocupação para
todos aqueles que vêem o processo de descolonização iniciado
com o 25 de Abril de 1974 inteiramente relacionado com a marcha do processo
revolucionário em Portugal.
A reacção e os monopólios, batidos sucessivamente no
28 de Setembro e no 11 de Marco, fortemente feridos com as vitórias dos
povos da Guiné-Bissau e de Moçambique, com as nacionalizações
da Banca, seguros e sectores fundamentais da economia nacional e também
com as medidas da Reforma Agrária, acantonam-se desesperadamente no reduto
do neocolonialismo em Angola.
Explorando a fundo a complexa situação existente neste rico
país do continente africano, onde estão implantados fortes interesses
imperialistas que não estão dispostos a desistir da continuação
da exploração colonial, os agentes da reacção nacional
e internacional, apoiados em elementos corruptos, provocam por meio de acções
terroristas uma situação de instabilidade, confusão e alarmismo
entre o povo angolano e entre os 600 000 portugueses ainda ali existentes.
2. O Partido Comunista Português considera
que os actos de terrorismo registados em Angola nos últimos tempos, os
massacres e as violências perpetrados contra as populações
de vastas zonas do território angolano, por mercenários agentes
do neocolonialismo, visam não só a sujeição do povo
de Angola a novas formas de opressão e exploração neocolonial
como visam também atingir e entravar o desenvolvimento do processo revolucionário
em Portugal.
O PCP considera que o eventual envolvimento de soldados portugueses em vastas
acções militares em Angola, objectivo também visado pelas
acções de terrorismo já apontadas, não serviria
nem a luta libertadora do povo angolano, nem o desenvolvimento do processo revolucionário
em Portugal.
O êxodo precipitado para Portugal de milhares de famílias portuguesas
radicadas em Angola em virtude das acções terroristas, acrescentando
novas dificuldades e novos problemas económicos, sociais e políticos
ao nosso povo, deve, a nosso ver, ser encarado com a maior serenidade pela classe
operária e por todas as forças progressivas do nosso país.
Deve, contudo, manter-se a maior vigilância a fim de impedir a eventual
exploração por parte da reacção das dificuldades
e consequências negativas desse precipitado fenómeno migratório
com vista a forjar dificuldades suplementares ao trabalho e luta do povo Português
na construção do novo Portugal democrático a caminho do
Socialismo.
3. O PCP, fiel à sua consequente Política
internacionalista de apoio à luta libertadora dos povos coloniais, reitera
a sua solidariedade ao povo irmão de Angola e, em particular, ao MPLA,
certo de que as actuais dificuldades serão vencidas e de que o povo angolano,
com a fraternal ajuda e solidariedade do povo português, conquistará
finalmente a completa liberdade e independência a que tem indiscutível
direito.
O PCP apela também à classe operária internacional, às
organizações e povos de todo o mundo, a manifestarem, através
das mais diversas acções, a sua solidariedade e apoio à
justa luta do povo de Angola.
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